Friday, September 29, 2006

Os amigos são para as ocasiões

O meu melhor amigo deixou de ser assessor do primeiro-ministro de Timor-Leste e foi trabalhar para a entidade a que costumo chamar Sociedade das Nações (r). Não na sede de Nova Iorque, mas sim na sempre animada Serra Leoa. Nos dias antes da partida perguntei-lhe repetidamente se já tinha feito "workshops" dedicados à abertura de valas comuns - a actividade em que essa organização é imbatível - e ele mostrou ter sentido de humor suficiente para não ficar tremendamente ofendido. De qualquer forma há duas boas notícias: é provável que ele fique mais seguro do que em Díli e a partir de agora tenho casa à disposição sempre que resolver passar férias em Freetown.

Um estranho numa terra estranha

Questões sindicais levaram-me a demandar, pela primeira vez em muitos meses, a região da Baixa-Chiado logo pela manhã. Felizmente ainda era muito cedo e não havia nenhum engolidor de fogo ou malabarista a ornamentar a calçada. Encarei tal ausência como mais uma prova da existência de Deus.

In Shyamalan I trust

Não há críticas arrasadoras que consigam abalar a minha convicção de que mais uma vez sairei encantado de um filme de M. Night Shyamalan. Trata-se de uma questão de fé, que é justamente a permanente temática das obras do autor de "Lady in the Water".

Thursday, September 28, 2006

A esperança é a última a morrer

As inequívocas críticas da chanceler Angela Merkel à vergonhosa censura da ópera "Idomeneo" constituem uma rara lufada de ar fresco num Continente que de Velho ameaça passar a Esclerosado. Caso Sarkozy consiga derrotar a multidão de iluminados adeptos do apaziguamento a todo o custo pode ser que exista a proverbial luz ao fundo do túnel. Mas convém não elevar tão alto as expectativas quando está em causa o eleitorado francês.

O lado positivo da insuportável cobardia ocidental

Depois do episódio da censura à ópera de Mozart já acredito em tudo. Até tenho uma ténue esperança de que venha a ser alegado que as telenovelas "Morangos com Açúcar" e "Floribella" ofendem profundamente os muçulmanos, o que acarretaria decerto a sua imediata exclusão das grelhas de programas da TVI e da SIC.

Wednesday, September 27, 2006

O empate que veio do frio

Não sei o que mais me agradou no Spartak Moscovo-Sporting: o belo golo do Nani a garantir um ponto para as contas que já pareceram bastante mais impossíveis ou o facto de o Miguel Garcia ter ficado no balneário ao intervalo, podendo eventualmente agradecer a devoção da improvável fã siberiana que, a acreditar na imprensa desportiva de hoje, percorreu milhares de quilómetros só para ver o lateral-direito alentejano jogar.

Força Sporting, vence por mim!

Depois de tudo o que me aconteceu nos últimos dias acredito que mereço, no mínimo dos mínimos, que Liedson marque três golos em Moscovo. E na baliza certa, se não for pedir demasiado.

Securitarismo de trazer por casa

Depois de casa roubada, trancas à porta. Já consciente de que um código postal agradável não é garantia de ausência de meliantes acabo de investir muitos euros ganhos com o suor dos meus dedos (em boa verdade os dois mindinhos raramente tocam no teclado, pelo que basicamente estão a explorar os restantes) na compra e instalação de estores à prova de assalto, seguindo-se novas fechaduras, mais estores e grades como os próximos diluentes da conta bancária do meu agregado familiar. Nestes momentos sinto-me, tendo sempre em conta as devidas proporções, como os Estados Unidos no dia 12 de Setembro de 2001. Com a agravante de que não tenho meios para lançar um ataque preventivo contra quaisquer receptadores "talibans" que abriguem assaltantes nos seus apartamentos ou armazéns.

Tuesday, September 26, 2006

O quarto poder revisto por Dickens

Aquilo que aconteceu ao Independente e o que está agora a acontecer no "Público" - cuja lista de potenciais dispensados (muitos dos quais fundadores) aumentou de tamanho nas últimas horas - mostra que a crise da imprensa portuguesa está para lavar e durar. É bem verdade que a batalha de sábado permitiu animar os quiosques - mesmo que à custa de uma colecção de DVD e de um volume de sobras do "Sol" que à primeira vista aparenta ser preocupante - mas os efeitos secundários deste confronto podem ainda trazer desgraças a outras redacções. Não só as edições de sábado dos diários arriscam-se a sofrer com a falta de elasticidade do porta-moedas dos leitores como a "Sábado" e a "Visão" talvez venham a ser atingidas. Isto já para não falar na qualidade dos conteúdos...

