Friday, March 30, 2007

Ocupação de tempos livres


Se a primeira vítima da guerra é a inocência, a primeira vítima da minha entrada para o "Correio da Manhã" foram os tempos livres - este psitacídeo também sofreu danos colaterais, mas nada que uma renovação de plumas não cure - e as horas de sono. Dito isto, tenho de reservar um buraco na agenda no final da próxima semana. É já na quinta-feira que chega a Portugal o filme "300", a extravagância visual de Zack Snyder que recria a batalha em que três centenas de espartanos enfrentaram no mais desigual dos combates incontáveis exércitos do Império Persa. O meu fraquinho por ultraviolência estilizada superará qualquer obstáculo.

Thursday, March 29, 2007

Em vez de sete pecados capitais, um pecado nas ruas da capital

Quando caminho em passo apressado pelos quarteirões da Avenida de Roma cruzo-me mais vezes do que seria estatisticamente plausível com um determinado cidadão tranquilo. Nunca nos cumprimentamos, muito embora eu saiba perfeitamente quem ele é e não me admire que ele também faça ideia de quem eu sou. Da metamorfose de introvertido para folgazão com que ocupei o início da vida adulta ficaram uns quantos resquícios daquilo que durante muitos anos fui e um desses é a extrema relutância em interpelar alguém a quem não tenha sido formalmente apresentado. No entanto, mesmo sem nunca ter trocado uma sílaba com esse homem de idade próxima da minha e ideias quanto ao mundo assaz diferentes, atormenta-me a constatação de que o invejo. Ao cruzar-me com esse cidadão tranquilo imagino-o enquanto soberano absoluto das suas horas, coisa de que não posso orgulhar-me. Estou até hoje para ler um dos muitos livros com que vai construindo uma obra para as gerações vindouras mas a percepção de que logrou programar a existência para poder criar universos só me maravilha na fracção de segundo que demoro a reparar no modo como os meus finitos segundos são geridos em função de outros interesses. Eu pecador me confesso.

Eu e o meu abominável calcanhar de Aquiles


Se a metafísica é a consequência de estar maldisposto, o que ocupa o cérebro de alguém que padece de insuportáveis dores de dentes?

Tuesday, March 27, 2007

"Post" politicamente incorrecto do dia


Amanhã entramos em campo com Ricardic, Miguelic, Andradic, Carvajic, Ferreiric, Petitic, Tiaghic, Moutinic, Quaresmic, Sabrosic e Cristjan Ronaldic (ou, em caso de lesão, Nun Gomic). E não sairemos da Sérvia sem mais três pontos contabilizados.

Ainda mais "Grandes Portugueses"

Quando a deputada Odete Santos refere a modéstia como o principal defeito de um líder que assinou por baixo violentos crimes contra a liberdade cometidos pelo astro-rei que escolheu como modelo a adoptar para a sociedade portuguesa fica aberto o precedente para que alguém venha explicar aos portugueses que o principal defeito de Oliveira Salazar era ser tão poupado que chegava a ter buracos nas solas das botas.

Monday, March 26, 2007

Vão-se os Ralha, fica o Hobbes


Ao longo das quase duas décadas de vida do "Público" houve duas constantes: a insana repetição das tiras "Calvin & Hobbes", ignorando o facto de o criador se ter fartado das suas criações há muitos anos, e a permanente presença no diário da Sonae de representantes de um dos nomes de família que menos peso dão às Páginas Amarelas. A primeira foi a ilustradora e gráfica Ivone Ralha, fundadora do diário então liderado por Vicente Jorge Silva. Quando eu apareci em 1995, menino e moço, perguntaram-me se era parente dela. Tanto quanto sabia, e continuo a saber, não existe qualquer grau de parentesco. Mas passámos a ser dois. Seguiu-se a minha irmã Diana - para agravar as coincidências, a Ivone tem uma filha com o mesmo nome -, que aparecia ao final da tarde para importar, com uma rapidez de manuseamento do Excel perturbadora, os dados da Bolsa de Valores de Lisboa. Nas vésperas da chegada de 2000 encetei uma demanda de redacções distantes da qual não me arrependo, não obstante todos os perigos e guerras esforçados que tal mudança de rumo acarretaram. A Diana foi promovida de "menina das bolsas" a jornalista da editoria de Economia. A certo momento coleccionou manchetes. Mas apareceu a Carolina. Quando a minha irmã regressou da baixa de gravidez tinha os seus pertences empacotados e guia de marcha para o Local Lisboa. A despromoção era evidente mas, comprovando as teorias do professor Darwin, a Diana adaptou-se à nova realidade, pelo que continuaram a haver dois representantes dos Ralha no "Público". Mas num dia igual a tantos outros a Ivone decidiu tentar a sorte no "Diário de Notícias". Restava a minha irmã. Já não resta. Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida. O "Público" ficou sem nenhum Ralha. E a não ser que a Ivone regresse numa manhã de nevoeiro está quebrada uma tradição mantida entre 1990 e 2007.

