E a seguir uma estátua equestre de Miguel de Vasconcelos?

Será legítimo o Estado apoiar financeiramente projectos liderados por alguém que, numa carta enviada a todas as redacções de que se lembrou, deixa a distinta impressão de que não gosta de Portugal?

Tudo tem uma explicação

A verdadeira razão para o falhanço da transferência de Simão Sabrosa para o Valência foi a descoberta de que as autoridades daquela região espanhola aplicam uma carga fiscal elevadíssima à tinta para pintar o cabelo. Só com um salário anual de dois milhões de euros é que o futebolista poderia compensar esse tremendo rombo no seu orçamento familiar.

Enquanto os espíritos elevados dormiam...

...uma operação policial encontrou uma miúda de 12 anos e uma de 14 anos num prostíbulo que funcionava numa barraca - equipada com pista de dança e cubículos dedicados ao binómio colchão-preservativo - situada nos arredores de Rio de Mouro. A notícia poderá ter passado despercebida por entre os bombardeamentos no Líbano que monopolizam a atenção da “imprensa séria”, mas o “Correio da Manhã" permitiu-me tomar conhecimento desta miséria e de imaginar por um instante que desculpas os frequentadores do estabelecimento encontrariam para acreditarem que estavam a praticar a mais velha transacção comercial do mundo com mulheres adultas.

Piada de um amigo benfiquista

Depois da euforia com a vitória por três a zero sobre o Benfica - ainda para mais com dois remates certeiros do jovem Djaló -, sou devolvido ao solo por uma observação demolidora: o Sporting está demasiado dependente de dois jogadores, Rui Costa e Katsouranis.

Ficamos à espera de postais

Acordo com a notícia do exílio de Maria João Pires, descobrindo que a pianista está prestes a abandonar a ingrata pátria que se recusou a investir as suas derradeiras reservas de ouro para dinamizar o Centro para o Estudo das Artes de Belgais. Antes de partir para Salvador da Bahia, a injustiçada cidadã teve ainda tempo para queixar-se da "tortura" a que foi sujeita nos últimos tempos e de que, felizmente, poderá agora esquecer-se. Até porque o Brasil costuma receber muito bem cidadãs portuguesas ligadas à música. Caso aceite tocar Chopin com um ananás na cabeça é provável que Maria João Pires vá parar a Hollywood.

Ler jornais é muito perigoso

O meu coração falhou uma batida ao deparar-me, nas páginas do "Correio da Manhã" de hoje, com um anúncio de uma "Associação de Caçadores de Cachopos" que pretende "admitir novos associados". Apesar da iminente legalização daquele partido holandês que defende o amor sem olhar à diferença de idades, confesso que as minhas células mais conservadoras já me impeliam a telefonar para as autoridades quando reparei que afinal se tratava de uma associação de caçadores que exerce o seu "métier" na Herdade de Cachopos. A qual talvez até não tenha sido baptizada por causa da abundância de rapazes mas sim pela existência de "penedos à flor da água onde rebentam as ondas"*.

*obrigado ao Priberam

Métodos infalíveis para obter internamento compulsivo

Agora que completei o quarteto de textos que preencheram a maior parte desta quinta-feira devo reconhecer que repeti pelo menos 99 vezes o cântigo, tantas vezes ouvido nos estádios de futebol localizados a sul do Mondego, que implica a incessante repetição dos seguintes versos: “Quem não bate palmas é tripeiro! É tripeirooooo!” Está provado que necessito das férias que irei gozar nas próximas três semanas.

Três desejos para daqui a oito horas

1. - Ter finalmente acabado as três notícias que ainda estou a escrever (a bem do fecho desta edição do Independente é preferível que este se cumpra dentro de quatro ou cinco horas);
2. - Estar suficientemente cansado para fintar as insónias e recarregar baterias durante - não sejamos demasiado ambiciosos... - uma modesta dezena de horas;
3. - Ficar impressionado com a primeira vez em que vi Yannick Djaló enfrentar o Sport Lisboa e Benfica.

É o 300.º "post" possível

Eles não sabem nem sonham/ Que sempre que um blogger posta/ O sitemeter pula e avança/ Como blogosfera colorida nas mãos de uma criança.

Eis que as piadas parvas dão sinais de regresso

Estratégia da McDonald's para conquistar o público intelectual: criar um hambúrguer impossível de contemplar (ainda que bastante saboroso) e baptizá-lo Francis McBacon.

Pequena explicação para um grande silêncio

Tendo em conta que já existe quem me considere um racista do piorio ao tresler determinados "posts", limito-me a escrever o seguinte acerca dos últimos acontecimentos no Médio Oriente: "Don't get me started on Israel!"

Quem concordar comigo ponha o braço no ar (o pior é que assim a revista cai ao chão)

É indiscutível que a cantora Ana Malhoa está em boa forma. Para isso nem era preciso consultar as páginas da "FHM", bastando aceder ao "site" oficial mais consultado nas últimas semanas pelos melómanos portugueses. Mas ainda assim permitam-me o desabafo: aquela profusão de tatuagens resulta num imenso "turn off". Quem quer ser uma "sex symbol" deve evitar excessivas parecenças físicas com ex-combatentes na Guerra Colonial.

Talvez seja de reler os compêndios de História...

Arrumado algures nas listas do PSD, o fadista e dirigente do PPM Nuno da Câmara Pereira conseguiu ser eleito para a Assembleia da República. Tão grandes afazeres não o impedem de, entre outras missões de suprema relevância para o futuro de Portugal, responder às “entrevistas quentes” do repórter Jel, presentemente alojadas no “Correio da Manhã”. E ainda bem que assim é. Graças a essa disponibilidade ficámos a saber que Nuno sente-se “cada vez mais de esquerda” e também que a sua ambição é “ser igual ao Fernão de Magalhães e dar a volta ao Mundo”. Pena é que um homem tão dado à tradição se tenha esquecido que o navegador não chegou a dar a volta ao Mundo. Morreu algures pelas actuais Filipinas, vítima de indígenas que não tinham lido os manuais em que Paula Bobone ensina a bem receber visitas.

Sinais de senilidade de uma “material girl”

A última mania de Madonna é exigir uma tampa de sanita novinha em folha em cada cidade que consta da sua digressão mundial. Garante o britânico “Daily Mail” que cada tampa será inspeccionada por elementos do “staff” da cantora - provavelmente contratados a uma série do “C.S.I.” com problemas de audiência – e posteriormente instalada nos seus aposentos. Até se compreende que Madonna queira proteger o seu traseiro dos germes, mas fica por esclarecer quem irá proteger os germes do contacto com o traseiro da cantora.