Quando os cientistas disparam ligeiramente ao lado

Uma empresa de biotecnologia norte-americana prepara-se para criar gatos que não causarão alergias aos seus donos. Confesso que estou impressionado mas sou capaz de jurar que a notícia seria melhor recebida caso os inventivos manipuladores de genes criassem felinos que não sentissem necessidade de marcar território com urina no canto da sala, deanunciar a todos os residentes dos quarteirões mais próximos cada uma das suas cópulas ou de deixar marcas irreparáveis nos sofás.

Monday, September 25, 2006

Será que presenciei um caso de justiça poética?

Num restaurante McDonald's perto de minha casa vejo um senhor com mau aspecto a ver recusada e retida uma nota falsa de 100 euros. Enquanto o homem vocifera dou por mim a fantasiar, como bom preconceituoso, que se trata do homem que me assaltou a casa.

Aviso à navegação

Nos próximos tempos é provável que a produção de "posts" seja afectada pelo facto de um ou mais incompreendidos da nossa sociedade terem assaltado a minha casa, levando computador portátil e muitos objectos meus e da minha "better half" - ou seja, essa bela palavra chamada "nossos" - cujo valor em numerário fica claramente aquém do valor sentimental que para nós tinham. Em honra dos larápios devo admitir que fui terrivelmente descuidado - logo eu, que me tenho por securitário... - e que o senhor, senhora, senhores ou senhoras que me entraram pela casa dentro não eram praticantes da sagrada igreja do vandalismo: levaram o que desejavam levar e nada partiram por pura e simples diversão. Mesmo o facto de terem levado duas sobremesas Longa Vida do frigorífico antes de encetarem a fuga é compreensível: provavelmente teria ou teriam fome e o exercício necessário para saltar de telhado em telhado deve queimar imensas calorias. Dou por mim a ser tão compreensivo que até fico com os olhos marejados ao constatar que os invasores tiveram o descuido de deixar para trás impressões digitais. Mas ninguém pode ser perfeito...

Thursday, September 21, 2006

Ainda bem que sou um incorrigível reaccionário

Caso contrário teria ficado chocado há uns minutos. Só quando coloquei a moeda comemorativa de Salazar no estojo oferecido pelo "Diário de Notícias" é que descobri que a colecção das grandes figuras portuguesas exclui figuras da oposição ao Estado Novo como Álvaro Cunhal e o Humberto Delgado. Embora por lá ande aquele egrégio cavalheiro que pretende conversações de paz com a Al-Qaeda...

Ao contrário do petróleo, as reservas de ironia aparentam ser inesgotáveis

Quais seriam as hipóteses de Lula da Silva vencer as presidenciais brasileiras, à primeira ou mesmo segunda volta, caso o seu eleitorado-tipo prestasse atenção aos noticiários em vez de engolir telenovela atrás de telenovela?

De onde se vê que o Islão radical não é tão mau quanto o pintam

Não é que o presidente iraniano conseguiu dar mostras de extrema civilidade e ponderação ao discursar nas Nações Unidas quando comparado com esse fenómeno do Entroncamento tão amado pelos alterglobalizadores que a Venezuela tem a infelicidade de possuir?

Devo estar a ficar mesmo velho

Vejam lá que ainda sou do tempo em que um diário de referência conseguia que, entre jornalistas, editores e revisores, não aparecesse numa notícia a palavra "prole" em vez da sua congénere "prol".

O melhor antídoto contra o racismo

Estava eu a tomar um necessário café no Aqua Roma quando se desenrolou a seguinte cena na telenovela da minha vida real.
- Vida de branco deve ser tão chata... - desabafou a sorridente empregada do café enquanto culminava a preparação de uma sandes de atum destinada a uma lojista que com ela conversava.
Levantei os olhos das páginas do "Record" e apercebi-me que a "boutade" era dirigida a um executivo engravatado, cliente habitual da casa, que bebia a sempre essencial bica pré-almoço. Ele olhou para a empregada e retorquiu:
- A menina está a ter uma atitude racista para comigo...
Por essa altura começámos os quatro a rir. Eu e o executivo, espécimes da raça humana mais pálidos, a empregada do café e a lojista, espécimes da raça humana mais escuras. Tal como no caso dos célebres "cartoons", fazer humor com idiotices que ameaçam a nossa paz diária é sempre uma excelente receita.

Wednesday, September 20, 2006

No topo da minha agenda

Ir ao Ikea para comprar mobiliário resistente, bonito e fácil de montar. Feita a publicidade pode ser que os senhores suecos me ofertem uma estante Billy free of charge.

