Palavras de uma defensora da dignidade da mulher
"Ao discutirmos esta questão assim, desligada de qualquer outro programa de prevenção, como existe na Noruega — a Noruega tem um importante programa de prevenção das mutilações genitais femininas —, parece que estamos a ter uma atitude xenófoba. Ontem, um jornalista da RDP África telefonou-me para que eu, como relatora da comissão, dissesse qualquer coisa sobre o problema, tendo-me colocado a questão da seguinte forma: «Diga lá por que é que o Parlamento português vai criminalizar uma prática cultural?» Foi assim!"
"É verdade que é uma barbaridade! Mas, agora, temos de ir junto das mulheres que pertencem a essas comunidades para ver o que pensam e reflectir sobre como há-de tratar-se o problema. É uma barbaridade, não tenho dúvidas absolutamente nenhumas sobre isso. Mas repito que temos de ver como há-de tratar-se a questão, e não é desta forma, através da tipificação de crime."
"Aliás, há uma forma de tratar este problema através da educação sexual, o que os senhores não querem! Este problema tem de ser tratado através da educação sexual ministrada nas escolas para que, desde pequeninas, as crianças comecem a não aceitar esta prática bárbara e selvagem."
in Diário das Sessões da Assembleia da República
No dia 5 de Março de 2004 foi debatido um projecto de lei do CDS-PP que visava tipificar o crime de mutilação genital feminina no Código Penal. Entre aspas estão três intervenções da deputada comunista Odete Santos, a qual praticou a habitual táctica do "sim, mas" utilizada por grande parte dos autoproclamados defensores da dignidade da mulher em tudo o que tenha a ver com multiculturalismo. Ao relembrar estas frases não pretendo afirmar que Odete Santos se está borrifando para as guineenses e outras imigrantes em Portugal que são vítimas desta miserável prática. Muito pelo contrário: aceito pacificamente que ao longo da sua vida terá lutado muito mais pelos seus direitos do que o autor deste blogue. Mas o facto é que ainda assim aceitou a utópica noção de que basta dar educação sexual às meninas para as salvar de uma desgraça que o tal repórter da RDP-África considerava uma "prática cultural".
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