With a little help from their friends
Um bom filme ou um bom livro têm em si o sortilégio de fazer rir e chorar. Francisco Louçã garante 50 por cento deste efeito: ouvi-lo falar tanto provoca saborosas gargalhadas quanto arrepios de terror perante a improvável hipótese de alguém tão autoritário e intolerante em relação às ideias alheias possa um dia participar da governação de Portugal. Tive essa reacção quando o parece-que-é-mas-não-é líder bloquista proclamou que urge impedir que a objecção de consciência dos médicos "obstaculize" o acesso ao Serviço Nacional de Saúde das mulheres interessadas em "interromper" a gravidez. E como se atingirá tão nobre objectivo? Saneando todos os profissionais de saúde que não concordem em fazer abortos? Limitando o acesso aos hospitais públicos a quem jure por sua honra que aspirará qualquer feto com menos de dez semanas, sejam quais forem as circunstâncias? Isto talvez seja um nadinha controverso, mas há que reconhecer que a marcha do progresso faz sempre algumas vítimas. A não ser, claro está, que Francisco Louçã aproveite o facto de o ministro Correia de Campos ser seu cunhado-de-facto para, num jantar de família, convencê-lo da bondade de resolver o problema através da importação em massa daqueles magníficos médicos cubanos que "el comandante" espalhou pela Venezuela e Bolívia para aumentar a popularidade dos seus "franchisados" em certos segmentos-alvo do eleitorado.
2 Comments:
Se não havia escassez de médicos, enfermeiras e parteiras para fazer aborto clandestino, suponho que os também não haverá para o aborto legal. Dê lá por onde der 60% da população votou sim. Pode-se supor que igual percentagem de médicos tenha votado sim. Alguem se há-de arranjar.
De acordo. Quero é ver se a posição de um médico acerca da bondade de abortar seja-lá-por-que-motivo tornar-se-á critério de selecção e de permanência em funções no SNS do frei Louçã.
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