Força, força, camarada Odete


Não estou preocupado por aí além, pois mantenho o hábito de reservar a minha quota de emissões de abstenção para os exercícios de teledemocracia. No entanto, visto que ainda não meti os pés fora de casa, interrogo-me se a deputada Odete Santos já conseguiu que uma qualquer célula do PCP identificasse todos quantos gastaram preciosos cêntimos a votar em Oliveira Salazar para que sejam quanto antes acusados de crimes contra a Constituição da República Portuguesa. A não ser, claro está, que transportem sempre consigo um documento emitido pela futura Comissão de Extinção da Liberdade de Opinião que deixe bem claro que o número de telefone utilizado para cometer a ignomínia foi apropriado por um agente da reacção.

Os despojos da noite televisiva


Aproveitei a iminência da folga para acompanhar o programa "Grandes Portugueses" até ao fim. Maravilhei-me com a forma como Ana Gomes esqueceu as atrocidades cometidas por Vasco da Gama no contacto com os povos que encontrou ao longo das suas viagens. Diverti-me com a voracidade com que a descendente de Fernando Pessoa afastou a possibilidade de o grande poeta ser alcoólico e homossexual muito embora não seja (como é óbvio) sua contemporânea. Quando chegou a altura de apresentar o "pódio" estava já conformado com a possível ordem em que apareceriam Oliveira Salazar, Álvaro Cunhal e Aristides de Sousa Mendes: as três principais figuras da História de Portugal não podem ser um ditador que dedicou a vida a isolar o país numa espécie de quarto de hospital esterilizado, um tenebroso líder partidário cúmplice do único tipo de regime no mundo ocidental capaz de concorrer em barbárie com o nazismo e um diplomata cuja influência para aquilo que somos é mínima, muito embora tenha feito algo extremamente louvável na presumível consciência de que tal acarretaria pesadas consequências para o seu bem-estar futuro. Nenhum destes homens supera D. Afonso Henriques, D. João II, o Marquês de Pombal, Fernando Pessoa, Luís de Camões ou os "ausentes" Nuno Álvares Pereira e Afonso de Albuquerque. Portanto resta assinar em baixo a primeira reacção do inacreditavelmente sereno Jaime Nogueira Pinto perante a totalitária comoção de Odete Santos: foi um concurso, nada mais.

Friday, March 23, 2007

Papagaio Morto envereda pelo serviço público

O relógio avança uma hora de sábado para domingo. Palpita-me que nem darei conta. Para mim o fenómeno chegou com uns dias de avanço.

Quando o Natal chega em Março


À tardia hora a que escrevo estas linhas largas centenas de portugueses estarão ainda a ler o manual de instruções das Playstation 3 novinhas em folha que introduziram no recato dos seus lares. Observo o fenómeno enquanto jornalista, antigo estudante de Ciências Sociais e conservador. Constato duas coisas: encaro como vagamente imoral o acto de trocar 1,5 salários mínimos nacionais por uma consola de jogos (muito embora quem tenha auferido, de preferência honestamente, esse dinheiro tenha até a liberdade de o ofertar às gaivotas) e não encontro motivo para substituir a Playstation 2 que, nas diminutas horas livres, me permite erguer a Taça Konami do Pro Evolution Soccer 6 graças aos golos de Liedson, Djaló, João Moutinho e (ao inverso do que sucede no mundo real) Carlos Martins.

