Wednesday, May 31, 2006

Emídio Rangel é capaz de ter razão

Pergunto-me se o surto de violência em Timor-Leste não passará de uma congeminação de agências de comunicação pagas a peso de gás natural (liquefeito) pela Austrália.

E eu a vê-los chegar

Estive hoje nesse notável microcosmos ao qual chamam chegadas do aeroporto da Portela e, durante a hora e tal que uma amiga recém-chegada do turbilhão timorense levou a convencer a Lufthansa de que havia perdido parte da sua bagagem algures pelo caminho, dediquei-me à observação das centenas e centenas de pessoas que transpunham a porta que marca a fronteira entre as formalidades aeroportuárias e a cidade de Lisboa. Vi um pouco de tudo: alemães carrancudos, famílias xiitas com as mulheres mais velhas de cara tapada, turistas japoneses, brasileiros vestidos com a camisola da selecção canarinha, chineses desorientados... A partir de certo momento entretive-me a adivinhar quantos dos recém-chegados estariam envolvidos em negócios escuros. Sendo eu como sou, não demorei a concluir que entre as 9h00 e as 10h30 de hoje entraram em Portugal mais um punhado de prostitutas oriundas de variadas latitutudes, dois assassinos profissionais e um terrorista da Al-Qaeda. E isto sem falar nos portugueses.

Tuesday, May 30, 2006

A vida social dos jornalistas

Há uma série de lugares de encontro dos jornalistas fora das respectivas redacções. O mais emblemático é o Snob, o mais pós-moderno é o Lux e o mais “interclassista” é rés-do-chão da Avenida de Berna onde funcionam os serviços da Caixa de Jornalista. Desloquei-me hoje à tarde a esse oásis da segurança social portuguesa e consegui, enquanto preenchia os formulários de entrega de despesas médicas, encontrar uma ex-colega do Independente e uma amiga dos tempos da faculdade. Só faltou aparecer um “talent scout” da “Esquire” ou da “Vanity Fair”, mas pode ser que da próxima entrega de recibos tenha mais sorte.

A arte está nas mãos de todos nós

Ontem à noite dei mais um passo na definição do anarcoconservadorismo versão Ralha: realizei uma “intervenção” numa das vaquinhas da Cow Parade. A conselho dos meus advogados serei parco nos pormenores mas posso garantir que nenhuma escultura foi magoada devido ao meu “vaipe” criativo-sentimental.

Monday, May 29, 2006

A vida em sociedade é um jogo

Anuncia-me a minha sobrinha Marta que tenho de ir comer caracóis com a tia para de seguida ela consentir em jantar “sushi” comigo. Sendo apenas mensageira, a miúda de três anos não entra em grandes juízos de valor quanto às preferências culinárias dos tios. Mas depois lá vai admitindo que costuma comer caracóis em casa. Está claro que tenho de a evangelizar no que ao peixe cru diz respeito.

Os homens não choram?

O derradeiro jogo da fase de grupos do Europeu de Sub-21 não trouxe o milagre matemático com que os portugueses sempre sonham e que não raras vezes obtêm. João Moutinho até marcou o golo da vitória mas era demasiado tarde para fazer chegar a bola mais duas vezes às redes teutónicas. O meio-campista do Sporting apareceu nas salas dos telespectadores que ainda acreditavam com os olhos cheios de lágrimas, como que sentindo-se culpado por não conseguir fazer mais. Quando o árbitro terminou o jogo todos choraram, portugueses e alemães, pois o resultado ditara a eliminação de ambas as equipas. Mas o mais inconsolável era o avançado Lourenço, permitindo adivinhar que a eterna esperança do Sporting e das camadas jovens de Portugal temia ter falhado naquele instante a última oportunidade de chegar mais alto do que o destino lhe está a permitir. Realmente “heart-breaking".

A vingança foi terrível

Tal como o excelentíssimo professor Diogo Freitas do Amaral, também começo a ficar bastante farto de observar os esforços de Camberra para livrar-se de Mari Alkatiri, demasiado incómodo para os seus interesses durante as negociações do petróleo do Mar de Timor. Não estando no meu código genético incendiar embaixadas, escolhi uma forma de protesto alternativa: inseri o “Pro Evolution Soccer 5” na Playstation e comandei a selecção portuguesa numa goleada de quatro a um que deixou a equipa dos cangurus a cambalear. Particularmente digno de registo é o facto de três dos golos terem sido marcados pelo futebolista que carrega nas costas o nome mais retirado do Antigo Testamento desde que Roberto Luís Deus Severo (o defesa central Beto) foi expulso das convocatórias de Luiz Felipe Scolari: Luís Boa-Morte.

Friday, May 26, 2006

Chama-se a isto maturidade (segredou-me um amigo a oito fusos horários de distância)

Tenho dado por mim a assobiar uma velha canção do Chico Buarque. Mas não retiro disso as mesmas conclusões que tirei da última vez que passei semanas a assobiá-la.

