Monday, November 06, 2006

A propósito da pena de Saddam

Querem saber o que é um verdadeiro atraso civilizacional? O limite de 25 anos para as penas de prisão estabelecido em Portugal. A obsessão pela recuperação dos bons selvagens e a inculcação da teoria da culpa da sociedade levam a que indivíduos dotados de uma crueldade sem limites possam voltar a exercer a sua arte depois de longas temporadas em que aprimoram métodos em contacto com outros facínoras. Sem querer entrar no absurdo de imaginar o julgamento de Saddam Hussein neste nosso rectângulo, relembro que o norte-americano Charles Manson (candidato a liberdade condicional a partir do próximo ano, quando cumprir a provecta idade de 73 anos - ainda assim muitos mais do que aqueles que a actriz Sharon Tate e outros incautos californianos puderam viver) seria, na melhor das hipóteses, condenado a 25 anos pelos hediondos crimes de que foi mandante, pelo que já andaria em liberdade. Sendo a pena de morte assaz discutível - ainda que, por ironia do destino, aqueles que mais a vociferam costumam ser os que menores dúvidas têm quanto às condições em que é lícito o recurso ao aborto -, nem que seja devido aos erros judiciais e à possibilidade de novas provas levarem à absolvição de condenados, não tenho o menor problema em afirmar que a prisão perpétua é a solução mais correcta para proteger as sociedades de criminosos que conjugaram premeditação, crueldade e reincidência nos seus actos. Isto vale para ditadores sanguinários depostos e para quem nunca consegue maior glória do que aparecer na capa do "Correio da Manhã".

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