Thursday, March 22, 2007

Serviços mínimos após a hora de fecho

De cada vez que um futebolista brasileiro chega a Portugal fico à espera que se repita a célebre história do chumbo nos exames médicos. Pela minha parte não se chegou a tanto. Mas descobri que vejo bastante pior do olho esquerdo que do direito. Uma má notícia na qual logro discernir uma aspecto positivo: confirma-se que me encontro no quadrante político mais adequado.

Tuesday, March 20, 2007

Isto talvez explique muita coisa...


Peçam à pessoa mais depravada do vosso círculo de amizades para dizer a primeira coisa que lhe vem à cabeça ao observar o símbolo do CDS/PP. Se o resultado não for satisfatório (ou seja, se não comprovar a minha irreproduzível teoria) terão de procurar amigos de pior estirpe.

Continuo a pedir-vos que acreditem que não estou a inventar nada disto

O caçador de leões com apito ao pescoço chamado Paulo Costa expulsou no domingo um futebolista do Penafiel que tinha acabado de fracturar a tíbia e o perónio. Menos mal... Se o infeliz profissional da bola tivesse sucumbido a uma paragem cardíaca era provável que o relatório do inigualável árbitro advogasse a sua irradiação.

Sunday, March 18, 2007

O primeiro dia do resto da minha vida


O "Correio da Manhã" faz parte da minha existência há tantos anos quantos os que o matutino leva de vida. Na definição da sua linha gráfica teve intervenção privilegiada o meu pai, José Manuel Ralha, ao lado do qual conheci, menino e moço, as primeiras redacções - ainda me lembro da primeira vez que presenciei a então revolucionária fotocomposição - que haveria de pisar. Reencontrei-o na adolescência, estando até hoje grato ao Vítor Direito pelas páginas centrais da revista de domingo. Ao longo da minha carreira observei-o à distância, sempre atento a um diário que tem a notícia inscrita no código genético. Muitas vezes desconfiado de que a corrente acabaria por me levar a esse destino. Hoje começa uma nova aventura. Brindemos todos a isso.

O verdadeiro mestre da burrice


Suportei meia-hora do tão falado "A Bela e o Mestre". Impressões? A verdadeira estrela é o co-apresentador José Pedro Vasconcelos, o qual faz com que Roberto Benigni na entrega dos Óscares pareça um porta-voz do Valium. Da sua boca saíram esta noite pérolas preciosas aquando da já célebre prova em que as nutridas concorrentes são chamadas a identificar figuras históricas e da actualidade através de fotografias e desenhos. Depois de explicar que Brigitte Bardot é "uma senhora que passou-se" e que Condoleezza Rice é alguém "de quem não gostamos muito neste lado", Vasconcelos esteve a um passo de salivar enquanto desfiava o currículo de "Che" Guevara em Cuba e outras paragens. Esquecido ficou o facto de uma das grandes obras do argentino mais icónico de sempre tenha sido mandar fuzilar uns milhares de opositores à gloriosa revolução cubana, detalhe insignificante quando Brigitte gosta mais de cães do que de imigrantes marroquinos e Condoleezza serve o tenebroso George W. Bush. As concorrentes de "A Bela e o Mestre" são burras? Não faço a menor ideia mas desconfio que sejam apenas ignorantes (ainda que uma delas tenha reconhecido Gandhi). Burro é quem, sem ser necessariamente ignorante, consegue debitar tantas burrices para uma audiência de pelo menos um milhão de telespectadores.

Eu pecador me confesso

Nos seus primeiros dois ou três anos de permanência no plantel várias vezes pedi aos céus que Rodrigo Tello fosse enviado para um clube da segunda divisão espanhola.

Friday, March 16, 2007

Resolução pós-formação profissional

Terminada a minha passagem pelo Instituto de Formação Bancária, numa experiência de três meses assaz enriquecedora em termos profissionais e sobretudo humanos, vou abandonar o terrível hábito de acordar às sete e meia. Doravante marcarei o despertador para as oito e meia. Just to show I can!

