Cuidado minha gente, cuidado justamente com as interpretações
Hesito em dirigir-me a alguém tão importante para aquilo que hoje sou. Quando me lembro dos anos 80 grande parte da banda sonora que acompanha as imagens do filme é da autoria de Sérgio Godinho, enorme poeta da música que está para Portugal como Brel para a França (apesar do detalhe do local de nascença) ou Buarque para o Brasil. Apesar da ideologia do Sérgio - peço desculpa mas não consigo recorrer a um tratamento mais formal - ser, a meu ver, tragicamente errada, não tenho dúvidas em colocá-lo como uma das principais figuras da cultura portuguesa dos séculos XX e XXI. E é por isso que, a propósito da sua indignação (assaz compreensível) ao perceber que defensores do "não" utilizaram o "Espalhem a Notícia" num tempo de antena, me atrevo a dizer-lhe algo muito simples: uma das vantagens/desvantagens da criação artística é que, a partir do momento em que aceitamos partilhar a obra com os outros, deixamos de ser os exclusivos proprietários do seu sentido e sujeitamo-nos a que outros percepcionem a obra de uma forma radicalmente distinta da nossa.
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