Thursday, November 16, 2006

E agora para algo desesperadamente triste

Enquanto todos nós levamos as nossas vidinhas, duas miúdas pré-adolescentes vivem uma tragédia desde a noite de sábado. Viram o pai e a mãe esmagados - e a avaliar pela descrição que alguns jornais fizeram, a visão era daquelas em que o adjectivo "dantesco" está longe de ser hiperbólico - por um automobilista que aparentava desconhecer o Código da Estrada, e de seguida viram-se envolvidas numa guerra familiar na qual ninguém quer dar o braço a torcer. Quais Montéquios e Capuletos da Área Metropolitana de Lisboa, os avós maternos e paternos não se entendem quanto à custódia das netas e não encontraram melhor solução do que separá-las. Uma encontra-se agora nos Olivais e a outra rumou à Margem Sul. Obviamente deveriam fazer o terrível luto juntas, mas para isso seria necessária uma dose de concórdia que não há à venda em nenhum hipermercado ou loja de "hard discount". Não me atrevo a imaginar qual será a melhor forma de ultrapassar a solução salamónica actualmente em vigor. Permito-me apenas citar os últimos versos do poema mais conhecido do homem que dá nome à rua na qual escrevo estas linhas: “E uma infinita tristeza/ Uma funda turbação/ Entra em mim, fica em mim presa./ Cai neve na Natureza./ E cai no meu coração."

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