Tentativa de conto infantil em poucas linhas

Era uma vez um homem tão solitário que comprou duas cadernetas de cromos da mesma colecção para ter com quem trocar os repetidos.

Thursday, May 25, 2006

Viscondes contra-atacam

Para não ficar atrás, Filipe Soares Franco anuncia o regresso de Jorge Cadete ao Sporting.

Piada antibenfiquista da noite*

O Sport Lisboa e Benfica vai apresentar amanhã o segundo reforço para a próxima temporada: o eternamente jovem Eusébio da Silva Ferreira.

*com a devida vénia ao Adelino Cunha

Terceira lição de Relações Internacionais

Os fusos horários são uma tenebrosa conspiração urdida pelas operadoras telefónicas para que haja sempre alguém a quem se possa ligar mesmo nas horas mais improváveis.

Segunda lição de Relações Internacionais

Se tiver os pés e as mãos muito grandes é bastante provável que não seja uma mulher.

Primeira lição de Relações Internacionais

Tenho relativa certeza de que Kofi Annan quer dizer “bica curta” num obscuro dialecto africano.

A realidade está lá (só é preciso vê-la)

Reparei hoje, pela segunda manhã consecutiva, que o passatempo de um dos “homeless” que assentaram arraiais junto ao edifício onde trabalho é tentar completar os Sudoku publicados pelo “Diário de Notícias”. Fiquei tão maravilhado com a descoberta que dei por mim a pensar em oferecer ao pobre homem um dos livrinhos cheios desses “puzzles” matemáticos nipónicos que integra a deslizante montanha de livros que enfeita a minha secretária. Mas depois lembrei-me que ainda há poucas semanas o energúmeno refilou por eu estar a assobiar “Cheek to Cheek” à meia-noite.

Aventuras matinais de Leonardo Ralha

Hoje pela manhã percebi que os meus poderes sobrenaturais continuam em pleno. Consegui mudar um semáforo para vermelho através dos poderes da mente, pelo que consegui evitar 15 minutos de espera pelo autocarro 17 seguinte. Agora vou treinar-me um pouco mais e, se tudo correr bem, é possível que num futuro próximo preveja terramotos e aparições públicas de Manuel Maria Carrilho.

Dúvidas inquietantes logo pela manhã

O “24 Horas” alerta os leitores para a tragédia, o horror, o drama: alguém sodomizou uma cadela no “campus” da Universidade de Aveiro. Pergunto-me que tipo de pessoa será capaz de fazer isto. Terá tomado precauções? Ou, mais precisamente, terá colocado uma coleira antipulgas enquanto executava tão hediondo acto?

Wednesday, May 24, 2006

E agora uma dica para o Paulo Bento

Isto pode até não querer dizer nada, mas o Silvestre Varela joga muito bem na faixa direita no “Pro Evolution Soccer 5”, onde por falta de pagamento de direitos de autor responde pelo nome de Veine. Será mesmo boa ideia emprestá-lo mais uma temporada ao Vitória de Setúbal?

Quarenta cêntimos por cada cinco

Contribuirei agora para aumentar o choque e pavor de Ana Sá Lopes. Também eu, moço com mais de 30 anos (mais precisamente com a idade de Cristo), estou a fazer a colecção de cromos do Mundial da Alemanha. Se o pessoal do “Diário de Notícias” estiver interessado em trocar repetidos aviso que por enquanto tenho poucos, sendo as “estrelas da companhia” o Nuno Valente, o Nuno Gomes e o Ashley Cole.

Dúvida metódica do jornalismo pós-moderno

Se uma agência de comunicação for contratada para tratar de um processo de beatificação será lícito que os seus profissionais fabriquem milagres?

O Papagaio Morto agita as asas

Ficou hoje provado que o responsável (ou responsáveis) pelas citações de blogues no “Diário de Notícias” é uma (ou mais) pessoa(s) dotada(s) de extremo bom-gosto.

Finalmente converti-me aos laranjas

Retiro tudo o que disse ao longo dos últimos anos sobre a Carris. Hoje de manhã recusei-me ao facilitismo de apanhar um táxi, encaminhando-me para a paragem de autocarro. Estava de tal forma destreinado que uma das carreiras que antes ligava a Avenida Almirante Gago Coutinho à Avenida Almirante Reis havia desaparecido entretanto. Mesmo assim não esmoreci e acabei por ser recompensado pelo meu esforço. Dez minutos depois surgiu no horizonte um autocarro vagamente laranja - sendo eu daltónico, não posso jurar que não seja amarelo - e constatei, com imensa alegria, que havia no seu interior espaço suficiente para não entrar em contacto directo com transpirações alheias. Cinco paragens depois fui descarregado na Praça do Chile. São e salvo.
Fiquei tão satisfeito com o sucesso da missão que estou capaz de cometer mais uma loucura nos próximos dias. Depois do metropolitano e do autocarro talvez vá para o trabalho a pé.

