Tuesday, February 20, 2007

Como eu descobri a razão de um dos maiores flagelos da Humanidade


Na manhã de segunda-feira meti os pés na via pública à hora habitual. Ao contrário de boa parte dos habitantes de Portugal, esse país de construtores de pontes em que os pilares correspondem ao fim-de-semana e aos feriados, não tive a possibilidade de ficar a dormir até mais tarde e rumei para mais uma sessão do curso de Gestão de Empresas que o ministro Vieira da Silva teve a gentileza de me ofertar. Fui acompanhado na ignomínia por um formador e dúzia e meia de colegas e a segunda-feira até prometia decorrer sem incidentes de maior. Pelo menos até às quatro da tarde, quando um dos qualificados à procura de emprego que mais se tem destacado naquela sala com vista para a Avenida 5 de Outubro entendeu por bem iluminar o resto da turma com o seu vasto conhecimento acerca da multinacional Nestlé. Esta, segundo a supracitada fonte, é uma empresa que está à beira da ruína, sendo o melhor exemplo disso a fraca qualidade do seu leite em pó Nido. Até porque, ainda segundo o qualificado desempregado, as latas de Nido que são enviadas para o Terceiro Mundo não têm leite mas sim outra substância que urge identificar. Por essa altura da conversa um elemento menos iluminado da turma retorquiu que provavelmente a única diferença era a percentagem de gordura contida no leite em pó destinado a esses mercados. Debalde. O meu colega de curso, embalado pela sua convicção - partilhada horas antes - de que existe uma relação directa entre o tratamento por "você" dos progenitores e o nível de educação, prosseguiu nas acusações à Nestlé. E foi assim que fiquei a saber que "é por isso que em África há tantas crianças subnutridas". Ouvi isto, levantei-me e fui atirar água fria à cara. Quando regressei à sala estava mais calmo e espero agora que o destino permita que um dia desses cruze o meu caminho com o do vocalista dos U2. Bono tem que saber a verdade e fazer alguma coisa para resolver o problema provocado pelo malvado Nido.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home

d