E agora uma "private joke" que umas dúzias de pessoas conseguirão entender

Devo ser um dos raros portugueses satisfeitos por finalmente estar atrás das grades.

Thursday, March 15, 2007

Declaração de intenções

Leitura para as próximas semanas: Código Penal e Código de Processo Penal. Duvido que algum dia ganhem o prémio Booker mas palpita-me que não darei o meu tempo por mal gasto.

Filosofia às nove da manhã

Aprendemos mais com as dúvidas do que com as certezas. E mais com as tentativas do que com os erros.

Wednesday, March 14, 2007

E para conseguir umas gargalhadas basta chamar-lhes Sean

Poucas coisas me confundem tanto quanto a imensa capacidade de armazenamento de informação das drives USB (vulgo "pen"). Quando cinco anos de árduo trabalho cabem em algo que é transportável no porta-moedas há que redefinir prioridades.

Alarmante sinal de apego excessivo às lides domésticas

Os dias começam a ficar mais bonitos e a primeira coisa que vem à cabeça é o facto de a roupa secar mais depressa no estendal.

Tuesday, March 13, 2007

Repitam comigo: Endemol is bliss!

Pessoas mais imprudentes do que o autor deste blogue ocuparam preciosas horas de vida a observar o "reality show" que mistura mulheres bonitas e homens inteligentes. Entre os atestados de burrice das representantes do sexo feminino mais gritado aos ventos consta a incapacidade que todas as senhoritas "barmaids" demonstraram em reconhecer um cavalheiro que aparecia numa fotografia como o ditador Fidel Castro. Peço desculpa a quem tenha mais douta opinião, mas este detalhe quase me dá vontade de assistir a próximas emissões da última dose de besteirol catódico oferecida aos portugueses pela TVI. É que raramente foi tão comprovada a orwelliana máxima que associa a ignorância à felicidade: há milhões de cubanos que também não se importariam de nada lhes vir à cabeça ao observarem um retrato do "el comandante".

Se para o Penim fosse assim tão fácil...

Este blogue teve hoje um dos seus momentos altos no que toca a audiências. Tudo porque os insondáveis caminhos do Google para aqui encaminharam largas dezenas de internautas desejosos de conhecer a lista de salários do plantel do Sporting. Não sei se me permito ficar contente com um resultado que em praticamente nada depende dos méritos do Papagaio Morto.

Breve interlúdio de auto-reflexão

Um dos formadores do Instituto de Formação Bancária definiu-me ontem, num provável exercício de hipérbole, como a pessoa mais paradoxal que até hoje apanhou nas sucessivas fornadas de desempregados qualificados abrangidos pela medida comunitária Fordesq que são enviados para um determinado edifício da Avenida Cinco de Outubro. A dois dias de completar o curso de formação em Gestão Empresarial de Micro e Pequenas Empresas, o qual me permitiu agregar conhecimentos que talvez não venha a aplicar tão cedo, tenho uma certeza: se houve algo que a acumulação de bolos de aniversário me trouxe foi a capacidade de adaptação a situações novas. O que não deixa de ser uma bênção.

Monday, March 12, 2007

Há bocadinho disseram-me mais ou menos isto...

Come chocolates, pequeno.
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequeno sujo, come!

Escusado será dizer que obedeci.

Leonardo Ralha, por vezes um homem sensato

Pensei ver ontem à noite o novo "reality show" da TVI, aquele que junta mulheres bonitas (mas desprovidas) e homens inteligentes (mas cromos). Pareceu-me que a tortura poderia ser compensada pela aquisição de novos conhecimentos acerca da espiral descendente da televisão-que-temos. Mas acabei por deixar a televisão sossegadinha, confirmando o velho chavão, geralmente aplicado às armas de fogo, de que os objectos letais não são maus em si. Mau é o uso que é feito deles.