E o "Correio da Manhã" não cala a desgraça

Pergunto-me se um daqueles requerimentos em papel selado será o suficiente para que me autorizem a anular o meu voto nas últimas presidenciais.

Uma coisa de que me arrependo nesta vida de jornalista

Quando escrevi sobre o documentário "Inside Deep Throat" pratiquei uma abjecta forma de autocensura e desisti do brilhante título "As amígdalas são para as ocasiões".

Abram alas para o novo dono da bola

Hermínio Loureiro apresentou a sua candidatura à sucessão do major Valentim Loureiro na Liga de Clubes. Visto que o ex-secretário de Estado do Desporto é um dos homens mais precocemente envelhecidos de Portugal fica a compensação de que pouco se notarão os cabelos brancos quando der conta daquilo que se passa nos bastidores do futebol português.

Daqui a umas conferências de imprensa logo se vê

Um amigo sportinguista envia-me uma SMS na qual se congratula com a pinta de intelectual do reforço paraguaio Carlos Paredes. Respondo-lhe que provavelmente o nosso novo ídolo é apenas ligeiramente míope.

E agora para algo completamente perturbador

Aviso todos os eventuais interessados que abriram as inscrições para o leilão da Cow Parade, evento que terá lugar a 30 de Setembro nas imediações do Pavilhão de Portugal. Bem sei que as receitas revertem para associações relativamente meritórias - no caso do Chapitô tenho as minhas dúvidas... -, mas ainda assim questiono-me se não será avisado investigar a fundo todas as pessoas que demonstrarem interesse na aquisição das bovinas estátuas.

Métodos pedagógicos radicais

Um professor indiano espancou até à morte um aluno de 14 anos que não soube responder a uma pergunta. Não sei se fique mais espantado com a absoluta falta de Humanidade do docente ou com o seu poderio físico, passível de ser aproveitado pelos melhores grupos de operações especiais. Conseguiu matar a sua jovem vítima com golpes de uma simples cana.

A esperança é a última a morrer

Todas as manhãs cumpro a missão de dar os bons dias ao condutor do autocarro 17 da Carris. Todas as manhãs ele ignora olimpicamente o meu cumprimento. Dir-se-ia que há uma certa evangelização em curso.

Tão novinho e já tão velho de Alvalade

É possível que “Uma História de Violência”, de David Cronenberg, tenha sido o último filme excelente que tive o prazer de presenciar numa sala de cinema. Os “blockbusters” recentes são particularmente maus, as comédias raramente têm graça e mesmo as obras independentes estão em baixo de forma. Dou por mim a suspirar pelos “bons velhos tempos” em que a sétima arte tinha alguma coisa de artístico. Mas se calhar isto não passa de um efeito secundário do “Taxi Driver” que o insuspeito AXN programou para a noite de domingo.

Tell me why I don’t like mondays

Há algo nas minhas segundas-feiras que funciona com precisão de relógio suíço. Quando acordo cedo e chego à redacção por volta das dez da manhã sinto-me produtivo, ao contrário do que sucede caso falhe esse objectivo. Hoje dei entrada uns minutos depois das onze e o diagnóstico é muitíssimo reservado.

Olho por olho, míssil por míssil

Tendo em conta que o exército israelita capturou dois elementos do Hezbollah, suponho que as autoridades de Telavive compreenderão se o grupo islâmico retaliar com a ocupação militar do norte do seu país.

Memórias da noite de sábado

No jantar de aniversário da minha blogger-irmã coube-me a tarefa de aplacar a fúria do pequeno demónio louro de olhos azuis que não apreciou ter acordado num restaurante onde nunca havia estado. Prendi-lhe a atenção com as fotografias e vídeos que armazeno na cada vez mais esgotada memória do telemóvel Nokia, mas a certo momento tive que deixar o prato principal a meio e levá-la a ver os “popós” num quarteirão da Avenida de Berna, onde a Tia Marina viu-se forçada a pisar uma ameaçadora folha de árvore que estava a provocar um ataque de pânico à pequena Carolina. Ter sobrinhos é maravilhoso mas extremamente cansativo. Suspeito que os filhos serão mais complicados.

Quando o autor do blogue dá ares de Zandinga

Há que reconhecê-lo: apesar da irritante estratégia de “marketing” pessoal e dos anúncios de televisão, Pedro Abrunhosa é o melhor autor de baladas da recente música portuguesa. Conto já os dias que faltam até ao fim-de-semana de 2027 em que a gerência do Maxime procurará criar uma vaga de fundo revivalista centrado no músico portuense.

Como é difícil ser burguês!

Passei o domingo a estudar catálogos de viagens. Além de desconfiar que o esforço poderá ser infrutífero, visto que as pessoas normais planeiam as suas férias com maior antecedência, fiquei maravilhado com a quantidade de “suplementos” e “taxas” escondidos que ameaçam equiparar o custo de qualquer deslocação ao produto interno bruto do Burkina Faso.

Dúvida teológica para começar a semana

A partir do momento em que o Sporting rescinde contrato com um futebolista chamado Moisés resta alguma esperança de a equipa alcançar a Terra Prometida?

Localizado um pirómano em potência

O talentoso calcador de testículos chamado Wayne Rooney revelou na precoce autobiografia que só consegue adormecer se tiver um aspirador ou secador de cabelo ligado. A prática, provavelmente mais irritante para a namorada e conhecidas do que o tradicional ressonar, já levou a que “queimasse vários secadores por os deixar ligados toda a noite”, mas o craque orgulha-se de ainda não ter provocado um incêndio. Telegráfico conselho ao Manchester United: vender o passe de Rooney quanto antes. Ou então convencê-lo a fazer um seguro de vida multimilionário em nome dos proprietários do clube de Old Trafford.

No experimentar é que está o ganho

Pela primeira vez em muitos meses acordei depois da uma da tarde. Depois de um "sprint" para recuperar o tempo perdido, chegou a altura de aplicar gel ao meu cabelo já necessitado de tesoura. Interessada no ritual, a minha loura sobrinha de olhos azuis proclamou o costumeiro “queres!” que na realidade siginifica “quero!”, pelo que me vi forçado a passar-lhe um bocadinho do produto nas rebeldes madeixas. Não chegou. Já assaz manhosa apesar da tenra idade, a Carolina atirou-se para o chão a chorar, só se levantando quando lhe passei resquícios de gel na mão direita. Conquistado o direito a experimentar a arte, dedicou os minutos seguintes a espalhá-lo no seu cabelo.

