Thursday, August 31, 2006

Um pico de audiências que saiu muito caro

Uma ideia de negócio adequada aos tempos que vivemos

Para ajudar a combater a tristeza da derradeira edição do Independente a minha irmã Diana decidiu aparecer na redacção com o João e o pequeno demónio louro que responde pelo nome de Carolina Ralha. Nos minutos seguintes a minha sobrinha obrigou-me a encher um interminável "stock" de balões do C&A e arrastou meia-dúzia de pré-desempregados para o corredor do oitavo andar, onde pontapeámos com gosto os ditos balões de um lado para o outro. Fiquei tão satisfeito com a visita que eu e a minha irmã tivemos a brilhante ideia de criar uma empresa dedicada a animar vésperas de falência de empresas espalhadas pelo país inteiro. Não fora o ligeiro pormenor de a actividade não andar longe do recurso ao trabalho infantil e provavelmente começava já hoje a preencher os impressos para requerer apoios à criação de empresas.

News from the frontline

Em verdade vos digo que este belo semanário está a morrer em paz. Amanhã começam as preocupações para todos nós mas hoje estamos a enfrentar isto com os sorrisos próprios de quem fez o que pôde e a mais foi obrigado.

Um esquecimento deveras imperdoável

Nem quero acreditar que não trouxe para a redacção um dos meus discos de Jacques Brel. Nada seria melhor para animar este literal dia de fecho do Independente do que "Le Moribond" ouvido a altos berros. À falta de melhor, aqui deixo os apropriados versos: "Je veux qu'on rit, je veux qu'on danse, je veux qu'on s'amuse comme des fous. Je veux qu'on rit, Je veux qu'on danse quand c'est qu'on me mettra dans le trou!"

Isto não tem graça nenhuma

Sempre imaginei que, navegando contra ventos e marés e fazendo tábua rasa da razoabilidade, o Independente chegaria ao número 1000. Eu talvez ainda por cá andasse, às vezes abatido e outras orgulhoso de lutar contra turbinas de barragem (isso dos moinhos de vento já não se usa). Só que a realidade falou mais alto. É pena: não tem jeito nenhum ficar pelo número 955.

Wednesday, August 30, 2006

Vocês sabem que eu sei que vocês sabem que eu sei

Permito-me adivinhar, observando o elevado número de visitas a este blogue nas últimas horas, que há quem aqui venha à espera de ler algo sobre uma triste notícia que por aí anda. Muito poderia escrever sobre o funesto acontecimento - e tenho a certeza de que muito escreverei... -, mas não será hoje. Tenho uns quantos milhares de caracteres para despachar e desta vez a expressão "hora de fecho" é duplamente impiedosa.

Mark Twain há só um

Nem sempre as notícias da morte são manifestamente exageradas.

Mais uma dúvida que os dicionários não logram esclarecer

Semi-rígido: embarcação para quem não tem dinheiro para um iate ou alcunha que muitas portuguesas atribuem aos respectivos companheiros?

Contribuição para uma colectânea de contos em meia-dúzia de linhas

Era uma vez um homem muito rico que investiu até ao último cêntimo na compra de todas as chaminés industriais que ainda resistiam ao progresso na sua cidade. Quando assinou o contrato de aquisição da última, escondida no interior de um quarteirão cheio de prédios arruinados, ficou cheio de orgulho de si próprio. E assim teria permanecido se os profissionais da má-língua não lhe tivessem feito notar o quanto era bizarro que alguém tivesse gasto a sua fortuna numa colecção de objectos fálicos.

Tuesday, August 29, 2006

Ainda assim temos muita sorte

Se as claques desportivas portuguesas tivessem um ideário inspirado no fundamentalismo islâmico já dezenas teriam morrido vítimas dos pastéis de Belém polvilhados de estriquinina e dos galos de Barcelos armadilhados.

