Thursday, December 07, 2006

Crónica do descalabro sportinguista

O Sporting quase me levou às lágrimas na noite de terça-feira.
Não pela derrota. Depois da exibição de sexta-feira (e das vitórias tangenciais na Madeira e na Figueira da Foz) exorcizei quaisquer ilusões quanto às possibilidades de o actual plantel superar-se quando é mais necessário. Por isso mesmo até encarei com naturalidade que a minha equipa já estivesse a perder por dois a zero quando atrasado cheguei à casa materna. Mesmo assim sentei-me frente à pequena televisão e até senti uma vaga faísca de esperança quando o improvável Bueno reduziu a desvantagem. Mas a primeira parte acabou e depois do intervalo não demorou muito para perceber que o número de jogadores do meu clube em campo era inferior à soma das parcelas. Não tendo poderes sobre-humanos para alterar a tragicomédia em curso desviei a minha atenção para o jantar, aqui e ali interrompido por telefonemas solidários da minha engripada "better half" e mensagens escritas oriundas da Serra Leoa - onde um sportinguista desiludido não tinha melhor opção do que ir seguindo o Chelsea-Levski num canal de desporto sul-africano -, convencendo-me sem resistência de maior a ficar conformado com o ingrato desfecho.
O meu plano corria às mil maravilhas. A sopa e o empadão estavam bons e nem as constantes invasões da mesa por parte da pequena gata (arraçada de pantera negra) Muana conseguiam tirar-me do sério. Mas a certo momento reparei numa coisa assaz estranha: a minha benfiquista progenitora estava a torcer pelo Sporting, ficando cada vez mais enervada (o que não é propriamente muito bom para quem tem um historial de problemas cardíacos) enquanto lamentava a falta de sorte no cabeceamento de Liedson que foi à trave ou questionava o défice de rapidez de execução dos médios. Perante tamanha demonstração de amor de mãe vi-me forçado a voltar a interessar-me pelo que acontecia no relvado do Alvalade XXI e houve um momento em que dei por mim a ficar emocionado.

(mas não cheguei a chorar, até porque, tal como Moscovo, a minha mãe não acredita muito em lágrimas)

O que vale é que os russos marcaram o terceiro e a partir daí foi só contar os minutos até ao fim.

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