Aventuras multiculturalistas na noite lisboeta

Ontem a minha noite acabou - cedinho, já que a idade não perdoa... - num bar lisboeta de inspiração árabe. Lá fiquei uma hora sentado naqueles bancos de madeira gloriosamente desconfortáveis ainda que esteticamente interessantes, com os últimos “hits” de Peshawar a agredirem-me a martirizada surdez. Perante tal cenário, enveredei pela única actuação aceitável: pedi um copo de Coca-Cola para me lembrar que, mesmo na noite mais escura, o império está em toda a parte.

Confissões gastronómicas de Leonardo Ralha

Adoro “sushi” e “sashimi”, consigo sentir o gosto de uma “Chicken Korma” e nunca digo que não ao “chop suey”. Já sem falar nos “nachos con queso” ou nas “pechugas de pollo” que me levam a demandar a Casa México. Dentro de minutos estarei frente a frente com uma das melhoras massas de “pizza” desta cidade. É nestes momentos que fica claro como o meu nacionalismo tem qualquer coisa de “sui generis”.

A recompensa tarda mas não falha

Uma das consequências do escândalo “Calciocaos” é que, com a despromoção da Juventus à segunda divisão e a severa perda de pontos aplicada ao AC Milan, o Inter prepara-se para ser reconhecido enquanto campeão italiano da época 2005-2006. Uma belíssima prenda para Luís Figo, o qual poderá ainda acrescentar mais uns títulos ao extenso palmarés se um dia forem atribuídos ao Sporting os títulos de que o clube foi espoliado nos tempos em que o FC Porto ainda mexia os cordelinhos mais tarde manipulados pelo Boavista e Benfica.

Depoimento para memória futura

Prometo solenemente que um dia desses tiro um mês sabático para escrever uma peça de teatro entitulada “Hora de Fecho”. Será vagamente “based on a true story” e talvez inclua no enredo um empreendimento comercial a sul do Tejo.

A precisão matemática do Bloco de Esquerda

Ruben de Carvalho assina hoje no “Diário de Notícias” um fantástico artigo acerca da quantidade de filiados no Bloco de Esquerda que o “Expresso” publicou na sua última edição. O grande animador da Festa do “Avante!” reparou que os totais distritais de bloquistas “documentados” são sempre múltiplos dos 61 militantes supostamente existentes em Portalegre. Confesso que no sábado só dei conta de outro inquietante detalhe: o partido de frei Louçã e do professor Rosas tem exactamente 122 militantes - nem mais um nem menos um, respeitável público - nos distritos de Viana do Castelo, Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Évora e Beja, tal como na região autónoma dos Açores. O que me leva a crer, colocando de parte a hipótese de os valores serem inventados - pessoas tão afectas à verdade quanto os dirigentes bloquistas nunca cometeriam tal crime... -, que vigora um regime de “numerus clausus” para aceder ao apetecível estatuto de camarada de Luís Fazenda e Ana Drago. Seria uma explicação plausível, ainda que - como dizê-lo sem receber acusações de ser um agitador ao serviço do imperialismo norte-americano? - talvez demasiado elitista para o navio-almirante da extrema-esquerda em Portugal.

Ler revistas é saber mais

Marianela Mirpuri revela em entrevista à “Sábado” que casou virgem. Perante isto, a quem interessa descobrir a identidade dos novos proprietários da Air Luxor?

Há que investir mais no fabrico de espelhos

O semi-apresentador de televisão Cláudio Ramos declarou hoje ao “24 Horas” que Maria Cavaco Silva “tem um estilo antigo e obsoleto”. E foi assim, muito de repente, que as cotações dos adjectivos “antigo” e “obsoleto” registaram uma subida tão drástica que a Bolsa de Valores da Língua Portuguesa viu-se forçada a suspender a sessão para normalizar o mercado.

Na hora da morte de Rosa Casaco

Foi um torcionário, esteve envolvido na morte de Humberto Delgado e da sua companheira Arajaryr Campos, prestou um entusiástico contributo para a perpetuação de um regime que oprimiu quase todas as liberdades e não é normal a forma como escapou à pena de prisão que merecia cumprir pelos crimes considerados provados em tribunal. Dito isto, Rosa Casaco também foi o autor de uma fotografias que melhor simbolizam o século XX português. O retrato de António Oliveira Salazar e da francesa Christine Garnier sentados nos degraus de granito e reflectidos no tanque de água típico da Beira Alta diz mais sobre a tragédia pessoal do ditador envelhecido e a tragédia global do país que governou do que uma prateleira de compêndios de História.

Enquanto isso, na pérola do Atlântico

Leio indignadas notícias acerca da proibição de entrada na Assembleia Regional da Madeira a jornalistas vestidos com “t-shirts”. Deixo aqui o meu sincero apoio aos camaradas de profissão submetidos a mais uma mania "jardinista". Mas reservo o direito de o retirar caso a proibição esteja relacionada com o facto de não trazerem mais nada a cobrir o corpo.

E agora para algo completamente estúpido

Uma das muitas dádivas que tenho de agradecer à minha mãe é o facto de ela comprar, alegadamente “por causa das receitas”, a revista “TV 7 Dias”. Graças a esse seu gesto abnegado tenho a possibilidade de verificar a gloriosa caminhada em direcção ao abismo e absoluta subversão de valores que tomou conta do meu país. Desta vez reparei num artigo sobre o final de uma das novelas da TVI - peço desculpa mas nunca consigo distinguir os títulos daquelas que não são o “Morangos com Açúcar” - que teve o condão de me lembrar as indignadas palavras da minha “better half” ao testemunhar, alguns dias antes, o que de seguida relato. Pois bem: a vilã da referida novela teve direito ao castigo essencial para confortar a populaça, mas desta vez a equipa de argumentistas não recorreu ao homicídio ou acidente de automóvel do costume. Em vez disso, surgiu uma personagem secundária e despejou-lhe um copo com ácido sulfúrico no rosto, privando-a da sua propalada beleza (a actriz “desfigurada” é Cristina Câmara, a mesma que desviou o padre no filme “Tentação”), e numa cena seguinte os telespectadores tiveram o prazer de ver as horrendas cicatrizes provocadas pela imprevista agressão.
Tendo em conta que o ácido começa a ser popular como método de resolver desavenças conjugais e/ou vingar abandonos de relação - sempre na lógica do “se não és minha/meu, não serás de ninguém” - no “país real”, pergunto-me até que ponto é avisado incluir uma cena desta num programa de razoável audiência? Caso entendam que sim, espero que de seguida também se lembrem de colocar personagens a suicidar-se na ponte sobre o Tejo.