Tuesday, September 19, 2006

Onde Leonardo Ralha relata acções subversivas

Aconteceu a meio da manhã mas continuo cheio de orgulho em mim próprio: impedi que um agente da autoridade cometesse um abuso de poder. Dito isto, não fiquem com esperanças excessivamente elevadas. O referido agente não estava a maltratar um incompreendido da sociedade apanhado a assaltar burguesas cuja provecta idade não faz esquecer que na essência tratam-se de agentes do explorador capitalismo imperialista. O meu feito conta-se em poucas linhas: estava há dez minutos a apanhar sol nas costas na esperança de conseguir entregar o impresso do Cartão Lisboa Viva quando me apercebi que um polícia tentava por todos os meios furar a longa fila de pessoas junto ao quiosque da Carris na Praça do Areeiro. Eu era o próximo a ser atendido e percebi que tinha de fazer algo para impedir que o membro da PSP, impassível nos seus óculos escuros e no mastigar de pastilha elástica, entrasse no meu lugar. Assim fiz. Quando a pessoa que estava à minha frente disse "obrigado" à senhora da Carris impeli o meu corpo para a frente e entreguei os documentos necessários para viajar em autocarros sobrelotados. O polícia ficou ligeiramente furioso com o meu atrevimento mas nada disse, preferindo arquitectar um plano de ataque para que a pessoa atrás de mim não tivesse sucesso (não teve, posso acrescentar). Eis o que sucedeu. Fico agora à espera do cartão de sócio honorário do Bloco de Esquerda.

A idade de Cristo ou a idade de Lázaro?

A minha costela protestante não cessa de se maravilhar com a aparente redenção de Mário Jardel. O suposto ex-toxicodependente que, em conluio com o fabuloso e íntegro ex-presidente da Casa do FC Porto no Luxemburgo, prejudicou o meu clube ao enveredar por comportamentos que forçaram a saída de Alvalade parece um homem novo: voltou a marcar golos, tem uma vida afectiva estável e recupera a olhos vistos de um défice de forma física que o tornava mais indicado para lutador de sumo do que para futebolista. Na tarde de domingo Jardel voltou a marcar com a camisa do Beira-Mar, ofereceu a camisola a uma criança que viajara centenas de quilómetros para vê-lo jogar e de seguida foi ter com a namorada que o acompanhou na mudança para Aveiro. No dia seguinte rumou a Lisboa, onde esteve a festejar o 33.º aniversário com os filhos resultantes do falhado casamento com a célebre Karen. O céptico que reside em mim duvida ainda que o avançado brasileiro vá manter-se no bom caminho ao longo do mais bíblico dos seus anos de vida, mas mesmo essa faceta da minha personalidade fica às vezes agradada quando se engana.

Uma excepção na "vox populi"

Eles andam nos fóruns radiofónicos, nos autocarros e nos cafés. São os piedosos compatriotas que condenam às chamas do Inferno Bush, Ratzinger e quem mais defender o Ocidente mas fazem-se de esquecidos sempre que a Al-Qaeda promete que irá degolar todos os infiéis - e não só aqueles que já têm a infelicidade de passar os últimos minutos de vida a incrementar os níveis de audiência das televisões dos países muçulmanos. Tão avassaladora tendência para o permanente exercício da cobardia e apatia disfarçadas de compreensão e multiculturalismo leva-me por vezes a crer que Ossama e Zawahari têm motivos de sobra para acreditar na vitória final. E é por isso que me alegro quando, "out of the blue", uma operadora de caixa do Pingo Doce me diz que "é preciso pôr fim àqueles terroristas muçulmanos" e que "a religião deve ser uma coisa boa mas às vezes acaba por ser tão má". Deixo aqui a promessa de que se algum dia um diligente membro da SOS Racismo ou do ACIME levar a referida senhora a tribunal me disponho a fazer manifestações em prol da sua absolvição. Embora desconfie que ficarei sozinho nessa acção de protesto.

Monday, September 18, 2006

A invasão continua (discretamente mas em força)

Depois de a Carris ter condenado à morte os módulos pré-comprados - aos quais pessoas mais conhecedoras tratavam pelo verdadeiro nome de bilhetes de coroa única - fui obrigado a ceder nos meus princípios e encetar esforços para obter um passe mensal. Ou, como agora se diz, um Cartão Sete Colinas. O processo até estava a correr relativamente bem mas acabei de sofrer um choque ao procurar um photomaton para registar a imagem do meu envelhecido rosto. O único que localizei, já dentro da estação de Metropolitano de Arroios, surpreendeu-me ao procurar estabelecer comunicação através de instruções gravadas em língua castelhana. Sendo este um idioma que me recuso a aprender - persisto no meu plano de aprender catalão para responder nessa língua às demandas geográficas dos turistas "nuestros hermanos"- limitei-me a cruzar os dedos e esperar pelo "flash". Dois minutos depois tinha nas mãos quatro retratos que nem ficaram muito mal, levando-me por instantes a ponderar a hipótese de os restauradores se terem precipitado na manhã em que defenestraram o traidor Miguel de Vasconcelos. Mas não. Continuo a acreditar que fizeram bem e que não é normal que uma empresa pública como o Metropolitano de Lisboa permita a presença nas suas instalações de um equipamento que utiliza uma língua estrangeira para explicar o seu funcionamento aos utilizadores.