Tuesday, May 23, 2006

Mais um para a barafunda blogosférica

Nem me vou atrever a tentar fazer o “link” - a minha incapacidade para tal foi demonstrada alguns “posts” mais abaixo -, mas comunico aos leitores que o camarada-amigo José Eduardo Fialho Gouveia acaba de criar o blogue Mau-Olhado. Um nome que, além de homenagear uma recém-defunta secção do “Independente”, soa muitíssimo melhor do que Conjuntivite...

Mudam-se os tempos, mudam-se as esperanças

Os jornais desportivos garantem hoje que o avançado Yannick Djaló, emprestado ao Casa Pia no primeiro ano de sénior, irá integrar o plantel principal do Sporting na próxima temporada. Não consegui deixar de sorrir ao lembrar-me de um sábado ou domingo em que li no “Record” a seguinte estória: com falta de jogadores para um daqueles desafios de preparação que não interessam a ninguém, “monsieur” Bölöni recrutou uns quantos adolescentes para aguentar os 90 minutos. Um deles era um adolescente (então) guineense, a quem o mais francófono dos romenos que dizem ser húngaros lançou um desafio: se marcasse um golo comprar-lhe-ia uma grade de garrafas de Coca-Cola. Acabou por consegui-lo, recebeu a água suja do imperialismo e durante muito tempo voltou ao esquecimento de que agora está a ser resgatado.
Gosto muito quando uma das jovens esperanças sportinguistas conseguem chegar ao último degrau. Mas sou fanático ao ponto de não conseguir esquecer aqueles que ficam pelo caminho: o extremo Edgar Marcelino deverá terminar a sua ligação ao clube que o foi buscar a Coimbra, tal como sucederá a Valdir ou a Paíto, que ousou abandonar Moçambique para triunfar no futebol verde e branco. Já sem falar no avançado Lourenço, estrela das camadas jovens de Alvalade (ainda não havia Alcochete) ao lado de Carlos Martins, e que talvez nunca volte a ter uma oportunidade para mostrar o seu valor. O futebol, como tudo na vida, pode ser impiedoso.

A vida de Leonardo Ralha (r)

Hoje resolvi inovar. Em vez de atravessar para o outro lado da Avenida dos Estados Unidos, esticar o braço e entrar para dentro de um táxi, escalei vários quarteirões até à Avenida de Roma e encaminhei-me para a estação de metropolitano. Chegado à Praça do Chile, decidi que as maravilhas não teriam fim. Procurei o quiosque da Carris - ainda lá estava, apesar de não o visitar há tantos, tantos anos - e comprei um punhado de módulos. Foram muito mais caros do que estava à espera, mas amanhã tentarei dar-lhes uso: descerei até à Avenida Almirante Gago Coutinho para apanhar um autocarro da carreira 9. Com o dinheiro que pouparei graças aos transportes públicos é possível que dentro de alguns anos possa lançar uma OPA sobre o BPI.

O melhor comentário da noite

Passou quase despercebido no calor do debate, mas levou a que Ricardo Costa subisse 1799 pontos na minha consideração ainda antes de suportar todo o esplendor de má-educação do filósofo excelentíssimo.

MMC - (...) Eu não vivo num estúdio. Eu vivo noutro mundo.
RC - Literalmente.

Desta é que não estava à espera

Só mesmo Emídio Rangel conseguiria este milagre: nas próximas linhas vou defender aquele que, por uma série de motivos, considero o pior director com quem me cruzei ao longo destes anos de jornalismo. Ao contrário do aliado de Manuel Maria Carrilho perante a feroz “matilha”, não considero assim tão sinistro que Miguel Coutinho receba dinheiro da Portugal Telecom. Ele (tal como o igualmente “denunciado” Raul Vaz) fazia parte da direcção do “Diário de Notícias” quando o jornal era detido pela “holding” de telecomunicações, tendo abandonado o cabeçalho aquando da venda a Joaquim Oliveira. Tanto quanto sei, o acordo de rescisão implicou que fosse “absorvido” pela Portugal Telecom, que pouco tempo antes o convencera a abandonar a Recoletos, onde (bem ou mal) dirigia o “Diário Económico”, tendo Raul Vaz como adjunto. Tudo isto parece-me razoavelmente cristalino e tenho dúvidas que sirva de explicação para a hecatombe eleitoral que o ego sobredimensionado de Carrilho tornou inevitável.

O preço das convicções

Manuel Maria Carrilho e Emídio Rangel gastaram largos minutos a repetir o que é evidente: as agências de comunicação tendem a estar prontas a trabalhar com qualquer entidade desde que o cliente esteja disposto a pagar bem pelos seus préstimos. Chamaram a isto ser mercenário. Presume-se que Carrilho e Rangel também não terão os futebolistas profissionais em grande conta.

João César das Neves deve ter rejubilado

Mais para o fim do debate, o indigno manipulador da opinião pública que assegurou a realização do “Prós e Contras” pôs no ar um plano em que Manuel Maria Carrilho mordiscava as hastes dos seus óculos. É provável que esses breves segundos tenham feito mais pela diminuição do número de homossexuais em Portugal do que uma tonelada de artigos de opinião ultramontanos a vociferar a "decadência dos costumes”.

