E agora uma apologia do perjúrio
Qualquer pessoa que já tenha sido testemunha num caso em que o autor ou réu seja seu familiar pode dizer aos restantes mortais que não se trata do prato mais fácil de digerir no cardápio. Gerir a obrigação (moral ou pelo menos legal) de dizer a verdade com a expectativa dos efeitos que essa verdade terá na sentença é sempre difícil e ainda mais árduo se torna quando está em causa um crime de sangue. Dito isto, continua a parecer-me inacreditável que o filho do cabo Costa tenha dito em tribunal que não se recorda se o pai admitiu a autoria das mortes das pobres moças de Santa Comba Dão num telefonema feito logo após a sua detenção. Repare-se bem no teor do telefonema. Seria plausível que o filho do cabo Costa se esquecesse das considerações paternas acerca da decoração da cela, da qualidade da comida, da simpatia dos guardas prisionais, mas ao afirmar que não se recorda se o responsável pela sua existência admitiu ser um assassino, a testemunha gozou com o tribunal e deveria receber a devida punição. Para defender o progenitor seria, paradoxalmente, mais honesto optar pelo perjúrio.
1 Comments:
Atenção ao desafio que te lancei no Corta-Fitas, Leonardo. Abraço
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