O mais estranho da noite no Alvalade XXI
Estava eu sossegado no meu lugar de coxia na 21.ª fila do sector B25 quando ao meu lado tomaram assento três cavalheiros que pareciam estar perdidos. Por instantes a minha paranóia bushista levou-me a equacionar a hipótese de atentado da Al-Qaeda, mas logo percebi que se tratavam de brasileiros que aparentavam ter sido enviados de uma nave marciana para aquelas bancadas pintadas de verde e branco. Um deles ganhou coragem para me perguntar se “os do Benfica eram os de azul", ao que lhe expliquei que a outra equipa era o Inter de Milão. Erro crasso! Logo fui inquirido sobre qual dos futebolistas que corriam no relvado era o Kaká. Seguiu-se uma breve palestra sobre a existência de dois clubes rivais na cidade de Milão e ainda uma explicação sobre o motivo que levou à realização daquele jogo, para o qual os referidos cidadãos haviam recebido bilhetes da empresa para a qual trabalham. Cumprido o meu papel de bom samaritano, recebi a recompensa: o meu principal interlocutor, confesso fanático do Fluminense, torceu à grande e à sul-americana pelo Sporting - sobretudo por Deivid, Nani e Carlos Martins -, sem poupar em expressões como “boa bola!" ou "vai menino!". De tal forma que, quando Bruno Paixão pensou marcar penálti na sequência de uma pantominice do internacional brasileiro Adriano, liderou o sector em que nos encontrávamos com gritos de “juiz ladrão!". Não sem antes perguntar se em Portugal era permitido chamar nomes ao árbitro. Sosseguei-o de imediato e expliquei-lhe que essa era uma tradição dos adeptos do meu clube. Suspeito que hoje à noite passou a haver mais um sportinguista.
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