Vão filósofo

A primeira fase do debate ficou marcada pela constante indignação que Manuel Maria Carrilho derramou sobre Ricardo Costa. Entre outros mimos, o candidato humilhantemente derrotado na tentativa de conquistar Lisboa queixou-se de ser “filmado por detrás” [no episódio em que recusou o cumprimento de Carmona Rodrigues]. De seguida acusou o director da SIC Notícias de ser um “instrumento passivo” na tenebrosa conspiração que o impediu de tornar-se presidente de câmara. Dir-se-ia que há uma certa fixação no seu discurso. E, ao contrário daquela do disco da Shakira, nem sequer é oral.

Aviso relativo ao que vem a seguir

Garanto que mais de 70 por cento dos “posts” que escreverei de seguida sobre o “Prós e Contras” não tiveram origem no trabalho de agências de comunicação.

Monday, May 22, 2006

A homenagem devida

Este "post" não tem mais nenhum motivo de ser que não comunicar (com algum atraso) ao Francisco Trigo de Abreu que a sua ausência é sentida. Boa sorte nessa vida nova, camarada.

P.S. - Fica provado que nem em PC sei fazer "links"...

O homem quer é arranjar confusão

Gostei muito de ouvir o apelo de Luiz Felipe Scolari para pintarmos o nome dos seleccionados nas ruas das suas cidades natais. Temo é que Portugal inicie um conflito diplomático assaz complicado com a França e com o Brasil quando tentarem fazê-lo em Estrasburgo (Petit) e São Bernardo do Campo (Deco). Se Freitas do Amaral já anda cansado e com dores de costas...

O mundo é muito injusto

Há voos directos de Lisboa para Veneza e Bolonha, mas não para Florença.

Disto ainda não se lembrou a Paula Bobone

Uma camarada de redacção recebe uma encomenda destinada a alguém que já cá não trabalha. Pergunta-me o que deve fazer com o envelope. À falta de um manual de etiqueta destinado às redacções, arrisco que deverá abri-la e perceber se tem importância (it’s a long shot...) para a edição da próxima sexta-feira. E acrescento que deverá seguir essa regra com toda a correspondência enderaçada aos ausentes que não apresente visíveis marcas de “baton” ou esteja a fazer tic-tac.

Early morning blogger?

Por força das circunstâncias - e a bem do seu criador -, este blogue tenderá doravante a ser madrugador.

Tenho quase a certeza de que não sonhei isto

Gilberto Madail, o eterno presidente da Federação Portuguesa de Futebol, comparou a uma das personagens de “Astérix” numa entrevista ao “Correio da Manhã”. Supostamente está convencido que é o chefe da aldeia.

Saturday, May 20, 2006

Há que actualizar o “ranking”

Depois de ver a actuação de Rita Ferro Rodrigues num directo de uma iniciativa da SIC e do BES naquilo a que Pinto da Costa chama “Estádio de Oeiras”, devo admitir que estava enganado: seja ou não verdade tudo o que dele dizem, Eduardo é bem capaz de não ser o pior que a família tem a oferecer.

Tudo isto em 30 metros quadrados

Ontem fui, numa rua portuguesa, a um restaurante indiano em que o único empregado de mesa era provavelmente russo (e com bigode e altura capazes de suplantar o melhor boneco de John Cleese) mas só conseguia comunicar com os clientes – incluindo um casal de homossexuais espanhóis – em inglês. Foi preciso esperar mais de uma hora pelo Chicken Tikka Massala e pelo Prawn Korma e, duas mesas mais à frente, um quarteto de indianos começaram a ficar de muito mau humor. O mais velho e claramente mais importante do grupo levantou-se e foi refilar com o cozinheiro num idioma do subcontinente, pelo que nada entendi além dos “please” e “sorry”. A Torre de Babel deve ter sido assim mas cheirava menos a fritos.

Friday, May 19, 2006

Um método com resultados garantidos

Há muitos anos que desenvolvi um método para livrar-me dos pesadelos. Quando durante o sono corro perigo ou estou em situações de sofrimento esforço-me por fazer pressão nos olhos e abri-los de repente. Invariavelmente resulta: depois de olhar em volta e verificar que estou no quarto e nada daquilo que sonhei era real, volto a adormecer aliviado.

O mundo segundo Shyamalan

O truque para descobrir se estamos mortos é olhar regularmente para a barriga. Se andarmos sempre com a mesma camisa, como o Bruce Willis em “O Sexto Sentido”, é muito provável que algo tenha corrido mal. Ou isso ou não temos a menor noção de higiene pessoal.