Um autocarro chamado calor infernal

Apareceu nos jornais que a Carris vai alterar algumas carreiras - apesar de não utilizar o 49 para ir da Av. E.U.A. a Belém há mais de uma década parece-me blasfemo que os autocarros passem a quedar-se pelo Marquês de Pombal - e suprimir outras tantas. Mas hoje de manhã descobri que a empresa pública já suprimiu o ar condicionado, permitindo que uma anódina viagem de cinco minutos se transformasse numa enriquecedora sauna interclassista. Bem-haja à Carris pela consideração! Só é pena que não tenham feito nenhum comunicado de imprensa a anunciar mais esta inovação. Caso soubesse teria saído para a rua enrolado numa toalha...

Monday, August 28, 2006

A tradição ainda é o que era

Pela terceira vez consecutiva assisto no Café Matabixo ao primeiro jogo “a doer” do Sporting. E o meu clube volta a vencer, ainda que à rasquinha, levando-me a sair satisfeito do meu pouso favorito quando rumo ao Carvoeiro. Para o ano é provável que evite o Alvalade XXI uma quarta vez.

Está visto que não posso almejar a mais do que o Purgatório

O “highlight” turístico de uma escapadinha de três dias ao Carvoeiro foi assistir - do afastado conforto da selecta esplanada do Café Matabixo... - a um concerto de uma cantora pimba que fez tardar mais do que seria humanamente possível o (decepcionante) fogo-de-artifício que marcou o encerramento das festas daquela vila algarvia. Perante a fraca qualidade do espectáculo as piadas cruéis vieram umas atrás das outras. Mesmo depois de fonte conhecedora fazer notar que a referida senhorita é invisual.

Reflexões a 160 quilómetros por hora

Nada é mais respeitável do que o insecto que, mesmo no derradeiro instante, consegue evitar o embate com o pára-brisas de um bólide de fabrico germânico. Mesmo que venha a ser esmigalhado pelo veículo seguinte que passe por aquele pedaço de auto-estrada.

Thursday, August 24, 2006

Está visto que a Divina Providência abandonou o “Papa”

Cumpre aos sportinguistas de boa vontade apresentarem ao FC Porto dois senhores residentes em Moscovo que respondem pelos nomes de Daniel Carvalho e Wagner Love. E depois ainda há um pequeno detalhe chamado Hamburgo num grupo potencialmente marcado pelos remates certeiros de Henry.

Agora é que vem a teoria do eterno retorno

Luís Figo, Ibrahimovic, Crespo, Vieira, Zanetti, Grosso, Samuel, Cambiasso e um Materazzi cheio de vontade de vingança... Resta a compensação de que imagino Liedson e Carlos Martins a provocarem um ataque de fúria ao eternamente mal-encarado Kahn. E com nove ou dez pontos em seis jogos já deve ser possível passar à fase seguinte.

Always look at the bright side of Champions

Com a habitual sorte do Sporting nestas ocasiões estou para saber como não foi parar ao grupo do Barcelona e do Chelsea.

Perguntar às vezes até ofende

Se Luís Filipe Vieira sofrer um qualquer impedimento legal será que a presidência do Sport Lisboa e Benfica passa para aquele senhor cheio de brilhantina que seria ideal para interpretar um membro da família Tattaglia?

Wednesday, August 23, 2006

Reclassifiquem tanto quanto vos apetecer a ver se me importo

Declaro solenemente que, tal como me recuso a reconhecer “ateliê” e “hóbi” enquanto palavras da língua portuguesa, continuarei a considerar Plutão o último planeta do nosso sistema solar.

Façam o favor de marcar nas vossas agendas

Tal como seria de esperar aquando da estreia nos Estados Unidos, sucedendo-se relatos de espectadores incapazes de aguentar até ao fim os acontecimentos a bordo do Boeing que caiu na Pensilvânia no dia 11 de Setembro de 2001, “Voo 93” é um filme muito duro para quem não tenha o hábito de atribuir nota artística aos atentados da Al-Qaeda. Mas não deixa de ser uma obra inspiradora, na qual actores desconhecidos - vários controladores aéreos e militares que nada puderam fazer em terra para evitar a tragédia interpretam-se a si próprios - e o registo próximo do documentário escolhidos pelo argumentista e realizador britânico Paul Greengrass tornam tudo aquilo real, por vezes demasiado real. Chega amanhã às salas de cinema de Portugal e deve ser visto com atenção.