Sunday, March 11, 2007

Confissões de um ex-escritor de obituários


Durante um ano ou mais qualquer coisinha incluí entre as rotinas da minha semana de trabalho "matar" alguém. O texto de seis mil caracteres com o defunto da semana tinha de ficar pronto, mais tardar, na madrugada de quarta para quinta-feira. Lembro-me que o primeiro foi o Jorge Amado e ignoro quem terá encerrado o rol. Voluntariei-me para a tétrica missão quase sem dar por isso - suponho que o Paulo Pinto Mascarenhas, então editor de Sociedade e Internacional do "Independente", foi o grande responsável -, mas levei-a muito a sério enquanto a desempenhei. Em vez de confeccionar o texto acerca de alguém que tivesse deixado de respirar no fim-de-semana, eu preferia deixar a semana correr. Em certas edições o sujeito do obituário era óbvio. Noutras a escolha era árdua. Mas na manhã de quinta-feira, mais tardar, o Paulo Pinto Mascarenhas tinha à sua espera um texto que fazia o favor de elogiar quando o autor, pálido e com olheiras enegrecidas, lograva encontrar o caminho de volta para a redacção. Acredito que fui sempre justo com os "meus" mortos. Evitei ser laudatório e descrevi-os enquanto imperfeitos seres humanos que todos somos. Confesso, qual Camilo Castelo Branco no prefácio do "Amor de Perdição", que chorei ao escrever determinados obituários. Assim aconteceu, por exemplo, com o do ex-presidente da TAP Manuel Ferreira de Lima, uma intrigante personagem com a qual me cruzara anos antes. Mas também escrevi coisas desagradáveis porque honestas. Não acredito na santidade adquirida pela morte e nunca terei problemas de qualquer espécie em dizer que morreu um sacana quando ocorrer o óbito de um sacana. Vem isto (ou não) a propósito da morte do Capitão América, personagem de banda desenhada que nunca conquistou o meu imaginário como o Batman, o Homem-Aranha ou o Surfista Prateado. Atrevo-me a dizer que é mau sinal quando um símbolo do "american way" vê reservado tão sombrio final pelos seus criadores. Acrescentaria mesmo que estamos perante um perturbador derrotismo não fora eu ter cabelos brancos suficientes para ter bem presente o "publicity stunt" que há uma década traduziu-se no "não te mexas, morre e ressuscita" do Super-Homem.

Friday, March 09, 2007

A lista de ordenados do Sporting


O que mais me aflige no rol salarial do plantel profissional do Sporting (incluindo alguns "exilados" que continuam a auferir fortunas que explicam o estrangulamento financeiro que impediu reajustes no plantel) não é a questionável decisão do meu camarada Luís Filipe em divulgar o documento no "site" Sportugal nem a reacção musculada dos seguidores de Stromp. O que realmente me perturba é a gestão de activos que leva o jovem lateral-esquerdo André Marques a auferir dez mil euros (suponho que brutos, mas ainda assim...) enquanto evolui - mas não tanto quanto Scolari desejaria, como o próprio seleccionador nacional admitiu em entrevista quando veio à baila a escassez de produção "made in Portugal" para essa posição - no Olivais e Moscavide. Espero que André Marques, tal como outras promessas da formação leonina, chegue a titular da minha equipa e contribua para a sua glória até ao dia em que a frieza dos números o conduza para um endinheirado tubarão do eixo Inglaterra-Espanha-Itália. Mas sei que não é certo que assim venha a acontecer. Nesse caso, um futebolista etiquetado de "close but no cigar" pelos decisores terá extrema dificuldade em encontrar o tipo de oportunidades que, em alguns casos (assim de repente lembro-me do Tonel e do Nuno Assis), o reconduzirão mais tarde a um clube grande.

Enganou-se quem pensou que já não Mexia...

O blogue Estado Civil voltou a ser actualizado. Ainda bem. E por mais do que uma razão.

Febre de sexta à noite

Dou por mim a trautear uma velha musiquinha dos Sétima Legião.

Wednesday, March 07, 2007

Rabisquemos "vidros duplos" na lista de compras

Viver a centenas de metros do Campo Pequeno tem vantagens nos dias em que o centenário edifício não serve de palco a eventos ruidosos. Constato que a gala das "sete maravilhas" está a propagar-se ao lado poente da minha casa e temo que o tormento piore quando chegarmos ao "prime time".