It’s a dirty job but somebody’s got to do it

Uma das características mais interessantes do meu trabalho é o correio electrónico. Afluindo ao meu prezado Macintosh os “mails” que vêem dirigidos a mim, os que se destinam a um suplemento que em má hora deixou de existir e, “last but not the least”, qualquer mensagem que chegue à redacção sem ser destinada a ninguém em particular, cada vez que faço Maça+T sei perfeitamente que irão chegar, consoante o tempo que passou entre a última “checkagem”, entre 100 e 500 novos “mails”. Grande parte destes não têm o menor interesse, havendo no imenso rol um pouco de tudo: ofertas para proceder ao “enlarge”, indicações de onde poderei comprar todo o género de milagrosos fármacos com desconto, agendamentos de conferências de imprensa a anunciar a reabertura do largo principal de uma aldeia perdida no país real, posições políticas de concelhias partidárias and so on. Mesmo assim sinto-me todos os dias um garimpeiro que, por entre tudo aquilo, descobre aqui ou acolá uma denúncia de um leitor que descobriu algo inacreditável e que acabará por tornar-se notícia.

Thursday, May 18, 2006

Mais um a bater no gaúcho

Até agora estive quieto e calado, mas devo admitir que, tal como todos os restantes portugueses, também não concordo com as escolhas de Luiz Felipe Scolari. E, enquanto seleccionador de bancada, até tenho um elenco alternativo pronto a comunicar.

Guarda-redes: Ricardo, Quim e Paulo Santos (uma prenda de carreira para um talentoso irreverente)
Defesas: Paulo Ferreira, Miguel, Ricardo Carvalho, Fernando Meira, Tonel (para os golos de calcanhar), Caneira e Miguelito (não há muitos esquerdinos, pois não?)
Médios: Costinha (não há muita escolha), Petit, João Moutinho (porque a maturidade chega a alguns mais cedo), Tiago, Deco e Hugo Viana
Extremos: Figo, Ricardo Quaresma (contra factos não há argumentos), Cristiano Ronaldo e Boa Morte
Avançados: Pauleta, Nuno Gomes e João Tomás (muito útil para finais de jogo em que o desespero aconselhe a táctica do “chuveirinho”)

Em vez destes vão Bruno Vale, Ricardo Costa, Nuno Valente, Maniche, Simão Sabrosa e Hélder Postiga. Mas pouco importa: sem o Jorge Andrade não deve ser possível levantar a taça...

Notícia de última hora

Escultura bovina desaparecida do Campo Pequeno foi raptada por elementos de uma corrente radical do Opus Dei - basicamente os vilões de “O Código Da Vinci” - em acção de protesto contra a idolatria perpetrada pelos lisboetas aos símbolos pagãos espalhados no âmbito da Cow Parade.

E depois elas é que são loucas

A minha profecia quanto aos efeitos secundários da Cow Parade ainda não se verificou - pelo menos não apareceu nada do género na minha caixa de correio electrónico -, mas ontem à noite chegou o aviso de que uma das bovinas esculturas, originalmente colocada nas imediações do Campo Pequeno, foi raptada por meliantes movidos pelas mais inconfessáveis intenções. Mas quero acreditar que, com a ajuda de todos os lisboetas, a vaca Cowpyright logrará regressar sã e salva.

Um marco na História do Papagaio Morto

Comunico aos interessados que um incauto funcionário público da Costa Rica veio parar a este blogue depois de efectuar uma pesquisa no Google com os termos “senhoritas desnudas”. Não sei se fique mais espantado pelo critério de reencaminhamento do motor de busca ou satisfeito por constatar que noutros fusos horários os assalariados do Estado sem nada melhor para fazer não se limitam a perder horas de vida com aqueles entediantes jogos de paciências.

Wednesday, May 17, 2006

A minha tarde no Palácio da Justiça

Sei perfeitamente que os advogados que representavam os autores do processo de que fui testemunha esta tarde estavam a fazer o trabalho para o qual são pagos. Repeti isso como um mantra e no final tudo correu muito melhor do que teria corrido se não tivesse plena consciência da primeira frase deste “post”.

Fez-se justiça no relvado

Quando Ronaldinho falhou um remate de forma estrondosa e manteve o sorriso apesar de o Barcelona estar em desvantagem percebi que os “blaugrana” tinham forçosamente que ganhar a Liga dos Campeões. E nos minutos seguintes dois golos deram-me razão.

Tuesday, May 16, 2006

Excessiva sucção anula a sucção

A acrítica e acéfala promoção dos canais de Carnaxide à “iniciativa social” da família Medina já me convencera a guardar distâncias da segunda edição do Rock in Rio Lisboa. Mas à medida que a alucinada presença dos jovens profissionais de “infotainment” é cada vez mais constante no pequeno ecrã, pergunto-me se não acabarei por evitar toda a freguesia de Marvila durante os próximos dois anos.

Penso eu de que é por isto que o Alvalade XXI ainda não festejou nenhum título

Olhem bem para a equipa do FC Porto. Helton, Pepe, Paulo Assunção, Raul Meireles, Jorginho e Adriano estiveram para ser contratados pelo Sporting - o central brasileiro até treinou à experiência nos tempos de Bölöni - mas foram todos desviados para o Douro. E ainda há um jovem chamado Ricardo Quaresma.