Eis o momento em que o blogue fica mais "silly" do que é humanamente aceitável

Pingo Doce: cadeia de supermercados espalhados pelo território nacional ou consequência da incontinência urinária em quem abusa do açúcar?

Nunca é por demais lembrar que rir é o melhor remédio

Desafio publicamente Pedro Miguel Ramos a inaugurar novas unidades da sua conhecida cadeia de bares nas localidades de Coina, Buraca e Picha.

E agora Leonardo Ralha dá o seu contributo para a paz mundial

Perante a fraqueza da França e as hesitações da Itália, disponho-me a assegurar o comando da força das Nações Unidas desde que seja cumprida uma condição. Podem ficar descansados: não exijo que o exército israelita deixe de fazer incursões no Líbano ou que o Hezbollah entregue as armas. Limito-me a pedir que façam um "remake" lusitano do filme japonês "Battle Royale" com as piores ovelhas ronhosas dos elencos de "Floribella" e "Morangos com Açúcar" a lutar pela sobrevivência numa ilha que, para não inflacionar o orçamento, pode muito bem ser a Berlenga Grande.

Aquilo que me cumpre dizer acerca do problema autárquico de Setúbal

Por momentos cheguei a pensar que o PCP tinha perdido a confiança política no piloto de todo-o-terreno Carlos Sousa e queria forçá-lo a passar o volante a uma navegadora fiel à ortodoxia partidária. Depois percebi que o caso é ligeiramente diferente e os portugueses continuam a ter hipóteses de festejar uma vitória no Lisboa-Dakar.

À atenção dos inspectores Rosa Mota e Dias André

Mário Jardel interrompeu o seu processo de emagrecimento em curso para explicar os sacrifícios que lhe estão a ser impostos pelo nutricionista. “Cheguei a sonhar com os pastéis de Belém que tanto adoro”, confessou o avançado brasileiro ao “Correio da Manhã”. Note-se que já houve muito boa (e menos boa) gente envolvida no processo da Casa Pia por indícios menores...

Tuesday, August 22, 2006

Assim não se estragavam três famílias

Depois de ler as revelações de uma ex-mulher de Bin Laden, a qual garante que o criador da Al-Qaeda está obcecado pela diva caída em desgraça Whitney Houston, lembrei-me de que o homem supostamente encurralado nas montanhas do Paquistão poderia aproveitar a poligamia consentida pelo Islão e desposar igualmente a alucinada Mariah Carey. Resolvidos estes problemas ainda ficaria a questão Britney Spears, mas também não se pode exigir tanto ao pobre facínora...

Estou a sentir o optimismo a correr-me nas veias

O lançamento dos novos discos de Christina Aguilera, dos Outkast e dos Evanescence permitirá que a música pop-rock volte a parecer decente durante umas escassas semanas.

Novos sinais evidentes da iminência do apocalipse

A minha irmã anda a ler Saramago e um ladrão ofereceu-se para ajudar a recuperar "O Grito", de Munch, em troca de uma redução de pena.

Se o Francisco Adam fosse de Gaia já era nome de rua

Entre muitas outras bizarrias que fazem de mim o que sou - para o mal e para o bem -, mantenho a firme convicção de que Luís Filipe Menezes arrisca-se a chegar a primeiro-ministro. Pior ainda: numas legislativas em que ele liderasse o PSD e José Ribeiro e Castro continuasse à frente do CDS-PP, tenho razoável certeza de que votaria no laranjismo. Aos mais radicais críticos do ex-inimigo do "eixo sulista, elitista e liberal" limito-me a fazer notar que suceder a Pedro Santana Lopes e a José Sócrates também não é propriamente uma missão para sobredotados. Dito isto, é com alguma vergonha que leio a notícia que dá conta da homenagem que o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia irá fazer à jovem Luciana Abreu, mais conhecida por Floribella e capaz de fazer com que o mais betinho dos elementos do elenco de "Morangos com Açúcar" seja confundido com Laurence Olivier.