O repórter sempre em cima do acontecimento

Acabei de apurar que um dos artigos mais comprados nos “stands” presentes no Salão Erótico de Lisboa foram os vibradores gelatinosos. Vem-me à lembrança os tempos em que os mais velhos apregoavam os milagrosos poderes da gelatina e não consigo evitar um sorriso.

Quando Hollywood toma conta do nosso subconsciente

Ontem de madrugada, voltando a não conseguir adormecer com o calor, revi quase na íntegra o “Elephant” de Gus Van Sant. Continuo a considerá-lo tremendamente sobreavaliado enquanto recriação dos acontecimentos de Columbine, mas desta vez a obra deixou marcas: passei o resto da noite a sonhar que percorria intermináveis corredores de um liceu. Só que felizmente ninguém estava a disparar na minha direcção nem eu estava a disparar na direcção de alguém.

Reinvente-se o conceito de “reality show”!

Era uma vez uma versão do “Survivor” em que saía vencedor quem construísse jangadas para abandonar a ilha.

Publicidade a um jornal e a uma irmã

Aprecio textos jornalísticos em que se adivinha uma lágrima a cair no teclado. E portanto aconselho a todos a leitura de "Requiem por um prédio bonito na Avenida Duque de Loulé", hoje publicado na secção InfelizCidades do caderno Local do “Público”. A autora é a minha irmã, mas acreditem que isso é um mero detalhe.

Olhai as setas que indicam o caminho

Em 1996 Portugal foi eliminado nos quartos-de-final pela República Checa. Quatro anos depois, perdeu nas meias-finais com a inevitável França. No Euro 2004 acabou derrotado pela Grécia na final. Parece-me evidente o que irá suceder dentro de dois anos.

Para a frente, Portugal!

Liedson abriu a porta a uma eventual naturalização caso Scolari o deseje. Agora é que o título europeu não escapa.

Eis o que se chama uma péssima ideia

Mário Jardel lá conseguiu chegar a Aveiro e apresentar-se aos sócios do Beira-Mar. Entre várias tristes constatações, foi impossível não reparar que o avançado brasileiro continua a não ser um modelo de elegância. Atente-se, aliás, às palavras do recém-chegado: “Conheço o meu metabolismo. Nunca fui jogador de correr muito.” Quem diz a verdade não merece castigo, mas a balança poderá ser ainda mais massacrado caso Jardel tenha sucesso naquilo que se lhe pede. O proprietário de uma marisqueira da Gafanha da Encarnação anunciou que oferecerá um almoço ao craque por cada golo marcado. Tendo em conta as calorias presentes nas lagostas e gambas, teme-se o pior.

Para acabar de vez com os Torquemadas

O Pedro Correia lembra hoje, nas páginas do “Diário de Notícias”, uma das mais importantes tomadas de posição que a direita portuguesa conheceu nos últimos anos. Num artigo publicado na revista “Atlântico”, António Pires de Lima escreveu algo tão importante que deve ser repetido mil vezes até que os inquisidores de serviço - há muitos na direita, mas na esquerda estão longe de ser menos numerosos - consigam entender: o respeito pela liberdade prevê “cada homem e cada mulher a viver de acordo com os seus critérios sempre e quando não choquem com os direitos dos outros”. Parece simples, mas infelizmente basta ouvir os mais próximos de Ribeiro e Castro para concluir que há um longo caminho a trilhar. “Um partido não confessional deve ser o primeiro a propor leis de união de facto que garantam aos homossexuais todos os direitos que não firam os direitos dos outros”, escreveu o deputado do CDS/PP. O mesmo que, contra aqueles que seguem a ala mais conservadora da Igreja Católica como se tivessem um “chip” no cérebro, afirmou o seguinte: “Um partido preocupado com os eleitores e sensível às suas preocupações não pode, não pode mesmo, distinguir-se pela ausência de propostas no debate da procriação medicamente assistida e votar olimpicamente contra qualquer proposta em discussão. Que pensarão de nós os 500 mil casais que há 20 anos esperam regulação em matéria tão sensível?”
Acredito demasiado no primado do indivíduo sobre o grupo para assinar o cartão. Nem nos tempos de Paulo Portas pensei seriamente em fazê-lo. Mas com António Pires de Lima à frente do CDS/PP ser-me-ia difícil não sair na estação de metropolitano do Rossio e escalar a Rua da Madalena com uma esferográfica no bolso da camisa.

Quando a cuspidela na cara tem bons sentimentos

A França terá pulado ontem umas quantas posições no “ranking” dos países mais contaminados pelo politicamente correcto. Harry Roselmack, cidadão de origem antilhana, tornou-se o apresentador do telejornal das 20h00 da TF1. Uma decisão justificada pelo director de informação como uma consequência da “vontade antiga da TF1 de pôr na antena jornalistas que reflictam a sociedade francesa na sua diversidade”. Lamento não conseguir juntar-me aos aplausos, por muito que isso implique que um certo “blogger” tenha de convencer outros de que eu não sou um racista de merda - desculpa lá, Chico -, visto que a promoção de Roselmack está inquinada pela forma como certas almas persistem em cuspir na cara daqueles de quem se julgam beneméritas. Não conheço o novo “pivot” da TF1, mas tenho a certeza de que este ficaria mais feliz se o reconhecimento das suas capacidades enquanto profissional e indivíduo fosse o primeiro e único critério para a conquista do telejornal das 20h00. Nunca o facto de reflectir seja lá o que for “na sua diversidade”. Ainda bem - para os jornalistas de epiderme menos clara e para os seres humanos em geral - que na televisão portuguesa ainda não imperam critérios tão insultuosos.

Está tudo louco (e ainda ninguém deu conta)

Na mais recente sessão do julgamento dos garbosos moços que - passe o eufemismo - contribuíram para a morte do transexual brasileiro conhecido por Gisberta, uma psicóloga atribuiu culpas do sucedido à falta de “educação complementar” nos centros de acolhimento de menores onde os petizes viviam. “Talvez não tivessem atacado Gisberta se tivessem actividades desportivas e recreativas, algo capaz de os entreter nos tempos livres. Mas também educação para a cidadanos, nomeadamente de promoção do respeito pela diferença”, lê-se hoje na notícia do “Público”. Fica o douto ensinamento: instalem-se umas balizas ou uns cestos de basquetebol e mais ninguém enfiará paus no ânus de seres humanos que acabaram de espancar até à inconsciência. Ou, melhor dizendo, talvez não...

