Sunday, January 14, 2007

Contagem decrescente de reflexão

"(...)Mas Ana, que já fez quatro abortos, acha o preço demasiado alto. Mais de 200 contos, em moeda antiga, ainda é dinheiro. Pega na agenda e lliga a Joana (nome fictício), a enfermeira que lhe fez o primeiro desmancho, hoje retirada da actividade. Foi um aborto indolor, ao contrário do terceiro, em que a morte chegou a passear-se pelo quarto.”

in "Os Preços do Aborto", reportagem de Paulo João Santos, publicada na edição de sábado do "Correio da Manhã".

Permitam-me um breve comentário ao caso de Ana (nome obviamente fictício), que já fez quatro abortos e encara diferentes soluções para levar a cabo um quinto. Sem almejar à omnisciência, parece-me inquestionável que o principal método de contracepção que utiliza é mesmo o aborto. Apesar do meu voto no referendo de 11 de Fevereiro, garanto não querer ver nenhuma mulher presa por encomendar a expulsão de um feto alojado no seu ventre. Isto em regra geral. Nos casos como o de Ana - e, tal como as bruxas, "que los hay, los hay" - não tenho assim tanta certeza.

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