Monday, August 21, 2006

O mais estranho da noite no Alvalade XXI

Estava eu sossegado no meu lugar de coxia na 21.ª fila do sector B25 quando ao meu lado tomaram assento três cavalheiros que pareciam estar perdidos. Por instantes a minha paranóia bushista levou-me a equacionar a hipótese de atentado da Al-Qaeda, mas logo percebi que se tratavam de brasileiros que aparentavam ter sido enviados de uma nave marciana para aquelas bancadas pintadas de verde e branco. Um deles ganhou coragem para me perguntar se “os do Benfica eram os de azul", ao que lhe expliquei que a outra equipa era o Inter de Milão. Erro crasso! Logo fui inquirido sobre qual dos futebolistas que corriam no relvado era o Kaká. Seguiu-se uma breve palestra sobre a existência de dois clubes rivais na cidade de Milão e ainda uma explicação sobre o motivo que levou à realização daquele jogo, para o qual os referidos cidadãos haviam recebido bilhetes da empresa para a qual trabalham. Cumprido o meu papel de bom samaritano, recebi a recompensa: o meu principal interlocutor, confesso fanático do Fluminense, torceu à grande e à sul-americana pelo Sporting - sobretudo por Deivid, Nani e Carlos Martins -, sem poupar em expressões como “boa bola!" ou "vai menino!". De tal forma que, quando Bruno Paixão pensou marcar penálti na sequência de uma pantominice do internacional brasileiro Adriano, liderou o sector em que nos encontrávamos com gritos de “juiz ladrão!". Não sem antes perguntar se em Portugal era permitido chamar nomes ao árbitro. Sosseguei-o de imediato e expliquei-lhe que essa era uma tradição dos adeptos do meu clube. Suspeito que hoje à noite passou a haver mais um sportinguista.

O pior da noite no Alvalade XXI

Ficou mais uma vez claro que o ponto fraco do Sporting é o segundo avançado. Deivid continua a não convencer e Bueno parece trilhar o mesmo caminho. Fez falta uma oportunidade a Yannick Djaló para os viscondes presentes no estádio perceberem se não será melhor optar por cinco médios - aproveitando a fartura de escolhas nessas posições - ou a reabilitação de Douala para formar uma dupla de extremos com Nani.

P.S. - Diga-se de passagem que o primeiro avançado também ainda não está na melhor forma. Nem nunca esteve desde que assinou a renovação do contrato.

A piada da noite no Alvalade XXI

Não faltou quem visse no duplo amarelo de Marco "Homem das Cruzadas" Materazzi uma subtil homenagem ao seu pai Giuseppe. Afinal, o ex-treinador do Sporting também conseguiu ser expulso de Alvalade.

Quando não há golos temos de encontrar outras compensações

Acerca do resultado de hoje à noite apetece-me dizer que não é todos os dias que o Sporting empata com a actual terceira melhor equipa do mundo, não muito distante do Barcelona e do Chelsea.

Isto não é a Wikipedia mas também tem definições

Já afirmaram que o futebol é um jogo com onze de cada lado e em que no final a Alemanha vence. Eis o que me cumpre dizer do futebol de praia: é um jogo com cinco de cada lado em que Portugal chega à final e acaba por ser derrotado pelo Brasil.

À grande e à francesa?

A triste actuação francesa na questão do Líbano é uma das mais terríveis vergonhas para o Ocidente. Um país que fantasia ser uma potência (ainda que de segunda linha) não pode - ou pelo menos não deve - oferecer apenas 200 homens e o comando para uma complicadíssima missão de manutenção de paz. A não ser, claro está, que Chirac esteja apostado em ser o "Maluco do Riso" da política internacional.