Aquilo que as estatísticas escondem

Há 4700 portugueses que sofrem de narcolepsia, pelo que adormecem de repente e às horas menos convenientes. Suspeito que o fenómeno tem explicação: os últimos filmes de Manoel de Oliveira nunca andam longe dos 4700 espectadores.

Uma sugestão (de borla) a José António Saraiva

“Essencial” não deixa de ser um lindo nome para um guia semanal de cultura e recreio. No entanto, um semanário chamado “Sol” e que será acompanhado pela revista “Tabu” e pelo suplemento económico “Confidencial” bem podia encontrar um nome mais apelativo. Sugiro humildemente “Trá-lá-lá” ou “Forrobodó”.

Recomendo a certos fulanos sintonizar a Antena 1

Ouvir rádio a desoras tem destas coisas. Passava das três da manhã quando apanhei a meio uma das sempre animadas conversas entre Júlio Machado Vaz e Ana Mesquita. Ainda deu para ouvir um conselho aos moços casadoiros: escolham mulheres com mãos pequeninas, pois assim determinadas coisas parecerão maiores. Palavras para quê? É o serviço público português!

Monday, May 15, 2006

Isso é que será uma verdadeira animação de rua

Dou uma semana para começarem a circular na internet os primeiros vídeos de folgazões a simular “doggy-style” com as inocentes estatuetas da Cow Parade.

Aventuras na manhã lisboeta

O taxista tinha sotaque. Eu arrisquei: “É da Ucrânia?” Ele respondeu que sim. Discretamente procurei a carteira profissional no “tablier”. Não havia. Não me importei. Tinha carta de condução e, com o permanente engarrafamento lisboeta, também não havia grandes hipóteses de colisão. Para ser simpático inquiri de que parte do país vinha. Respondeu que era da região Oeste e pronunciou um nome imperceptível de urbe. Pedi desculpa por não conhecer e disse que mais não conhecia além de Kiev. “E Chernobil?”, acrescentou ele, com um sorriso irónico. Admiti que também já tinha ouvido falar. A conversa até estava a correr bem, embora ele tenha ficado ligeiramente ofendido quando referi que a primeira-ministra Timochenko é fotogénica. Depois mencionei Iushchenko e Ianukovitch mas ele não quis meter-se em politiquices. Estava o trajecto a chegar ao fim quando tive a certeza de que conseguira adaptar-se na perfeição à sociedade portuguesa: um colega de profissão quis enfiar-se na faixa em que nos encontrávamos e ele não hesitou em acelerar para evitar a ultrapassagem e buzinar em sinal de reprovação. Em troca recebeu uns quantos insultos. Perguntou-me o que é que o outro taxista lhe havia dito. Eu, como bom surdo, nada ouvira. “Há muitos malucos aqui”, sentenciou o ucraniano.

Friday, May 12, 2006

Mais uma grandiosa pérola de sabedoria

Groucho Marx dizia que não queria pertencer a nenhum clube que o aceitasse como membro. Eu sou mais radical: evito grandes familiaridades com quem não me pretende ter por perto.

A imparável marcha do progresso

Leio no “Público” que falar ao telemóvel dentro dos novos autocarros que a Carris comprou à Mercedes é desaconselhado. Parece que as chamadas poderão interferir com equipamentos electrónicos do veículo de fabrico germânico. É uma explicação plausível. Mas faço notar que isto sucede numa altura que várias transportadoras aéreas admitem que os passageiros falem à vontade com os que ficaram cá em baixo.

Thursday, May 11, 2006

Mais um “fashion statement”

A dado momento da tarde de hoje resolvi homenagear uma personagem interpretada por Robert Mitchum e escrevi as palavras “Love” e “Hate” nas mãos com uma caneta de gel. Pode ser que a moda pegue.

O lápis azul continua entre nós

Todos os meus dotes de argumentação não chegaram para que o Independente saia para as bancas com o título “Carrilho murcho”.

Recordações de infância

Quando era pequeno gostava muito de histórias como a do Alamo, com umas escassas centenas de heróicos resistentes rodeados de tropas mexicanas por todos os lados menos pelo ar - abstraindo, claro está, as balas de canhão - a aguentar tudo e mais alguma coisa graças à força da vontade e da coragem. Não mudei muito nos últimos anos.

Wednesday, May 10, 2006

As boas notícias existem (temos é que saber procurá-las)

Já está disponível nos melhores “sites” da especialidade o “trailer” de “Lady in the Water”, a nova longa-metragem de M. Night Shyamalan que estreia em Portugal no final do Verão. Bryce Dallas Howard interpreta uma personagem de histórias infantis que aparece na piscina de um empreendimento cujo encarregado é o superlativo Paul Giamatti. Não é preciso saltos de fé para afirmar que podemos esperar algo memorável.

E que vença o melhor... gaúcho

A derrota na final da Taça UEFA foi uma das maiores provações de toda a minha vida de sportinguista. Espero que logo à noite Fábio Rochemback, agora com a camisola do Middlesbrough, vença também por nós.