Pensamento para começar o dia

A poucos metros da redacção do Independente há um “homeless” cinquentão que passa as manhãs a fazer sudoku e um arrumador mais jovem que dá conselhos sobre literatura portuguesa. Assim é difícil esquecer que a fronteira é ténue e ninguém está a salvo de a cruzar.

Melhor do que isto nem o velho leão

Era uma vez um mestre de culinária que apoiava tanto o Executivo de José Sócrates que entendeu por bem reinventar o prato típico de Setúbal: juntou-lhe umas massinhas chinesas a imitar fibra óptica e baptizou-o de choco tecnológico.

Agora de repente lembrei-me que...

...aquelas maravilhosas recomendações do ACIME poderiam ser utilizadas em casos que nada tenham a ver com imigrantes ou minorias étnicas. Basta um pequeno exercício de memória para lembrar que algumas notícias sobre o tristemente célebre ex-cabo da GNR António Costa referiram o facto de este pertencer aos corpos dirigentes da Casa do Benfica de Santa Comba Dão e de ter sido eleito pelo PSD à assembleia de freguesia de Cabecinhas de Rei. Dois elementos que, como diria a ACIME, nada têm a ver com o “eixo explicativo do essencial da notícia”. E que talvez levem alguns leitores de jornais a considerar que os demais benfiquistas e social-democratas terão igualmente propensão para raptar e matar raparigas adolescentes. Aplique-se, portanto, o lápis azul.

Quando o lápis azul tem bons sentimentos

Na sempre imperdível coluna do provedor do leitor do “Público” Rui Araújo divulgou no domingo uma mensagem do Alto-Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, dando conta de que o supracitado organismo não ficou nada satisfeito com a notícia “Dois romenos detidos por copiar cartões de Multibanco”. Entre outras “recomendações” enviadas por Rui Marques, transcrevem-se duas, com a devida vénia:

“Vem a Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial

(...)

2 - Solicitar aos meios de comunicação social, sempre num quadro de respeito pela sua independência editorial, que evitem na construção das notícias a referência a nacionalidade, etnia, religião ou situação documental, sempre que esta não seja um eixo explicativo do essencial da notícia.

3 - Convidar os editores dos diferentes meios de comunicação social a ponderarem se o peso relativo que é atribuído no espaço mediático a acções de detenção de imigrantes em situação irregular em Portugal, bem como o tom das notícias sobre essas operações, corresponde a uma opção rigorosa, equilibrada, proporcional e com respeito pela dignidade humana.”

E pronto: afinal é fácil resolver os problemas que assolam os imigrantes em Portugal. Se há redes mafiosas que canalizam mulheres do Terceiro Mundo para prostíbulos onde lhes retiram os documentos e cobram quantias irreais pela viagem de regresso, basta não fazer notícias sobre tão incomodativas realidades. Ou então calcular-lhes o “peso relativo” de modo a que não passem de breves incapazes de captar a atenção de quem folheie o jornal de forma apressada. De igual modo, qualquer crime perpetrado por um imigrante - legal, ilegal, whatever... - pode perfeitamente ser silenciado a bem da “tolerância e afecto pela diversidade” que são “particularmente condicionados pela percepção que a opinião pública tem dos imigrantes e das minorias através dos média”.
Rui Marques terá certamente as melhores intenções ao enviar esta mensagem ao provedor do leitor do “Público”. Mas eu imagino-me durante uns segundos como um imigrante que procurou Portugal e dedica-se a trabalhar de forma honesta para garantir o seu sustento e o da sua família. E pergunto-me se ficaria feliz perante a torrente de condescendência patente nas tais recomendações. Se eu sou um cidadão honesto que faz o seu trabalho e relaciona-se com os outros de forma cordata, o que me importa se nos jornais aparecerem notícias segundo as quais alguns dos meus compatriotas, pessoas que nunca sequer conheci, cometeram crimes de maior ou menor gravidade? Posso estar enganado, mas não me parece que me importe ao ponto de advogar o recurso à censura.

Repeat after me: herrar é umano!

Um diário de referência conseguiu nos últimos dias publicar “sensurar” e “banca rota” em vez de “censurar” e “bancarrota”. Haverá alguma relação entre isto e a constante quebra na venda dos jornais?

Guess who but don’t sue

Quem no sábado tiver lido com atenção a última crónica da misteriosa Cidália, cujas aventuras afectivo-sexuais surgem todas as semanas na revista “Notícias Sábado”, ficou com uma ideia mais clara acerca da sua identidade. Tudo indica que se confirma um rumor que a apresenta como uma jornalista que à primeira vista dificilmente seria mais diferente do seu “alter ego”. Aceitando estas indicações como correctas, ficam duas pistas: a pessoa em questão tem o cabelo preto e reside numa avenida com nome de cidade sul-americana.

Abram alas para o clube do regime

Um determinado banco de capitais públicos chamado Caixa Geral de Depósitos, dará nome ao centro de estágios do Sport Lisboa e Benfica. Segundo a notícia do “Correio da Manhã”, o contrato de “naming”, válido durante os próximos cinco anos, insere-se “num pacote financeiro que permitirá ao clube ter condições mais vantajosas na amortização da dívida”. Moral da história: ainda bem que vivemos em Portugal e não num pântano de negócios bizarros como a Itália.

A mais chocante conclusão a retirar do Salão Erótico de Lisboa

Uma elevada percentagem das muitas visitantes estavam vestidas de forma mais indecorosa do que as artistas.

Singela homenagem a Uderzo e Goscinny

O ar estava hoje tão pesado enquanto percorria as ruas de Lisboa que dei por mim a temer que o céu me caísse na cabeça.

História de Portugal sem segredos (III)

Escusado será dizer que mesmo o regicídio é capaz de ter explicação. Rezam as más línguas que D. Carlos era useiro e vezeiro em proferir as mais torpes insinuações acerca da desenvoltura na alcova das progenitoras e irmãs dos carbonários.

História de Portugal sem segredos (II)

D. João II só apunhalou o duque de Viseu em resposta a uma pérfida provocação. O defunto teve a ousadia de dizer que o monarca português era filho de uma pirata dos mares sarracena.

História de Portugal sem segredos (I)

A verdadeira razão que leva o Ministério da Cultura a colocar entraves à abertura do túmulo de D. Afonso Henriques é a convicção, fundada em documentos descobertos aquando das obras de ampliação da casa-de-banho de Manuel Maria Carrilho, de que o primeiro rei de Portugal era na realidade um vizir mouro com um problema de descoloração da pele (em suma, um Michael Jackson "avant la lettre") que conseguiu ludibriar a rude nobreza de Entre-Douro-e-Minho. Isto até explicaria a obsessão em pelejar e enclausurar a suposta mãe, mas o Governo crê que os portugueses não estão preparados para ouvir os insultos xenófobos de Marco Materazzi.