A teoria do pouco terno retorno

Daqui a poucas horas irei aplaudir Luís Figo. Estaria a ser hipócrita se dissesse que é a homenagem ao ex-capitão da selecção que me impele a estrear a Gamebox 2006-07. Aquilo que mais desejo é ver ao vivo pela primeira vez alguns dos reforços da equipa e, se possível, assistir a uma boa exibição do Sporting frente ao Inter. Mas será um prazer rever aquele que só a inclemente evolução do futebol enquanto indústria de entretenimento impediu de ser a mais marcante figura do clube de Alvalade, ultrapassando Peyroteo, Travassos, Jesus Correia, Juca, Hilário, Yazalde e Manuel Fernandes. Quando o vir a fazer os seus cruzamentos venenosos para Ibrahimovic ou Adriano saberei o quanto é provável que o "business man" esteja a pensar que dificilmente trocará um salário multimilionário pelo regresso à casa da partida. Luís Figo é assim. Racional, inteligente, prático e realista. Pode ser muito sportinguista mas quer amealhar mais uns quantos milhões a fazer o que melhor sabe. Está no seu direito e, caso por um instante pudesse estar no seu lugar, provavelmente faria o mesmo. Mas não duvido que ao pisar aquele novo Alvalade XXI, edificado nos terrenos onde antigamente ficavam os relvados utilizados pelas equipas de inciados, juvenis e juniores do Sporting, ele sentirá a nostalgia mínima garantida. Mesmo que não desate a chorar caso marque um golo.

Saturday, August 19, 2006

Continuando a falar de floricultura

À falta de uma cantora blasfema e ex-católica do calibre de Madonna, a cena cultural portuguesa deve aproveitar o que tem mais à mão. Com um pouco de sorte ainda poderemos assistir a concertos da jovem Luciana Abreu em que a estrela de “Floribella" será crucificada em palco por uma troupe de bailarinos - talvez alguns ex-membros dos D’Zrt entretanto caídos em desgraça - trajados de centuriões romanos.

Um novo malefício de estar em casa numa tarde de sábado

Reparo que a banda sonora da inenarrável telenovela “Floribella" ocupa o primeiro lugar do top discográfico português. Fica assim provado que, décadas após o apogeu do nacional-canconetismo, chegámos aos tempos do nacional-desgracadinhismo.

Friday, August 18, 2006

Soon on a cinema near you

Depois do visionamento do "United 93" fiquei a perceber melhor as pessoas que abandonaram as salas a meio do filme, incapazes de ver até ao fim o que sabem ter acontecido dentro do avião que caiu na Pensilvânia naquele 11 de Setembro. Para quem não odeia os Estados Unidos, e adoptou como mantra pessoal o “eles estavam a pedi-las, eles estavam a pedi-las", a experiência à disposição dos cinéfilos portugueses a partir da próxima quinta-feira é profundamente dolorosa. Mas ainda mais recomendável. Ou, recorrendo a um chavão muito em voga nesta era de “infotainment" acrítico, imperdível.

Salteadores da imprensa perdida

Pela segunda manhã consecutiva reparo que comprar os cinco diários que habitualmente leio e o semanário no qual trabalho é uma árdua missão que implica visitar mais do que um ponto de venda. Trata-se de um fenómeno de fácil explicação: prevendo a debandada dos escassos leitores que restam para o Algarve, as tiragens diminuíram e as rotas de distribuição foram alteradas. No fundo eu é que estou a prevaricar por ter regressado a Lisboa em vez de ter ficado placidamente sentado na esplanada do Café Matabixo.

Se trocasse Santos por Eantos ficaria BSE

Sem querer menosprezar o belo trabalho de Luís Pedro Nunes e do resto da equipa do "Inimigo Público", confesso que nada me diverte mais do que ler os textos do professor Boaventura Sousa Santos na revista “Visão". O homem que não vai a Israel pois ficaria coberto pelo sangue das crianças palestinianas e libanesas ensinou-nos ontem que os problemas (não tão importantes quanto isso, claro está) de Cuba devem-se única e exclusivamente ao fim do bloco soviético e ao embargo norte-americano. A única coisa que estanca as minhas gargalhadas perante tamanha cegueira é imaginar quantos alunos o inigualável académico terá doutrinado nas teorias do delírio ao longo das últimas décadas...