Mais um provérbio actualizado para os tempos modernos

Em terra de árbitros quem não vê a mão na bola é rei.

A moral é sempre para os outros

Imagine-se que um candidato de direita perdia as eleições presidenciais por uma margem de 234 mil votos - é muito boletim de voto mesmo que o universo eleitoral atinja 41 milhões - e, depois de ver derrotadas as suas pretensões de diminuir esse fosso nos tribunais, alegando uma sucessão de fraudes que teriam de ser assaz generalizadas para permitir o fabrico de 234 mil e um votos falsos, mantinha a firme intenção de considerar-se o legítimo vencedor. Imagine-se ainda que esse candidato de direita congregava um milhão de apoiantes - também não é assim tão difícil num universo de mais de 20 milhões de pessoas que nele votaram - e fazia-se aclamar presidente, marcando uma surreal cerimónia de posse para dez dias antes daquela em que será empossado o "ilegítimo" opositor.
O que sucederia se um candidato de direita fizesse isto? Em primeiro lugar, seria considerado um alucinado tirano incapaz de aceitar o jogo democrático e empenhado em desestabilizar o seu país e em promover a discórdia. E quanto aos seus apoiantes? Suponho que seriam vistos como a guarda avançada do fascismo, apostada em conquistar na rua o que não haviam conseguido nas urnas.
Ainda bem que no México o vencedor "ilegítimo" é o direitista Calderón e o homem dos protestos é o esquerdista Obrador.

Porque o mundo é feito de mudança...

...a secção de Média do respeitável "Público" é hoje quase inteiramente dedicada à estreia da quarta temporada de Outono da telenovela infanto-juvenil (tendência "tás a ver?") "Morangos com Açúcar" e à estreia absoluta da telenovela com cenas de sexo em cima da mesa "Jura". Mas também é verdade que as edições de segunda-feira são habitualmente marcadas pelo sonambulismo...

Uma nova razão para continuar a respirar

Clara Pinto Correia promete hoje aos leitores do "24 Horas" que até ao final desta semana irá oferecer-lhes "um material de meditação absolutamente original, uma proposta diferente da teoria explicativa para o fenómeno de Apocalipse suspenso em que passámos a existir colectivamente". Ficam avisados os mais distraídos: poderão descobrir de uma vez por todas o que se encontra no final do arco-íris iniciado a 11 de Setembro de 2001. E tendo em conta que a colunista garante algo "absolutamente original" o mais certo é que desta vez nem se trate de traduções de revistas norte-americanas.

Saturday, September 16, 2006

Primeiras impressões da batalha de sábado

O primeiro caderno do "Sol" está muito melhor do que o congénere do "Expresso". Embora ligeiramente esquizofrénico na conjugação de diferentes registos, o "challenger" tem melhores histórias e só não chega ao pleno devido à fraqueza na parte cultural e à obsessão nos temas que supostamente interessam à metade da população de que José António Saraiva confessa ter medo. Estando a "Tabu" a equivaler-se à "Única" - o que está longe de ser uma excelente notícia - e o "Confidencial" próximo da "Economia", pelos lados de Paço de Arcos um dos trunfos para segurar determinados segmentos de leitores é o caderno cultural "Actual", bastante melhorado de há uns meses para cá.
Quer isto dizer que Saraiva & Cia. venceram a guerra? Claro que não. Em primeiro lugar têm contra si o chamariz dos DVD gratuitos a compensar os 80 cêntimos de diferença no preço de capa. E em segundo há que ter em conta que esta primeira edição está "aditivada" com o trabalho de muitas semanas. Apurar qual dos semanários de sábado tem mais qualidade é uma tarefa só possível dentro de algumas semanas. Quando os dois projectos entrarem em velocidade de cruzeiro ver-se-á o que realmente podem (e pretendem) oferecer aos leitores.

Eng.º Pinto de Sousa vai em frente, tens aqui a tua gente

Por uma vez sem exemplo estou solidário com José Sócrates nesta questiúncula das críticas que a sua ilustre companheira lhe fez devido ao seguidismo em relação à padralhada. Sou sportinguista, de direita e (vagamente) protestante enquanto a minha "better half" é benfiquista, de esquerda e (vagamente) católica. As diferenças podem dar sal às relações mas se algum dia, para minha desgraça e desgraça de Portugal, chegar a primeiro-ministro ficarei com permanentes calafrios se aquela que me atura tiver uma coluna de opinião semanal.