Para cima é que é o caminho

Impressionado com a convicção demonstrada por Ribeiro e Castro nas consecutivas vitórias frente a Paulo Portas e José Sócrates, o Papagaio Morto anuncia que irá ultrapassar o Abrupto em audiências.

A peixeirada de Valência

Graças ao 31 da Armada observei finalmente o animado pós-apito do Valência-Inter de Milão a contar para a Liga dos Campeões. Mais do que a miserável agressão do espanhol Navarro a Burdisso, um colega de Luís Figo que esteve prestes a regressar a Itália desapossado do nariz, retive o bom comportamento dos portugueses do plantel valenciano. Ao contrário do que passou numa célebre discoteca algarvia o lateral-direito Miguel fez o possível por evitar que a confusão alastrasse e o meio-campista Hugo Viana - o melhor produto em termos humanos da formação do Sporting no início do século XXI - destacou-se por manter uma conversa civilizada com o brasileiro Maicon, um dos futebolistas do Inter que perseguiram o cobarde Navarro no relvado, enquanto a polícia evitava que outros companheiros de Burdisso invadissem o balneário da equipa adversária para proceder ao ajuste de contas.

Logo eu que nunca perco uma ocasião para dizer o que penso


Descobri hoje à tarde que no dia anterior realizou-se nas instalações do Tribunal de Comércio de Lisboa a assembleia de credores da Independente Global SA, empresa para a qual trabalhei durante mais de cinco anos e da qual tenho a receber cerca de 30 mil euros. Suponho que o facto de me ter esquecido completamente da reunião na qual teria assento, agendada desde o final de 2006, tem mais a ver com a escassa esperança de recuperar o que me é devido do que com a certeza de que o triste desfecho do "Independente" é um capítulo encerrado. E tanto não é que a juíza até concedeu dois meses suplementares ao gestor judicial para adaptar o plano de recuperação - imaginativo ao ponto de prever que a maior parte da dívida fosse saldada através da concessão de espaço publicitário num semanário gratuito homónimo ou semi-homónimo - delineado pelo ex-administrador-delegado.

Tuesday, March 06, 2007

"The Special One" livrou-se de boa

Por estranho que isto possa parecer, fiquei triste com a derrota do FC Porto. Mas não tão triste quanto Roman Abramovich, o qual decerto esperava o desaire da sua própria equipa para erradicar José Mourinho de uma vez por todas. Até porque as mais recentes declarações do treinador português, lembrando a milionária indemnização a que terá direito em caso de despedimento, soaram demasiado ao célebre apelo "go ahead punk, make my day" que Clint Eastwood tanto repetia nos filmes da série "Dirty Harry".

Espero que o mesmo não se aplique às estantes do Ikea


Fui apanhado de surpresa pela notícia de que o governo de Estocolmo prepara o processo de privatização da Vin & Sprit, conhecida sobretudo enquanto produtora da vodka Absolut. O choque deveu-se à minha profunda ignorância quanto ao verdadeiro significado da menção "Country of Sweden" nas muitas garrafas daquele produto que esvaziei em fases mais líquidas da minha existência. Só agora sei que o meu alcoolismo serviu para financiar o mítico modelo social sueco, o tal que assegura o bem-estar dos residentes desde o berço até à sepultura. Se já não me orgulhava por aí além dos tempos em que bebia quantidades impensáveis de Absolut, com ou sem gelo, com ou sem sumo de laranja, ainda mais pesaroso fico ao saber que andei a alimentar madraços.

Outro São Jorge liquidará o Dragão

A propósito da vergonhosa rábula apiteira que culminou na suspensão de Liedson por dois jogos, um dos quais o "derby" FC Porto-Sporting (no qual um pós-adolescente nascido na Guiné-Bissau irá voltar a fazer-se notado por um guarda-redes nascido no Brasil), reproduzo a ponderada sentença do simpático cavalheiro que me carrega os braços de jornais de segunda a sexta-feira: "A esse Paulo Costa pintava-lhe a bandeira dos Estados Unidos na testa e atirava-o para o Iraque!"