Cenas que eu gostaria de ver

A intérprete que traduz para linguagem gestual as intervenções de ministros e deputados no Canal Parlamento podia ter um ataque súbito de loucura e começar a traduzir o “Kama Sutra” em directo. Como os surdos-mudos têm alguma dificuldade de telefonar para a TV Cabo a marosca era capaz de demorar umas horas a ser detectada.

Sou capaz de ir a pé a Fátima*

Se o Carlos Martins continuar no Sporting.

*até à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Avenida de Berna, mas para o sacrifício ser maior talvez possa fazê-lo com o “silly walk” dos Monty Python.

Próximo vencedor do IndieLisboa?

Aproveitei a terceira ou quarta ida ao Palácio da Justiça em que não cheguei a ser chamado para testemunhar - para a semana há nova sessão e, não havendo mais ninguém para ouvir, suponho que acabarei por depor - para gravar no telemóvel uma curta-metragem que consiste em 15 segundos dos meus passos nos intermináveis corredores do edifício. Agora falta pedir um subsídio para transpor a minha obra de arte para 35 milímetros.

Tuesday, May 09, 2006

Aparição num oitavo andar da Almirante Reis

O sangue gelou-se-me nas veias quando ouvi que o Dino do “Morangos com Açúcar” estava na redacção do Independente. Afinal era só um indivíduo com um boné alaranjado enfiado na cabeça e com a pala virada para trás. Provavelmente teria ficado mais sossegado se fosse apenas o fantasma do malogrado Francisco Adam.

Talvez por tanto amar a liberdade

Não goste de ver o que tem acontecido no partido que costuma receber a minha cruzinha no boletim de voto.

Este blogue está em contagem decrescente

Será que Abel fica? Será que Nelson renova? E Anderson Polga? E o jovem Ronny, contratado já esta época ao Corinthians, terá maturidade para substituir Caneira? E Caneira poderá ser comprado ao Valência sem ser preciso hipotecar o estádio? Será que Luís Loureiro regressa ao Braga? E quem será o melhor “graduate” da Academia de Alcochete para ocupar o seu lugar: Zezinando ou Miguel Veloso? Será desta que Santamaria, Valdir, Hugo Machado, Edgar Marcelino, Paulo Sérgio e Lourença terminam de vez a ligação contratual à casa-mãe? Carlos Martins e Douala são mesmo incompatíveis com Paulo Bento? Ricardo Sá Pinto faz mais uma época? Varela conseguirá impor-se? Tello é um peso-morto ou um peso pesado? Os três milhões e meio de euros garantidos pela entrada na Liga dos Campeões bloquearão propostas tentadoras por Nani e João Moutinho? Liedson terá um parceiro à altura? Deivid ainda está em “fase de adaptação” ou só sabe jogar aquilo? Até que ponto é possível resgatar Meyong ou Saganowski da Liga de Honra? Estará pronto o mítico adolescente Fábio Paim?
Tantas perguntas. As respostas aparecerão nas próximas semanas. E a seguir as alegrias e sofrimentos de todos os anos.

Monday, May 08, 2006

O passado bate à porta

Leio na penúltima página da edição de hoje do diário “O Jogo” - aquela em que publicam fotografias de senhoritas desnudas na vã esperança de vender tanto quanto o “Record” - que uma professora de um liceu norte-americano foi afastada de funções após ser descoberto que há dez anos participou num filme pornográfico. Alguns alunos defenderam a docente, mas não houve volta a dar: Tericka Dye perdeu o emprego.
Este caso, que ocorreu nos Estados Unidos como poderia acontecer numa escola portuguesa, revela a tacanhez da generalidade das pessoas e a tentação de andar constantemente com o dedo apontado aos outros. Tericka Dye deveria apenas ser despedida se fosse uma má professora. Ou se andasse a convencer alunos e alunas a participar em filmes pornográficos. Tudo o resto tem a ver com o seu passado - no limite poderia até ter com o seu presente, embora conciliar as duas actividades implicasse doses mastodônticas de engenho - e, tendo em conta que não implicou fazer mal a ninguém (suponho que até o Opus Dei concordará que fazer sexo para uma câmara não é a mesma coisa do que agredir ou matar alguém), é apenas da sua conta.

P.S. - Embora pareça, garanto que não fiz nenhum filme pornográfico há dez anos

Piada muito parva e ligeiramente “naughty”

Se o Código Da Vinci por que é que não posso dar duas?

Friday, May 05, 2006

Ide sem demora (mas talvez de estômago vazio)

Quem tiver vontade de apurar até que ponto tem um sentido de humor abrangente deve correr até aos cinemas da Alvaláxia e pagar bilhete para ver “Os Aristocratas”. Trata-se de um inspirado documentário em que dezenas de artistas de “stand up” oferecem as suas versões da piada mais javarda até hoje inventada. A bem da liberdade de expressão ou mesmo da liberdade de sentir-se ofendido.

Post “You had to be there”

Peço desculpa aos residentes mais pacíficos no Prior Velho pelos acontecimentos da noite passada. Mas a verdade é que nos limitámos a responder a provocações.