Friday, September 15, 2006

Liberté, egalité? On va les tuer

E não é que a Al-Qaeda recebeu nos seus anti-imperialistas braços um grupo radical argelino e deu-lhe imediatamente ordens para atacar os "cruzados" franceses depressa e em força? Espera-se que não seja preciso ficarmos um dia inteiro de boca aberta sem conseguir desligar a televisão para que as autoridades de Paris entendam que ficar de joelhos só facilita trabalho aos degoladores.

Onde é que isto irá parar?

O melhor anúncio nos cadernos de classificados de hoje é o de uma suposta empresa (“Misérias Ilimitadas, Lda.") que “procura indivíduos para desempenhar funções de pedintes pelas ruas da cidade de Lisboa (Zona Baixa/Chiado) entre 21 e 30 de Setembro". Entre os requisitos pedidos aos interessados maiores de 18 anos incluem-se “boa apresentação", “facilidade de comunicação", "ambição e vontade de superação individual" e "disponibilidade imediata", oferecendo-se em troca "plano de formação adequado", "remuneração fixa de 300 euros mais comissões na proporção do empenho do candidato" e "integração em empresa sólida, com bom ambiente, em fase de expansão". Perante isto, peço a todos os santinhos renegados devido à minha fé protestante que o anúncio não passe de uma brincadeira de duvidoso gosto.

Algo de novo à face do "Sol"

Aqui que ninguém nos ouve é inegável que José António Saraiva esteve muito melhor do que era esperado na entrevista ontem transmitida pela RTP. Abstraindo a dolorosa "gaffe" quando exprimiu pena por Pinto Balsemão não ter ido à festa do "Expresso"... isto é, do "Sol", o homem que acredita vir a liderar a imprensa semanal a partir de amanhã somou pontos em quase todas as suas respostas, muito embora tenha sido mais eficaz a desvalorizar o incumbente - sedimentando a ideia de que está a concorrer contra os DVD gratuitos e não contra um jornal propriamente dito e tirando da cartola a metáfora da “droga” das ofertas que culminará em ressaca - do que a promover um "challenger" cuja mistura de conteúdos promete ser desconcertante e não necessariamente no bom sentido da palavra. Ainda melhor esteve quando as perguntas de Judite de Sousa abordavam a sua personalidade. Quem não tenha lido os editoriais e as entrevistas do director do "Sol" ao longo dos últimos anos terá ficado com a impressão de que ele não será tão narcisista quanto o andaram a pintar: em vez de se considerar o melhor analista político nacional preferiu dizer que acertou muito mais vezes do que errou - embora Portugal ainda não se tenha voltado para o mar e não haja novidade quanto à mudança da capital para o Alto Alentejo -; no que toca à sua tantas vezes satirizada ambição de chegar ao Nobel da Literatura esclareceu dispor de “um em milhões de oportunidades ou nem isso” de lá chegar e foi razoavelmente contido na avaliação do trabalho daqueles que de si receberam o testemunho no "porta-aviões" da Impresa. A guerra ainda não começou mas, contra as expectativas, esta primeira batalha foi ganha.

Thursday, September 14, 2006

Quando a Bíblia encontra as notícias de crime

Aconteceu nos arredores de Viseu. Um estudante de 24 anos provocou um acidente de viação, fugiu sem prestar auxílio ao casal que conduzia a carrinha em que embateu - o homem teve morte imediata e a mulher ficou encarcerada - e de seguida enforcou-se numa árvore à beira de uma barragem. Mas a história não acaba aqui: a corda partiu-se e o cadáver do involuntário homicida rolou ribanceira abaixo. Não sou teólogo mas parece-me evidente que a página 8 da edição de hoje do "Correio da Manhã" merecia servir de adenda ao Antigo Testamento.

Terá ruído mais um dos mitos do neoconservadorismo?

Diz-se à boca pequena que a secretária de Estado Condoleezza Rice mantém uma relação com o homólogo canadiano, Peter MacKay. À falta de confirmação oficial desta novidade na vida afectiva da mulher que por lapso chegou a apelidar George W. Bush de seu marido, vejo-me forçado a fazer uma lista das minhas perplexidades perante o eventual enlace. Em primeiro lugar, poderão cair por terra os boatos propagados por certa esquerda norte-americana (alegadamente a mais "gay friendly") acerca da homossexualidade de Condie. Depois fica afastada a ideia de que, tal como Oliveira Salazar e outros estadistas, a responsável pela política externa dos Estados Unidos é uma eterna celibatária que contraiu perpétuo matrimónio com a coisa pública. E por fim passa a haver dúvidas quanto ao seu estatuto de falcão. Quem pernoita com um canadiano está a meio caminho andado de se transformar numa pacifista radical.