Assinala-se o regresso das piadas secas a este blogue


Confesso-me maravilhado com a brilhante ideia que procura dissuadir as recorrentes tentativas de apropriação indevida de caixas Multibanco. Mas ainda assim pergunto: depois de as notas de euro ficarem inutilizadas pelas descargas de tinta não haverá a hipótese de os meliantes procurarem o auxílio de especialistas em lavagem de dinheiro?

Monday, March 05, 2007

O céu a seu dono


Quantos segundos faltarão até ao inevitavelmente mediático presidente da ASAE, demiurgo de centenas de apreensões de DVD piratas em feiras espalhadas pelos caminhos de Portugal, assumir a responsabilidade por mais 613 mil cidadãos terem ido às salas de cinema no ano passado?

Tudo o que me apetece dizer acerca de Santa Comba Dão

Declaro por minha honra que nunca me passará pela cabeça ir perturbar a paz de uma qualquer localidade cujo autarca, comunista ou não, pretenda construir um Museu Álvaro Cunhal (ou um Museu Fidel Castro, possivelmente instalado em Cuba). O máximo de reacção negativa que poderei ter é não pagar bilhete para o ir visitar.

Sunday, March 04, 2007

Um raio de "Sol"

O seu a seu dono. Ainda tenho de comer muitos pratos de "corn flakes" para chegar aos calcanhares do superlativo absurdista chamado José António Saraiva. A última crónica do criador do saco de plástico na "Tabu" ultrapassou uma fasquia já muito alta desde o "gag" do homem que oferece casacos de pele (mas pede "qualquer coisa" para o IVA) nas estações de serviço. Duvido que consiga esquecer nos próximos tempos a imagem da jovem modelo a desfilar de cuecas e "soutien" no gabinete da Rua Duque de Palmela para que Saraiva avaliasse até que ponto o facto de parte de uma das nádegas ter sido devorada por um cão constituía um entrave para a sua contratação.

Assim se vê a força de uma agremiação cuja sigla rima com PC

Ainda não vi o lance do qual resultou a expulsão de Liedson, com o eminente árbitro Paulo Costa - entre os maiores caçadores de leões aquele que nunca mereceu um documentário do National Geographic - a deixar o meu clube com menos um jogador aos 20 minutos do União de Leiria-Sporting. Mas parece-me exagerada a previsão de que o avançado brasileiro irá receber dois jogos de suspensão, falhando a visita ao Estádio do Dragão. Até porque para o clube que vai em segundo lugar no campeonato até viria a calhar que Helton fosse buscar a bola ao fundo da baliza daqui a duas jornadas.

Friday, March 02, 2007

Com um abraço para o Henrique Raposo




Duas imagens valem mais de duas mil palavras.

Convém comprar bilhetes antes que esgote


Ouçam todos os descrentes: as próximas super-estrelas da música "pop" que a incansável Casa Blanca Produção de Espectáculos vai trazer ao Pavilhão Atlântico são Janis Joplin, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Freddie Mercury e Elvis Presley. Buddy Holly está mais tremido, mas nas próximas semanas haverá novidades.

The Doors of Perception


Não desgostei da curta declaração de Paulo Portas, na qual logrei encontrar algumas das mudanças estruturais na leitura da sociedade de que a direita portuguesa precisa como de "sushi" para a boca (mas admito que o conteúdo seja vago ao ponto de outras mentes nada encontrarem de remotamente parecido). Mas se o plano era esquivar-se a responder às perguntas dos jornalistas convocados para o Centro Cultural de Belém não seria melhor poupar tempo e gasolina (até para evitar o aquecimento global...) e combinar a hora a que o vídeo apareceria no You Tube?

O melhor do mundo são as crianças

Antes de zarpar com a Diana e com o João de regresso à Rua de Santa Marta a Carolina ajoelhou-se, pegou na casinha de brincar que a minha mãe comprara horas antes e, com a voz carregada de meiguice, prometeu à gata Mezzo que no dia seguinte iriam brincar as duas.

Imaginem o segmento "News on the March" do "Citizen Kane" e leiam a seguinte frase

Um dia, como acontece a todos os homens, a gripe chegou a Leonardo Ralha.

