Vão-se os Ralha, fica o Hobbes
Ao longo das quase duas décadas de vida do "Público" houve duas constantes: a insana repetição das tiras "Calvin & Hobbes", ignorando o facto de o criador se ter fartado das suas criações há muitos anos, e a permanente presença no diário da Sonae de representantes de um dos nomes de família que menos peso dão às Páginas Amarelas. A primeira foi a ilustradora e gráfica Ivone Ralha, fundadora do diário então liderado por Vicente Jorge Silva. Quando eu apareci em 1995, menino e moço, perguntaram-me se era parente dela. Tanto quanto sabia, e continuo a saber, não existe qualquer grau de parentesco. Mas passámos a ser dois. Seguiu-se a minha irmã Diana - para agravar as coincidências, a Ivone tem uma filha com o mesmo nome -, que aparecia ao final da tarde para importar, com uma rapidez de manuseamento do Excel perturbadora, os dados da Bolsa de Valores de Lisboa. Nas vésperas da chegada de 2000 encetei uma demanda de redacções distantes da qual não me arrependo, não obstante todos os perigos e guerras esforçados que tal mudança de rumo acarretaram. A Diana foi promovida de "menina das bolsas" a jornalista da editoria de Economia. A certo momento coleccionou manchetes. Mas apareceu a Carolina. Quando a minha irmã regressou da baixa de gravidez tinha os seus pertences empacotados e guia de marcha para o Local Lisboa. A despromoção era evidente mas, comprovando as teorias do professor Darwin, a Diana adaptou-se à nova realidade, pelo que continuaram a haver dois representantes dos Ralha no "Público". Mas num dia igual a tantos outros a Ivone decidiu tentar a sorte no "Diário de Notícias". Restava a minha irmã. Já não resta. Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida. O "Público" ficou sem nenhum Ralha. E a não ser que a Ivone regresse numa manhã de nevoeiro está quebrada uma tradição mantida entre 1990 e 2007.
2 Comments:
O público fica decididamente mais pobre.
De uma coisa tenho certeza:
os Ralhas num vão chorar!
Além do mais... com leite derramado sempre se pode fazer yógurte, manteiga ou o que for que ajude a engolir estes novos públicos.
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