Quem trabalha por gosto não se cansa

Ler jornais é, por vezes, saber mais. O "Público" explica hoje que 18 dos 25 árbitros da Liga de Futebol estiveram na mira da investigação do "Apito Dourado". Até aí tudo normal (dentro dos eternamente mutáveis limites da normalidade). Realmente notável é o facto de o ex-bracarense e neoportuense Paulo Costa ser um dos poucos que nunca foram referidos nas escutas. Confirma-se assim o que desde há muito suspeitava: o árbitro que não resiste a sorrir de cada vez que uma das suas decisões prejudica escandalosamente o Sporting limita-se a fazer as suas malfeitorias por aversão à cor verde.

Wednesday, September 13, 2006

Está visto que não ando a valer por dois

Quem me conhece ou comigo convive com alguma regularidade sabe que tenho o hábito de sair de casa acompanhado do guarda-chuva mesmo em dias de céu imaculadamente azul, empunhando-o como se de uma espada de samurai se tratasse. Por isso houve quem tenha ficado surpreendido ao ver-me hoje desprotegido perante a intempérie "light" que se abateu sobre Lisboa. Provavelmente deixei de ser um homem prevenido.

É só fazer as contas

Tenho duas coisas a dizer acerca do jogo de ontem à noite. A primeira é que Tonel, Polga, João Moutinho e Miguel Veloso estiveram tão bem que mereceram por inteiro o golpe de génio e de sorte de Caneira. E a segunda é que não raras vezes é possível passar à segunda fase da Liga dos Campeões com dez pontos. O Sporting tem cinco jogos pela frente e precisa de vencer pelo menos os dois em casa e empatar outro fora. Pode muito bem ser em Munique, pois afastar Luís Figo da corrida a mais um título seria um pecado imperdoável.

Este já está, pode vir o próximo

Acabo de terminar o ritual de envio por correio electrónico de um extenso texto que ao longo de um par de dias (melhor dizendo, um par de noites) confeccionei no teclado em que agora escrevo este “post". Sempre que isto acontece deixo-me invadir por uma sensação de dever cumprido que só fica à porta quando não estou satisfeito com o resultado final do meu permanente esforço e da minha intermitente inspiração. Mas desta vez estou feliz. Gosto do que escrevi e, ao contrário do que sucedeu com o meu artigo jornalístico mais citado de sempre - fiquei a saber que o humilde nome do autor deste blogue até foi mencionado nas páginas do "El País" -, desta vez não participei no velório de uma publicação.

Tuesday, September 12, 2006

Sei muito bem porque fico em casa

Logo à noite verei o Sporting-Inter na televisão. Tenho um artigo para acabar e os preços dos bilhetes para os jogos da Liga dos Campeões fazem-me desejar que o Pentágono e a Casa Branca me pagassem qualquer coisa por tanto defender o imperialismo. Mas garanto a toda a gente que confio em Liedson, Moutinho, Nani e companhia. E deixo a solene promessa de que irei comparecer no Alvalade XXI quando a vitória sobre o Spartak de Moscovo no sexto e último jogo selar a passagem da viscondagem à fase seguinte.

Um Petain à beira-mar plantado

Tive o bom-senso de não assistir ao "Prós e Contras" mas ainda assim o noticiário da Antena 1 forçou-me a tomar conhecimento do âmago da intervenção de Mário Soares no programa em que esgrimiu argumentos com Pacheco Pereira. E pois que o ex-Presidente da República voltou a defender a tese das conversações com a Al-Qaeda, equiparando os mentores dos atentados de há cinco anos a outros dirigentes políticos em tempos considerados terroristas, como os líderes dos movimentos de libertação das ex-províncias ultramarinas portuguesas. Presumo que, estejam onde estiverem, Agostinho Neto e Samora Machel não terão ficado agradados com a comparação. Apesar dos métodos utilizados antes de e durante a Guerra Colonial serem por vezes terroristas - veja-se os arrepiantes massacres perpetrados pela UPA no Norte de Angola -, há que notar que nunca existiu o objectivo de erradicar Portugal ou de converter toda a sua população a uma qualquer crença consentânea com os valores defendidos pelos dirigentes africanos. Estes pretendiam apenas a independência dos seus países e o estabelecimento dentro das suas fronteiras de um regime baseado nas cartilhas que haviam lido.
O que poderá haver a negociar com Ossama ou Zawahari? Um pacto de não-agressão em que todo o Ocidente abstém-se de ter interesses económicos e militares para lá de uma qualquer fronteira estabelecida num tratado rubricado por uma Condoleezza Rice trajada de burka nas montanhas paquistanesas? A garantia de que o estado de Israel será transferido no prazo de seis meses para o Arizona? O fim das ajudas a todos os governos - democráticos ou não - que combatem o fundamentalismo islâmico, com maior ou menor empenho, do Magreb até ao Paquistão? O reconhecimento que, bem vistas as coisas, Maomé é mil vezes mais "cool" do que Jesus Cristo?
Digam o que disserem nas gravações divulgadas a conta-gotas pelas Al-Jazeeras do mundo, suspeito que até os dirigentes da Al-Qaeda terão mais respeito por George W. Bush do que por Mário Soares.