Thursday, May 04, 2006

Reflexões acerca do novo semanário de José António Saraiva (5)

Leio no “Público” que a revista “Tabu” pretende ser uma “área de descompressão e de sonhos”. Será que os seus criadores retiraram inspiração das páginas de classificados da imprensa diária?

Reflexões acerca do novo semanário de José António Saraiva (4)

Na lista das revolucionárias secções fixas do “Sol” consta a página “Asfalto”, dedicada à reconstituição de acidentes rodoviários e que “pretende ter um cariz educativo”. Em primeiro lugar, juro pela saúde da minha mãezinha que não acabei de inventar isto. E a seguir pergunto-me se “Despiste” não seria uma designação mais adequada.

Wednesday, May 03, 2006

Reflexões acerca do novo semanário de José António Saraiva (3)

Espero que ainda ninguém tenha inventado isto, até porque a estas horas dificilmente poderei registar a “boutade” e viver de “royalties” nos anos vindouros: se o “Expresso” é o “saco de plástico”, então o “Sol” poderá ser conhecido por “astro-rei”...

Reflexões acerca do novo semanário de José António Saraiva (2)

Não resta a menor dúvido de que baptizar a revista com o nome “Tabu” é extremamente inovador. Falta saber se alguns compradores não ficarão irritados quanto perceberem que o seu conteúdo - espera-se... - nada tem a ver com zoofilia ou outras “filias” ainda piores.

Reflexões acerca do novo semanário de José António Saraiva (1)

Ainda falta uns meses para o problema tornar-se real, mas estou convencido que comprar o “Sol” terá o seu quê de pernicioso.

- Dê-me o “Sol”, por favor - pede o comprador que nem conseguiu pregar olhar na noite de 15 para 16 de Setembro.
- Para quê o sol quando temos as estrelas? - responderão os donos de quiosques mais atiradiços, no que acabará por ser um momento embaraçoso recordado pelos intervenientes à hora da morte.

Tuesday, May 02, 2006

Programa para as próximas horas

Escrever o meu artigo de opinião semanal e uma crítica de cinema - conselho de amigo: não correr para as bilheteiras aquando da estreia de “Missão Impossível 3” - com o belo iBook assente numa mesa improvisada, deixando a janela aberta para que entre o ruído dos improváveis quintais que ficam por detrás destes quarteirões bem no centro de Lisboa.

Leonardo Ralha revela os seus segredos

A minha comida de micro-ondas favorita é o sushi que os supermercados Pingo Doce fazem o favor de vender a um preço equivalente ao produto interno bruto do Burkina Faso. São noventa segundos para aquecer, cinco minutos para esfriar e o tempo que a minha gula permitir para saborear o melhor manjar que as minhas mãos desprovidas de talento culinário conseguem “confeccionar”.

Monday, May 01, 2006

Suponho que assim fica tudo equilibrado

Ronald Koeman disse que os golos que o Sporting marcou ao Rio Ave lhe deram vontade de rir. Abstraindo o facto de, mais uma vez, um responsável do “glorioso” pôr em dúvida a honra de adversários de campeonato, limito-me a notar que, por estranha coincidência, o treinador holandês também me dá imensa vontade de rir.

Corações ao alto no domingo

As últimas jornadas de cada campeonato de futebol povoam as minhas recordações de infância, juventude e vida adulta. Sendo eu sportinguista, a maioria dessas recordações oscilam entre o catastrófico ou o vulcão de Krakatoa, havendo nas últimas décadas apenas duas excepções (ainda assim sofridas) a tão triste tendência. Mesmo assim, ontem tudo correu melhor do que a encomenda: o Sporting venceu com facilidade (até foi possível Ricardo regressar à fase da capoeira sem contratempos de maior), o Benfica ganhou sem convencer e o sacana do acesso directo à Liga dos Campeões ficou por decidir no derradeiro jogo. Se o “glorioso” sêlêbê vencer o Paços de Ferreira teremos de, no mínimo, empatar com o Sp. Braga; se os “muchachos” de Koeman estiverem num dos seus dias normais até a derrota chegará para a conquista do título de “primeiro dos últimos”, mais palatável devido à milionária recompensa do prémio de participação na primeira fase da principal competição de clubes europeus. No domingo estarei em Alvalade para sofrer com o futebol de João Tomás, as defesas de Paulo Santos e as bandeirinhas e apitos dos enviados de Luís Guilherme. É assim a vida de um sportinguista, “but I like it”.

Não há meio de Godot chegar

Este ano não fui à Avenida Almirante Reis no primeiro dia do quinto mês - de qualquer forma o evento não teria a mesma graça sem a presença tutelar do camarada Vasco -, mas relatos fidedignos garantem-me que muito boa gente ficou especada na mui nobre e leal artéria lisboeta à espera de uma manifestação que mudou de coordenadas. E mesmo um reaccionário encartado como eu não pode deixar de ficar triste por quem esperou em vão...
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