Piada tão seca que nem ajuda a que o dedo vire as páginas

Recomenda-se aos entusiastas de práticas sadomasoquistas que não corram às livrarias para comprar o "Margarita e o Mestre" de Bulgakov. Não só o livro não tem quaiquer ilustrações como o seu conteúdo poderá revelar-se um tremendo balde de água fria.

Porque hoje é quinta-feira e os textos estão entregues...

...posso lembrar-me de que esta semana tive a confirmação de que ajudei a fazer justiça ao meu avô materno, um homem que já teria mais de 100 anos se ainda cá estivesse. Trabalhador incansável, inteligente até mais não, poupado no limite da avareza e talvez demasiado asfixiante para quem o rodeava. Olhando para trás, para as minhas recordações de pré-adolescente, devo reconhecer que esse meu avô materno era como um eucalipto pronto a tudo secar à sua volta. Mas também era aquele que nada temeu enfrentar para que os filhos que um dia terei nunca venham a passar pelas coisas terríveis que lhe moldaram tantas qualidades-defeitos de personalidade e o impediram de ser um professor doutor como o meu igualmente admirável avô paterno. Ter ajudado a que tantos anos depois da sua morte lhe fizessem justiça é uma das coisas mais importantes que realizei nestes 33 anos de vida. Até porque fiquei a merecer um pouco mais ser o neto de alguém literalmente “bigger than life”.

Piada seca com a devida vénia ao corta-fitas Pedro Correia

Realismo maggico é o que sucede quando nos apercebemos de que as sopas Maggi não valem nada em comparação com aquelas que a nossa mãezinha fazia.

Confissão de um "jornaleiro" em dia de fecho

Uma das melhores coisas do meu trabalho são os momentos em que fico convencido de que ando a desperdiçar a massa cinzenta. Bem melhor seria abrir uma agência de detectives e, qual Bogart dos tempos modernos, descobrir “the stuff dreams are made of”.

Porque o mundo é feito de mudança

A revolução das mentalidades chegará a encontrar limites? Se a segunda edição do Salão Erótico de Lisboa ficará marcada pela atenção às práticas sadomasoquistas e fetichistas, o que nos garante que daqui a uma década não poderá chegar a vez dos espectáculos de zoofilia?

Há gente para tudo (e ainda bem que assim é)

Estava eu a tirar uma dúvida na Internet quando descobri um encantador blogue italiano dedicado a recriar o célebre diálogo entre Zidane e Materazzi. Continua a ser um ignorante (pelo menos) no que ao Blogger diz respeito e não consigo deixar o “link”, mas recomendo a todos que passem pelo “site” dilloazidane.wordpress.com.
Quase todos os diálogos estão em italiano mas os que dependem menos de calão ou regionalismos são razoavelmente fáceis de decifrar. Como aperitivo deixo dois exemplos nada politicamente correctos:

Materazzi: - Zizou, é verdade que vieste de avião para Berlim?
Zidane: - Claro!
Materazzi: - Em que arranha-céus aterraste?

Materazzi: - Zizou, é verdade que a tua irmã vive na India?
Zidane: - Não! De onde tiraste essa ideia?
Materazzi: - É que lá as vacas são sagradas!

Escusado será dizer que cada um dos diálogos termina com a cabeçada do francês no italiano.

Piada inserida numa estratégia de “alegria no trabalho”

Tal como o Pierluigi Collina, também já não apito. Vá lá que ainda tenho cabelo.

Não é sexo, não é futebol, mas também dá prazer

A melhor consequência de não ter visitado o meu “press center” durante umas quantas semanas é que em menos de um minuto retiro das prateleiras as últimas edições da “Esquire”, da “Premiere” e da “Mad”. Agora só me falta deixar de ser um moço responsável e cumpridor, pois a verdade é que, devido aos textos que ainda tenho de escrever, provavelmente só lerei as revistas na noite de quinta-feira.

Impressões de quem viaja de táxi (II)

Não me canso também de notar como o Jardim Zoológico de Lisboa ocupa uma área relativamente pequena. Como é possível que aquilo me parecesse uma imensidão quando tinha doze ou treze anos e lá entrei pela última vez?

Impressões de quem viaja de táxi (I)

Quando o Mercedes percorre a Avenida Lusíada dou por mim a pensar, perante a quantidade de novas urbanizações a serem construídas, que a cidade tem em si a capacidade de apoderar-se do mais ínfimo terreno baldio. Em Medicina há um nome muito feio e temido para a doença que faz mais ou menos isto às células.

Desabafo de quem só dormiu cinco horas para estar às nove e meia da manhã no visionamento do “Piratas das Caraíbas 2”

Fico sempre perturbado quando revistas de cinema com alguma credibilidade põem o pirata Jack Sparrow interpretado por Johnny Depp nas listas das personagens marcantes da sétima arte. É evidente que Depp se divertiu muito nas filmagens do “Piratas das Caraíbas” original e na sequela a cujo visionamento fui hoje submetido. Mas os actores de filmes porno que tenho andado a entrevistar "a propos" do Salão Erótico de Lisboa também se divertem muito durante as gravações.

Conselhos práticos para quem pretende chegar longe

Quem sonha levar uma marrada de um ídolo das multidões durante um evento transmitido em directo para milhões de telespectadores deve desde já aperfeiçoar o vocabulário. “La tua sorella è proprio una troia” é uma frase que pode garantir o melhor desfecho. Quando chegarem as autoridades basta insistir que se pretendia apenas dizer: “A tua irmã parece mesmo da península de Tróia.”

Cenas que gostaria de ver

Marco Materazzi provaria ter testículos de aço se aproveitasse o defeso para transferir-se do Inter de Milão para o Olympique de Marselha.

E eis que revelo a minha faceta de Zandinga

Há três figuras ligadas ao futebol português que têm um futuro na política portuguesa caso o desejem. Ausente do país há demasiado tempo, Carlos Queirós começa a perder a aura de artífice da “geração de ouro”. José Mourinho tem contra si uma arrogância estrutural difícil de escamotear. Já Luís Figo é um líder nato, carismático e que tem extrema facilidade em conquistar a confiança das massas. A não ser que encontre melhor para fazer - como passar de multimilionário para megamilionário - é possível que dentro de uma década esteja num governo. E não necessariamente enquanto secretário de Estado do Desporto...