Vivendo e aprendendo

Por vezes fico com muita raiva por não conseguir fazer links neste meu belo iBook. Hoje é um desses dias, restando-me aconselhar os leitores a procurarem o "Diário de Notícias" e irem ler o artigo de opinião de José Manuel Barroso. Numa reacção aos que pretendem matar Gunter Grass com facas de manteiga ele lembra-se da sua própria deriva pelos totalitarismos para mostrar como aquela velha história dos telhados de vidro mantém-se actual.

Monday, September 11, 2006

Isto é como os concursos de salto à vara (mas ao contrário)

A cada mexida a fasquia desce. Por vezes um mísero centímetro, como nos tempos em que o Bubka cobrava "cachets" milionários para fazer evoluir o recorde mundial a passo de caracol. Mas também há verdadeiras derrocadas. Nas próximas semanas iremos ver todos qual destes caminhos será trilhado. Resta a certeza de que the only way is down, baby, if you believe it...

Ontem era o abismo, hoje é o passo em frente

Respeito muito o trabalho de todos os camaradas de profissão mas desafio os principais cientistas nacionais a examinarem em laboratório a nova revista que o diário desportivo "O Jogo" lançou no domingo. A revista "J" pode muito bem agradar aos leitores a que se destina mas na minha modesta opinião pouco ou nada tem a ver com jornalismo. Como diriam os Da Weasel, está a chegar o momento em que será necessário que "a barraca dê uma grande volta". Mas o pior é que, por este andar, já nem existirá barraca para agitar...

Cinco anos mais tarde

Tinha ido almoçar relativamente cedo a um dos restaurantes da Rua de Arroios e quando regressei à redacção do Independente poucos ali se encontravam. Era terça-feira, dia afastado o suficiente da hora de fecho para caucionar maior vagar nas refeições, e provavelmente aproveitei a calma para ficar uns minutos a pensar nos temas em que deveria apostar para a secção de Economia. Mas então alguém (suponho que a Adriana Vale, mas as pequenas memórias tornaram-se difusas perante o sucedido nas horas seguintes) chamou-me a atenção para o pequeno ecrã. A SIC Notícias mostrava imagens de uma das Torres Gémeas do World Trade Center em chamas. "Terá embatido no edifício uma pequena avioneta”, arriscava o jornalista de serviço. Desconfiei de imediato: mesmo sem nunca ter ido a Nova Iorque sabia que a localização dos aeroportos mais próximos tornava difícil de explicar a presença do tal avião alegadamente acidentado na ilha de Manhattan.
E depois vi o que toda a gente observou e alguns ainda hoje conseguem negar-se a ver. Apesar de não possuir o potencial de destruição dos mísseis nucleares que tanto temia na infância e adolescência passadas nos tempos do "equilíbrio do terror", o embate do segundo avião foi "the end of the world as we know it”. Nada ficaria igual. Perante as dúvidas de algumas pessoas, crédulas ao ponto de acreditar que aquilo poderia ser um "mero" acidente aéreo, tinha a certeza de que acabara de testemunhar o mais inacreditável atentado terrorista de sempre. Recordo-me de ter ficado com receio que a autoria daquele horror fosse de um grupo palestiniano, cuja luta (tantas vezes mal conduzida) pela independência apoio, em contraciclo com as minhas convicções políticas, desde que me lembro. Minutos depois soube que os dedos estavam apontados ao terrorista saudita Ossama Bin Laden, para mim (e para muitos outros) um quase desconhecido. Recebi a informação sem grande alívio e continuei atento à televisão e à internet, procurando entender quantos mais aviões estariam sequestrados e qual seria a verdadeira dimensão do ataque.
Enquanto isso, o telemóvel tocava e tocava e tocava. Tentei acalmar a minha mãe e a minha "better half", incapaz de perceber se os seus primos residentes em Manhattan teriam ou não sido afectados pela queda dos edifícios. Era então óbvio que milhares teriam morrido. Não garanto que tenha feito uso do meu protestantismo "sui generis" para naquelas horas rezar por eles e por aqueles que os perderam. Mas a todas as vítimas - as que viajavam nos aviões sequestrados, as que saltaram para a morte de um 70.º ou 80.º andar, as que ficaram soterradas nos escombros ou foram quase pulverizadas pela violência da derrocada - faço desde há cinco anos uma permanente homenagem. Não me esqueço de que morreram e não me esqueço de como morreram.