Thursday, March 01, 2007

Homenagem a um senhor das balizas

Lembro-me como se tivesse sido hoje. Estou sentado no chão alcatifado da sala da casa da minha mãe, devorando no pequeno ecrã a preto e branco da televisão da minha infância e início de juventude mais um "derby" lisboeta. A certo momento um avançado sportinguista (Manuel Fernandes?) é atingido pelo guarda-redes Manuel Bento e cai estatelado na relva. Bento é expulso e a minha equipa marca golo. Ainda era demasiado jovem e impiedoso para sentir um grama de compaixão pela desdita do valoroso adversário. Mas felizmente cresci. E é com tristeza que o Papagaio Morto assinala a morte prematura de Manuel Bento, símbolo de um futebol pré-SADico que na véspera da sua derradeira partida ainda se deslocou à gala do seu clube, aquele que fica do outro lado da Segunda Circular. Gosto de acreditar que o rival Vítor Damas lhe mostrará os cantos à casa.

Um brinde para os anti-americanos primários


Ora vejam lá qual era a imperialista artéria lisboeta que ainda não oprimia ninguém nesta vista aérea da Avenida Almirante Gago Coutinho datada do início dos anos 50...

Papagaio Morto: perto de um ano a publicitar conversas privadas

Duas funcionárias da instituição na qual me encontro presentemente a ter aulas estavam a conversar perto da máquina do café. Perdido nos meus pensamentos, ignorei tudo o que disseram à parte isto:

- Deixa lá. Amanhã já é sexta-feira...

Para quando uma série dedicada a estes salpicos de sabedoria popular na renovada RTP? Vivemos - e contra mim falo - no país "amanhã já é sexta-feira".

Os talibãs, esses heróis desconhecidos

"(...) O trabalho da NATO está a ser um desastre, porque a nossa simpatia instintiva vai logo toda para os talibãs, e não para os que por lá [pelo Afeganistão] passam por representantes da democracia ocidental. Os talibãs, quando estiveram no poder, eram umas criaturas sinistras. Agora são os nossos heróis."
Clara Pinto Correia, na edição de hoje do "24 Horas"

Garanto que este texto saiu mesmo. Mas reconheço duas atenuantes: entre os talibãs e Clara Pinto Correia, a minha "simpatia instintiva" também é bem capaz de direccionar-se toda para os primeiros; e é possível que, mais uma vez, tamanha alegria quanto ao atentado que esteve prestes a matar o vice-presidente norte-americano Dick Cheney não tenha saído dos dedos da colunista do "24 Horas" e seja apenas uma passagem de um texto alheio que ela retirou da internet para se "inspirar"...

Direita ao assunto

A minha dúvida da noite: será que Paulo Portas tem em si a coragem necessária para propor uma reorientação do CDS/PP para a defesa da liberdade individual tão interessante quanto a que resultaria da subida de António Pires de Lima à liderança?

À atenção da gerência da RTP-África

E lá voltei a contribuir com mais uns euros para a OPA da família Azevedo sobre a Portugal Telecom, enviando via SMS sucessivos "updates" do Sporting-Académica para a Serra Leoa. Desta vez não havia transmissão directa no canal desportivo sul-africano que obriga o meu amigo Rui Flores a regulares e difíceis negociações com o gerente de um hotel de Freetown. Sportinguista sofredor, o Rui teve a boa notícia de que o contingente das Nações Unidas no ex-apocalíptico país africano que o acolheu acaba de sofrer uma alteração: já havia um subsecretário-geral imune à paixão clubística, um conselheiro político sportinguista e um polícia portista, juntando-se-lhes agora um novo agente da autoridade benfiquista. Parece-me claro e evidente que passou a existir quórum para a edição serra-leonesa do "Trio de Ataque".

Bonito, bonito, só o dourado apito

Louvo a coerência da equipa de futebol do meu clube. Habituados a dar 45 minutos de avanço aos adversários nos jogos disputados em casa, os pupilos de Paulo Bento arrependeram-se de ter aniquilado os simpáticos visitantes de Coimbra e fizeram tudo o que era humanamente possível para os compensar na segunda parte.
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