Deve ser isto que o Paul Simon cantava

De madrugada a cidade é dominada pelo silêncio. De tal forma que, estando eu à janela na Avenida dos Estados Unidos da América quando o relógio se dirigia para as quatro, consegui ouvir distintamente o ruído de uma folha seca a soltar-se de uma árvore. Concentrado na minha descoberta não dei logo conta que não é tão normal quanto isso haver folhas secas no início do Verão.

A vida tal como ela é

No caderno de classificados de um dos diários saiu hoje um discreto anúncio através do qual uma mulher tenta entrar em contacto com o homem de quem foi madrinha de guerra há 40 anos. Invisto uns minutos a imaginar ficções baseadas neste facto e maravilho-me com a quantidade de caminhos para onde a história pode encaminhar-se. Voltando à Terra limito-me a esperar que ela o consiga encontrar.

Nietzsche e Nokia: a mesma luta

A escrita inteligente do meu telemóvel é capaz de prever palavras como “Liedson” ou “Deivid” mas não reconhece “Jeová”.

Vai ACIME e vai abaixo

O eterno Daniel Cohn-Bendit veio dizer ao mundo que a selecção francesa é o melhor exemplo de integração de pessoas oriundas de todas as partes do mundo. Sem querer ser desagradável ou convidado para a próxima convenção nacional do PNR, permito-me contestar a conclusão do eurodeputado: o facto de uma selecção europeia ter (no conjunto formada pelos habituais titulares e suplentes regularmente utilizados) apenas quatro brancos, dos quais um é magrebino, outro tem cara de toninho e um terceiro faria furor num “casting” para personagens secundárias de “O Senhor dos Anéis”, acaba por ser estatisticamente suspeito quando se tem em conta o universo dos principais futebolistas gauleses. Será que, além de não convocar nativos de certos signos do Zodíaco, o magnífico Domenech também não aprecia pessoas mais pálidas?

O crepúsculo de um deus

Não tenho grande moral para escrever este “post”. Continuo a acreditar que, pelo menos numa ou duas ocasiões, deveria ter reagido de forma violenta a provocações e iniquidades. No entanto, aquilo que Zidane perpetrou na final do Mundial é grave ao ponto de apagar uma dúzia de temporadas em que profissionalismo e amor pelo futebol misturaram-se em doses sábias. E aquela agressão parece incompreensível numa altura em que, no mínimo, o prémio de melhor jogador do torneio estava garantido. Fiquei muito contente com a vitória da Itália - quando Materazzi empatou, apagando a vantagem decorrente do penálti duvidoso convertido de forma exemplar pelo próprio Zidane, gritei impropérios só comparáveis aos que proferi aquando da expulsão de Rooney -, mas não com o triste crepúsculo de “Zizou”. Será que podemos fazer “rewind” e apagar aqueles segundos? Eu apoio a iniciativa desde que Trezeguet volte a falhar o penálti.

P.S. - Afinal Zidane sempre ganhou o prémio. Concedido pelo mesmo comité técnico que puniu Cristiano Ronaldo pelos seus mergulhos. Critérios...

E agora umas palavras de conforto para os “enfants de la patrie"

Quem com penáltis fere, com penáltis morre.

SMS que ontem enviei a umas quantas pessoas*

Grazie Italia per avere scopato gli cagacazzi!

*Não posso garantir que os jogadores franceses sejam "cagacazzi” no sentido literal da palavra, embora aquele hábito de passear os dedos pelos lábios que caracteriza o seleccionador Domenech dê que pensar.

Homenagem ao saudoso João Pinto

O meu coração só tem uma tricolor: verde, branca e vermelha.

Quando as boas notícias têm o seu quê de más

Pode ser que Pauleta recupere da amnésia e volte a marcar golos hoje à noite.

Máxima antigaulesa da semana

Quem pode confiar num povo que utiliza a mesma palavra para cachimbo e “fellatio”? Como diria o Magritte, “ceci n’est pas un pipe”.

Obrigatório fazê-lo na noite de domingo

Passar 90 ou 120 minutos sempre a gritar: "Forza Italia, vince per noi!"

Revisionismo chega à mitologia grega

Bem que o vírus H5N1 teria dado um certo jeito a Prometeu quando a águia lhe devorava o fígado.

Variação sobre o mesmo tema (mas com sotaque brasileiro)*

No domingo quero que a França “zi” dane!

*esta tem “copyright” da minha better-half.

Lição de italiano sem mestre

A domenica siamo tutti italiani!

Privilégios de quem utiliza transportes públicos

Caso tivesse apanhado um táxi hoje de manhã não teria a possibilidade de observar um cidadão de respeitosa cabeleira grisalha a manusear com evidente mestria o seu corta-unhas algures no trajecto entre Roma e Arroios.

Descoberto mais um segredo de Lisboa

Utilizei hoje, pela primeira vez, a estação de Metropolitano das Olaias. Já conhecia as famosas colunas das raras vezes em que viajo na Linha Vermelha, mas só agora dei conta da arquitectura desmesurada que transforma aquele espaço numa espécie de versão pluricromática dos gigantescos edifícios que a vitória da Alemanha Nazi teria oferecido ao mundo.

Confissões do conservador mais liberal que conheço

Acabei de chegar da conferência de imprensa do Salão Erótico de Lisboa. Entre os oradores havia actrizes porno, actores porno, transformistas e representantes das Publicações Europa-América (juro que não estou a inventar). Aquilo que me perturbou mais foi o cheiro a suor que uma camarada de profissão exalava enquanto ia tirando notas.

Piada com pretensões a inteligente acerca das ocorrências de ontem à noite

Pois é, França: Cousteau, mas foi!

Umas quantas reflexões mais a frio (VI)

Aqui que ninguém nos ouve, não teria sido má ideia naturalizar Liedson.

Umas quantas reflexões mais a frio (V)

Ricardo atirou-se para o lado certo em cinco penáltis consecutivos, dos quais defendeu três. Isto não pode ser mera sorte. Quem tiver um pingo de curiosidade deve perguntar ao guarda-redes e ao seu treinador Brassard qual é o segredo de tamanha eficácia.

Umas quantas reflexões mais a frio (IV)

Nem tudo são más notícias. Entre os convocados para o Mundial, há muitos titulares e suplentes que terão lugar cativo na campanha do Europeu (Ricardo, Miguel, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Fernando Meira, Caneira, Maniche, Deco, Simão, Cristiano Ronaldo). E da próxima vez Jorge Andrade não ficará reduzido a animar o grupo e a gravar anúncios de televisão.

