Abaixo de Snoopy
Lidei de perto com João Cravinho quando era jornalista do "Público" e ele respondia pela alcunha de "superministro" de António Guterres, enquanto titular da pasta do Equipamento, Planeamento e Administração do Território. Desses anos guardo a memória de um homem capaz, recto e com amor ao seu país. Enquanto a maioria dos seus colegas seguiam a lógica do processo de diálogo em curso, Cravinho tentava fazer algo, nomeadamente a reforma de diversos sectores e mega-empresas ou a tentativa de transformar Portugal numa plataforma giratória cujas infra-estruturas lhe permitissem servir de ponto de comunicação de pessoas e mercadorias entre três continentes. Nem sempre acertou, mas esse é o ónus que recai sobre as pessoas que agem. Por tudo isto, e ainda pelo respeito que os seus cabelos brancos merecem, fiquei estupefacto ao ler notícias que reproduzem afirmações do primeiro-ministro José Sócrates acerca do pacote anticorrupção que o ainda deputado socialista preparou antes de rumar ao "exílio londrino" na administração do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento. Tudo é discutível em democracia, mas a simples noção de decência deveria ter feito com que o engenheiro Pinto de Sousa se privasse de fazer a curta viagem do Palácio de São Bento até ao edifício Heron Castilho ouvindo no autorádio da viatura oficial registos magnéticos em que a sua voz adjectiva de "asneiras" as propostas de um companheiro de partido. Mas suponho que isso seria pedir demasiado.
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