Wednesday, December 20, 2006

Ela, nem a morte supunha


À hora que escrevo este "post" não sei se há indícios suficientes de que algum dos dois suspeitos em poder da polícia britânica é o responsável pela morte de cinco jovens prostitutas em Ipswich. Espero, no entanto, que assim seja. Do terrível caso retenho que as autoridades foram céleres e diligentes na tentativa de enfrentar uma ameaça contra cidadãs que não há muito tempo atrás estariam indefesas por não pertencerem às fileiras da "regular honest people". Mas aquilo que mais me chocou foi a constante divulgação de imagens da última viagem de comboio de Anneli Alderton, uma prostituta de 24 anos, grávida de três meses, ainda não excessivamente vencida pela dureza da sua vida. A câmara de vigilância da carruagem guardou anódinos minutos da existência de uma mulher de cabelo louro apanhado, com trajes mais práticos do que propriamente entusiasmantes e uma mala onde se adivinha poderem estar arquivados preservativos, cosméticos, material de limpeza, eventuais acessórios para clientes que disso gostem e a carteira que no final da noite deveria ficar mais pesada. Observando as imagens é possível imaginar o que Anneli pensou com os seus botões durante aquela última viagem. Talvez se lembrasse das contas para pagar, das preferências dos "habituais", da criança que tinha a possibilidade de deixar nascer apesar de todos os inconvenientes imediatos de tal decisão, do frio atroz que enfrentaria na rua entre cada prestação de serviços. É plausível que tudo isto lhe tenha passado pela cabeça. De que estava a viver as derradeiras horas de vida é que não. Por isso é que as imagens da sua viagem no comboio são mais pornográficas do que qualquer coisa que Anneli tenha feito ao longo da sua curta vida.

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