Umas quantas reflexões mais a frio (III)

A provável saída de Luís Figo e de Costinha abre também caminho para Manuel Fernandes (ou Raul Meireles?) e João Moutinho entre os mais velhos. Mas será um crime esquecer o intermitente Carlos Martins, dono de uns pés e de uma visão de jogo que não consigo vislumbrar em Tiago e Hugo Viana.

Umas quantas reflexões mais a frio (II)

Sem Pauleta e Nuno Gomes, chegou a hora de Cristiano Ronaldo assumir-se como o ponta-de-lança da selecção. Tem físico e bom jogo aéreo (embora tenha margem de progressão) para desempenhar o papel. Perderemos um dos melhores extremos do mundo mas temos, além de Simão Sabrosa, Ricardo Quaresma e Nani prontos a lutar pela titularidade.

Umas quantas reflexões mais a frio (1)

Caso Luiz Felipe Scolari continue, Nuno Gomes terá forçosamente que retirar-se da selecção. A humilhação de ficar no banco a ver o inoperante Hélder Postiga no relvado não pode passar impune. E quem escreve isto é insuspeito de ter grande consideração pelo avançado do Benfica.

O desfecho podia ter sido bem pior

Apesar da tristeza decorrente da derrota, há quem tenha ficado a ganhar. E eu sou um deles, visto que no calor do jogo prometi em voz alta (e com uma testemunha a ouvir) que aplicaria a nacionalista tatuagem ontem oferecida pelo “Diário de Notícias” numa parte recôndita do meu corpo caso Portugal lograsse a reviravolta. Aposto que me livrei de uma consulta dermatológica capaz de suplantar os Insólitos da Yorn.

É lamentável, mas não deixa de ser realidade

Está provado que Portugal só conseguirá derrotar a França quando Le Pen vencer as eleições presidenciais e os "bleus" ficarem privados de Henry, Wiltord, Saha, Malouda, Gouvou, Makelele, Vieira, Abidal, Thuram e Gallas.

Prenúncio do que tinha de ser

Percebi logo que algo poderia correr mal quando cheguei ao "shopping" do Campo Pequeno e reparei que uns energúmenos que largaram os respectivos empregos mais cedo do que eu haviam esgotado o "sushi".

Foi bonita a festa pá!

Faltou um bocadinho assim - basicamente o Postiga não ter entrado para estorvar Luís Figo no lance que poderia ter salvo a selecção -, mas há que dar parabéns a todos. Até aos que manifestamente fazem apenas o que podem, como Fernando Meira ou Nuno Valente. Espero que os empunhadores de bandeiras e escaladores de monumentos se lembrem que o terceiro não é necessariamente o segundo dos últimos. Ou, se a equipa anfitriã levar o prémio de compensação, que o quarto classificado também não é o terceiro dos últimos.

Início de fábula à procura de uma continuação

Era uma vez um delator profissional consciencioso ao ponto de só denunciar pessoas às autoridades competentes. Os escrúpulos impediam-no de o fazer quando verificava que as autoridades eram incompetentes.

Piada de mau gosto e que demonstra deficiência de multiculturalismo

No mundo ocidental há quem acenda velinhas. É um costume questionável, mas não tanto quanto o (não muito antigo) costume de, em caso de viuvez, acender velhinhas nas piras funerárias.

Anúncio oficial de suspensão temporária de convicções religiosas

Até eu, que tenho escassa tolerância pela idolatria professada pela maioria dos católicos, não me importo que Luiz Felipe Scolari acenda uma velinha à Nossa Senhora do Caravaggio.

Amália Rodrigues adaptada para o casal de “swingers” da telenovela da TVI

“Uma promessa de beijo/ Seis braços (no mínimo) à minha espera/ É uma casa portuguesa com certeza/ É com certeza uma casa portuguesa”

Mais um injustiçado pela História

Começou o julgamento da morte do transexual brasileiro que as ruas do Porto conheciam enquanto Gisberta. E, como seria de esperar, dois dos jovens ouvidos na primeira sessão apressaram-se a garantir que não pretenderam matar o enfraquecido imigrante a quem atiraram para um buraco num prédio arruinado após dias de sevícias capazes de fazer salivar os coleccionadores de “snuff movies”. Adivinho já que uma sentença que dê crédito aos seus argumentos poderá alterar para sempre o imaginário da Europa Central. Se os inocentes gaiatos que enfiaram paus pelo ânus de Gisberta não pretendiam matar é muito provável que Vlad, o Empalador, mais conhecido por conde Dracula, também fosse um humanitário.

"Disclaimer" para prevenir processos judiciais

Será que o alto-comissário para a Imigração e Minorias Étnicas ficará muito zangado se eu escrever, na remota hipótese de tudo correr mal amanhã à noite, que a França é a “bête noire” de Portugal?

Garantia do neto de um ex-bastonário da Ordem dos Farmacêuticos

Rir é o melhor remédio mas a Cecrisina é um "close second".

Um nicho de mercado que ainda ninguém ousou explorar

Três actrizes e um actor do cinema adulto chegam esta semana à capital portuguesa para promover o Salão Erótico de Lisboa. Parece-me apropiado. Nestes últimos tempos a vida real assemelha-se a um Salão Thanático.

Actualização de Manuel Alegre para os tempos modernos

Procuro no Hotmail
Notícias do meu país
E o Hotmail cala a desgraça
E o Hotmail nada me diz

Contra os bretões, vigorosa estirada para a direita

Perante os acontecimentos de sábado à tarde começo a desconfiar que a mais velha aliança do futebol é aquela que existe entre os penáltis ingleses e as mãos de Ricardo.

"Gaffe" escondida com...

Da melhor voz sai a "gaffe". Citando um comentário de José Miguel Júdice, Eduarda Maio asseverou hoje pela manhã, para o imenso auditório da Antena 1 ouvir, que Luís Amado e Nuno Severiano Teixeira são ministros que conhecem bem a língua de José Sócrates. Só depois corrigiu língua para linguagem.

Começar a semana da melhor forma

Há cerca de 30 minutos vi um autocarro da carreira 17 a descer a Avenida dos Estados Unidos e, sem pensar nas limitações próprias dos meus cento e tal quilitos, desatei a correr na esperança de chegar à paragem antes do transporte público. Logrei cumprei o objectivo e suponho que, a este ritmo de reforço da minha capacidade de sobrevivência, muito rapidamente conseguirei capturar pequenos animais selvagens.