Monday, February 12, 2007

Portugal, 12 de Fevereiro

A legítima decisão da maioria dos meus concidadãos que se deram ao trabalho de ir votar não me agrada. Problema meu. A partir de agora o aborto até às dez semanas está completamente liberalizado - ou despenalizado, caso prefiram - e temos todos a compensação de que não iremos ouvir mil vezes ao dia os chavões "vão de escada", "coisinha de nada" e "opressão da mulher". Espero que o lado vitorioso tenha consciência - tal como o lado que foi derrotado - de que nada mudou: se de facto somos todos contra o aborto há que apostar no esclarecimento dos portugueses. É fácil culpar o Estado Novo pela deficiente educação sexual que provoca tantas gravidezes indesejadas mas quem o faz encontra-se em absoluto "state of denial": uma vasta percentagem dos portugueses sexualmente activos nasceram depois de os retratos de Salazar e Marcello terem sido retirados das paredes. Ao longo de três décadas, por culpa dos partidos do arco da governação e por falta de capacidade daqueles que não o integram, pouco se fez. E agora temo que seja ainda maior a tentação para que nada se faça.

1 Comments:

Blogger just me said...

Esse é exactamente o meu medo!
Também tenho curiosidade em saber se daqui a um ano vão fazer um apanho sobre os resuktados práticos deste referendo. Abortos clandestinos, crianças para adopção, crianças abandonadas, mulheres mal tratadas, etc e tal!

2:23 PM  

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