Thursday, August 17, 2006

Se cá nevasse, fazia-se cá esqui

Ando a ler, sem grande ritmo ou convicção, um livro muito em voga sobre versões alternativas de acontecimentos históricos. Sendo o referido compêndio obra de autores anglo-saxónicos, Portugal é quase ignorado. Fico por isso à espera de uma edição em que especialistas me expliquem o que teria sucedido caso a industrialização não tivesse sucumbido aos interesses do Vinho do Porto, Sidónio Paes não tivesse sido assassinado, Oliveira Salazar permitisse eleições tão livres quanto na livre Inglaterra após a II Guerra Mundial ou o Império tivesse passado para uma confederação de estados. E, já agora, o que teria acontecido se Marcello Caetano, adivinhando a amargura dos seus últimos anos de vida, tivesse optado por uma solução Salvador Allende-Getúlio Vargas ao ver-se derrotado no Quartel do Carmo.

Wednesday, August 16, 2006

Um atentado à minha liberdade

As novas medidas de segurança nos aeroportos, nomeadamente as restrições à bagagem de mão, trouxeram-me um enorme desgosto: dificilmente consigo separar viagens aéreas e leitura. Foi a dez mil metros de altitude que li “A Esperança", "Homenagem à Catalunha", "Psicopata Americano" ou "A Dália Negra". Até porque, ainda antes do 11 de Setembro, embrenhar-me numa narrativa já me parecia a melhor forma de esquecer o facto de estar preso durante três ou mais horas num cilindro de aço propulsionado por reactores poderosos mas falíveis.

Agora que voltei a ter mais do quatro canais de televisão...

...pude constatar que a grelha de programas da SIC Mulher, com os “extreme makeovers" e apresentadoras de "talk shows" tresloucadas, é um dos melhores argumentos para quem pretende provar que Deus não existe.

Meter a foice em seara alheia

Ao forçar a saída do Boavista para suceder ao holandês com hábitos de "drill sargeant", Jesualdo Ferreira deixou um claro recado aos futebolistas que treinou ao longo da pré-temporada: vocês não são dignos do meu grandioso talento. Embora tenha particular aversão pelo clube axadrezado fico a desejar, do fundo do coração, que Ricardo Sousa, Fary e Zé Manel provoquem duas azias ao amigo de Toni ao longo da próxima temporada. A não ser que os clubes do Porto se encontrem na Taça de Portugal e possa haver um trio de azias.

Tuesday, August 15, 2006

Volta, não estás perdoada!

Em condições normais dedicaria ao ciclismo a mesma atenção que dispenso a modalidades como a natação sincronizada e a patinagem artística. No entanto, razões que a razão desconhece levam a que a minha "better half" imponha o Tour de France e a Volta a Portugal como notas de rodapé da nossa existência de casal, pelo que o contra-relógio que encerrou a "principal prova velocipédica nacional" serviu de companhia à nossa viagem Algarve-Lisboa. Devo confessar que fiquei satisfeito com o desfecho: não só venceu um espanhol que consegue falar português com fluência - criatura mais difícil de encontrar do que a filha ilegítima que o Yeti fez à Nessie - como Cândido Barbosa não foi além do terceiro lugar. Não consigo torcer por quem debitou lamúrias no final de cada etapa - convencido de que havia uma vasta conspiração internacional destinada a roubar-lhe uma camisola amarela a que acreditava ter direito - só por ter a nacionalidade portuguesa.

À atenção da Academia

Nos últimos dias sucederam-se os apelos para que seja retirado o Nobel da Literatura ao escritor germânico Gunther Grass. Espero que essas ideias não vão avante. Se castigarem alguém "a posteriori" por ter pertencido à tropa de elite nazi durante a adolescência, o que não farão a quem, já com idade para ter netos, fez tudo o que estava ao seu alcance, enquanto director-adjunto de um diário de grande circulação, para instaurar uma ditadura comunista?

