Tuesday, July 18, 2006

Para acabar de vez com os Torquemadas

O Pedro Correia lembra hoje, nas páginas do “Diário de Notícias”, uma das mais importantes tomadas de posição que a direita portuguesa conheceu nos últimos anos. Num artigo publicado na revista “Atlântico”, António Pires de Lima escreveu algo tão importante que deve ser repetido mil vezes até que os inquisidores de serviço - há muitos na direita, mas na esquerda estão longe de ser menos numerosos - consigam entender: o respeito pela liberdade prevê “cada homem e cada mulher a viver de acordo com os seus critérios sempre e quando não choquem com os direitos dos outros”. Parece simples, mas infelizmente basta ouvir os mais próximos de Ribeiro e Castro para concluir que há um longo caminho a trilhar. “Um partido não confessional deve ser o primeiro a propor leis de união de facto que garantam aos homossexuais todos os direitos que não firam os direitos dos outros”, escreveu o deputado do CDS/PP. O mesmo que, contra aqueles que seguem a ala mais conservadora da Igreja Católica como se tivessem um “chip” no cérebro, afirmou o seguinte: “Um partido preocupado com os eleitores e sensível às suas preocupações não pode, não pode mesmo, distinguir-se pela ausência de propostas no debate da procriação medicamente assistida e votar olimpicamente contra qualquer proposta em discussão. Que pensarão de nós os 500 mil casais que há 20 anos esperam regulação em matéria tão sensível?”
Acredito demasiado no primado do indivíduo sobre o grupo para assinar o cartão. Nem nos tempos de Paulo Portas pensei seriamente em fazê-lo. Mas com António Pires de Lima à frente do CDS/PP ser-me-ia difícil não sair na estação de metropolitano do Rossio e escalar a Rua da Madalena com uma esferográfica no bolso da camisa.

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