Thursday, July 26, 2007

Eu pecador me confesso

Inventei um "sketch" estrondosamente blasfemo. Tão blasfemo que nem sequer me atrevo a reproduzi-lo aqui. Limito-me a anunciar que a sua transposição para suporte audiovisual implicaria sapatos de "tap dance", muita água e um actor vestido de modo a parecer uma personagem bíblica que há umas décadas concorreu em popularidade com John Lennon.

Wednesday, July 25, 2007

Parvoíce já testada (com razoável sucesso) na redacção

Será a procriação medicamente assistida um tipo de fantasia sexual em que o casal copula enquanto uma ou mais pessoas vestidas com bata branca assistem, atribuindo nota artística no final do acto?

Tuesday, July 24, 2007

Novidades só no correio

Ao contrário da esmagadora maioria dos mortais, aos quais são endereçadas as enganadoras cartas com os dizeres "você poderá já ter ganho um milhão", tive hoje a felicidade de encontrar boas notícias para a amortização do meu empréstimo bancário na caixa do correio. É só pena que o montante só ultrapasse a fasquia do milhão na pretérita moeda oficial portuguesa.

Monday, July 23, 2007

Curta homenagem à gata Iris

Os abismos da alma humana são insondáveis. Ontem dei por mim a lembrar-me de quando eu e a minha irmã aproveitávamos a missão de dobrar cobertores para transformá-los num parque de diversões para a gata siamesa Iris, cujo despotismo iluminado e de garras afiadas governou a casa da minha mãe durante mais de uma década. A Iris, ainda jovem felina, adorava tentar agarrar-se ao cobertor enquanto lhe dávamos umas valentes sacudidelas, ficando cada vez mais furiosa (e ao mesmo tempo animada) com as nossas tentativas de lhe impedirmos a permanência na lã assaz mais felpuda do que o pelo raso de que a genética a dotara. A Iris morreu de cancro há mais anos do que eu consigo contar, mas até ao final da doença não perdeu a altivez que nos impedia de reagir - ao contrário do que fazíamos com os seus descendentes, intimados de forma musculada a regressar ao chão - quando ela subia à mesa de jantar e esperava com suprema paciência uma dúzia de segundos por uma oferenda, se possível em forma de frango assado, à deusa egípcia que ela julgava ser. Ultrapassado o limite temporal, fazia uso da destreza transmitida em milhares e milhares de gerações e, com um golpe seco da pata dianteira, apoderava-se de almoços e jantares alheios. Ainda hoje trago nas mãos restos, quase invisíveis, de cicatrizes provocadas por tentativas de a contrariar.

Quase me imagino como um dos últimos a sucumbir à "invasion of the body snatchers"...

Serei eu o único ser humano a aperceber-se das crescentes e perturbadoras parecenças, acentuadas pelos respectivos cortes de cabelo, entre José Castelo Branco e Victoria Beckham?

Friday, July 20, 2007

Portugal estará de esperanças?

Quando ouvi José Sócrates anunciar que estava muito preocupado com a baixa taxa de natalidade, temi por segundos que o primeiro-ministro não resistisse ao impulso de instruir aos compatriotas que se fossem fornicar. E a verdade nem andava longe disso: lá foram anunciados mais uns euritos mensais às mulheres portuguesas que optarem pela prossecução voluntária da gravidez.

Sunday, July 15, 2007

Mais um "post" destes e ainda compro um busto do Sá Carneiro

Provável grande derrotado destas eleições intercalares? José Sócrates, sem sombra de dúvida. Não concebo que uma eventual alteração na liderança do PSD possa enfraquecer ainda mais esse partido.

Prognóstico antes do final do "jogo"

E se tudo continuar igual? Tendo em conta que José Couceiro não vê razão para abandonar o cargo de seleccionador nacional na sequência de tudo o que se passou no Canadá, quem garante que o presidente de um partido com ambições de governar Portugal retirará ilações caso o seu candidato à principal autarquia do país fique abaixo dos 15 por cento...

Man with a one track mind (depois de passar pela mesa de voto)

Se o esquerdismo é a doença infantil do comunismo, não será o mendismo a doença senil do nogueirismo?

Abstencionistas, como eu (desta vez, pelo menos) vos compreendo!

Dentro de minutos percorrerei os corredores da Escola Secundária Filipa de Lencastre, aqueles que visito em certos e determinados domingos. Mantém-se alguma indecisão no meu espírito: deverei eu votar no candidato cuja eleição significa que tive razão ao defender o afastamento da anterior gerência do partido a que vou entregando (as mais das vezes e com decrescente entusiasmo) o meu voto, no candidato cujo (muito, muito relativo) sucesso seria uma notícia agradável para uma das pessoas que me é mais próxima neste Mundo ou no candidato que arrasará aquele que é provavelmente o pior líder da oposição de sempre caso logre obter a segunda posição, a larga distância do antecipado vencedor?

Monday, July 09, 2007

Garanto que noutra vida não pertenci aos The Buggles

Mudam-se os tempos, mudam-se as mudanças: é exequível que noutros tempos alguém tenha cantado "gramophone killed the vaudeville star".

Rua Pinheiro Chagas revisited

Hoje de manhã, ao combinar um trabalho de reportagem sobre as candidaturas às vagas das universidades, dei conta que desde aquelas manhãs que passei na Rua Pinheiro Chagas, carregado de impressos e de incertezas quanto ao futuro que talvez viesse a ser brilhante, passaram de-zoi-to anos! Não sei o que pense disto.

Wednesday, July 04, 2007

E agora uma apologia do perjúrio

Qualquer pessoa que já tenha sido testemunha num caso em que o autor ou réu seja seu familiar pode dizer aos restantes mortais que não se trata do prato mais fácil de digerir no cardápio. Gerir a obrigação (moral ou pelo menos legal) de dizer a verdade com a expectativa dos efeitos que essa verdade terá na sentença é sempre difícil e ainda mais árduo se torna quando está em causa um crime de sangue. Dito isto, continua a parecer-me inacreditável que o filho do cabo Costa tenha dito em tribunal que não se recorda se o pai admitiu a autoria das mortes das pobres moças de Santa Comba Dão num telefonema feito logo após a sua detenção. Repare-se bem no teor do telefonema. Seria plausível que o filho do cabo Costa se esquecesse das considerações paternas acerca da decoração da cela, da qualidade da comida, da simpatia dos guardas prisionais, mas ao afirmar que não se recorda se o responsável pela sua existência admitiu ser um assassino, a testemunha gozou com o tribunal e deveria receber a devida punição. Para defender o progenitor seria, paradoxalmente, mais honesto optar pelo perjúrio.

Os meus hábitos irritantes (1)

Mais vezes do que seria admissível (e uma só vez chegaria para ultrapassar esse limite), digo "tchau, loser!" aos apresentadores de programas no preciso momento em que desligo a televisão antes de sair de casa para ir trabalhar.
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