Thursday, August 10, 2006

Mais perto do que é importante

Ontem à tarde fui recolher figos e alfarroba às árvores que subsistem num terreno abandonado que pertence à família da minha "better half". É sempre agradável recordar que os seres humanos foram, em tempos idos, caçadores-recolectores. Pelo menos nessa altura não tínhamos que aturar aquele barulho irritante dos leitores de códigos de barras.

Manual do antropólogo social mirim

Só quando viro costas a Lisboa é que consigo entender a importância do Intermarché.

Sunday, August 06, 2006

Ouvido numa rua de Lisboa

A poucas horas de rumar ao Algarve caminho pela Avenida Almirante Reis quando, ao cruzar-me com um casal jovem, ouço a seguinte frase:

- Não te preocupes que já tenho uma esquina reservada para ti.

Talvez não passasse de uma brincadeira conjugal. Talvez.

Que prazer, ter um post para escrever e não o fazer

Este blogue anda de férias. O seu autor pode ser encontrado numa esplanada de Carvoeiro. Os seus braços estão a ficar chamuscados de tanto sol. Fica provado, perante tamanha resistência à inclemência que vem do céu, que não descende em linha directa de Nosferatu.

Wednesday, August 02, 2006

Tão jovens e já tão sensíveis

Na sua justificação para o leve castigo - 13 meses de internamento em regime semi-aberto foi o mais “duro” que se arranjou - atribuído aos moços portuenses que submeteram o cidadão brasileiro conhecido por Gisberta a torturas inimagináveis e depois o atiraram para o poço de um prédio em construção, culminando na sua morte por afogamento, o juiz veio explicar que as amáveis crianças consideraram que a sua vítima merecia um funeral. Assim sendo, à falta de utensílios para cavar ou de gasolina necessária para a cremação, decidiram que o poço era o mais indicado para tão piedoso intento. E é neste ponto que me sinto obrigado a garantir que NÃO ESTOU A INVENTAR ISTO, NÂO TERIA IMAGINAÇÃO PARA TANTO!

Quando as palavras são mais caras do que as apostas

Entrei na tabacaria e quando chegou a minha vez de ser atendido comuniquei à balconista que pretendia “um aleatório de dois euros”. Sem pestanejar, ela carregou no botão que permitiu ao terminal da Santa Casa da Misericórdia tornar-se dois euros mais rico.

Ao que isto chegou!

Num café de bairro onde ainda passo por forasteiro assisto às lamentações de vários adeptos do clube que vencia muitos títulos nos tempos da televisão a preto e branco. Mais uma derrota, desta vez com uns helénicos amarelados, provocou olhares tristes e palavras de quem está conformado com um inelutável trágico desfecho. "Antes perguntávamos por quantos golos iríamos ganhar. Agora é ao contrário”, disse um frequentador com ares de “habitué", recebendo um suspiro como resposta do proprietário do estabelecimento. Foi então que percebi, horrorizado, que começava a sentir pena dos seis milhões no seu todo e não só da minha "better half", da minha mãe e de mais uns quantos amigos com mau gosto no que a clubes de futebol diz respeito. Resta-me esperar que o Benfica volte às vitórias - preferencialmente aquelas que são obtidas graças aos penáltis desse grande atleta que responde pelo nome de “Vidoso” - para que tudo volte ao normal.

Tuesday, August 01, 2006

Não chega aos pés das pragas do Egipto mas também não é uma visão agradável

Uma das minhas sobrinhas ameaça aprender toda a letra da canção da "Floribella". E até já tem uma daquelas saias floridas que o "24 Horas" não se cansa de promover. Espero que não seja "all downhill from here".

Primeira lei científica de Ralha-Ramos*

A vontade de subir ao escorrega mantém-se constante ao longo do tempo e é independente do cansaço das sobrinhas ou da crescente incapacidade de os tios as elevarem até ao ponto alto de onde pretendem descer.

*Carolina Ralha e Marta Ramos foram as cientistas de serviço
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