Friday, September 08, 2006

Um caso de apito avermelhado

Face à publicação das escutas telefónicas nas quais é interveniente esse paradigma de seriedade que responde pelo nome de Luís Filipe Vieira permito-me ficar triste por este país não estar geminado com a Itália. Nesse caso o meu clube obteria, pelo menos, mais um punhado de títulos de campeão e veria os rivais históricos medir forças com o Moreirense e Pinhalnovense na II Divisão B.

Novas perspectivas de carreira

O gerente do mais rápido e bem organizado restaurante nas redondezas da Almirante Reis pergunta-me se já encontrei trabalho e, depois de ouvir a negativa, aconselha-me a procurar emprego no Sporting. Concordo em absoluto: até sugiro que eu e o Fábio Paim sejamos os reforços de Inverno da equipa de Paulo Bento. Eu passo-lhe a bola e o bom do Fábio corre, finta e remata para golo. Parece-me uma alquimia perfeita mas duvido que haja equipamentos adequados ao volume da minha barriga na Academia de Alcochete. A não ser que ainda lá tenham os calções e as camisas do saudoso Rochemback.

Instantâneos de um lisboeta

Na linha azul do Metropolitano vejo como um homem de aspecto aparentemente normal simula entabular uma conversa aproximando um isqueiro cor-de-laranja do ouvido. Demoro alguns segundos a sentenciar que o fulano perdeu o juízo. Nunca se sabe o que a Nokia anda por aí a fazer...

Thursday, September 07, 2006

A livre iniciativa e os problemas de estacionamento

Pelo segundo dia consecutivo observo, com o desconforto da cabeça mal voltada e com o desconforto da alma mal entendendo, como o proprietário de um belíssimo Audi A3 TDi o deixou estacionado por cima de um respiradouro do Metropolitano de Lisboa situado na esquina da Avenida Almirante Reis com a Rua Marques da Silva. Não posso deixar de reparar que as grades que amparam o bólide de fabrico alemão de uma queda no abismo do tunel de ar estão cada vez mais vergadas e prometem um acidente de consequências imprevisíveis. Resta a compensação de que, ao ultrapassar deste arriscado modo os problemas de estacionamento nesta zona de Lisboa, o proprietário do Audi limita-se a fazer uso da livre iniciativa. Se calhar há uma metáfora perdida algures neste "post"...

Três pontos para Barcelos

O Gil Vicente é bem capaz de sair implodido do caso Mateus mas o seu presidente já conta com uma vitória. Bastou a António Fiúza mencionar o projecto de colocar um processo judicial a Eduardo Prado Coelho para que o colunista do "Público" metesse a semiótica entre as pernas. Leia-se o parágrafo final de "O Fio do Horizonte" de hoje: "Reconheço que no texto sobre António Fiúza o uso da palavra 'mentecapto' é abusivo e desnecessariamente insultuoso. Peço desculpa por este gesto excessivo e afirmo que não o pretendia ofender pessoalmente no seu bom nome. Foi apenas um arrebatamento de retórica polémica da minha parte. Lamento." Lamentam também os leitores, visto que após tão funesta experiência é improvável que os "arrebatamentos de retórica polémica" de Eduardo Prado Coelho - talvez o único ser humano que classifica alguém de mentecapto sem o pretender ofender pessoalmente - consigam intrometer-se por entre a permanente hagiografia de amigos, conhecidos e congéneres...

Wednesday, September 06, 2006

Uma constatação reconfortante

Terminada que está a missão de arrumar as minhas gavetas reparo que não encontrei um único polegar humano.

Chegou a altura de repensar conceitos

O segredo é a alma do negócio, o negócio é o segredo da alma e ou a alma é o negócio do segredo?

Tristezas não pagam dívidas nem garantem indemnizações

O Papagaio Morto apurou que a colecção de moedas com que o "Diário de Notícias" pretende homenagear as grande figuras portuguesas está em risco. Sucede que a moeda comemorativa de José Saramago planeia sanear "perigosos fascistas e sabotadores económicos" como Salazar, Sá Carneiro, Mário Soares ou mesmo D. João II. Melhor sorte teve Amália Rodrigues, cuja moeda chegou hoje às bancas, ainda antes de a congénere de José Saramago conseguir cunhar moedas de tipógrafos suficientes para levar de vencida o que se adivinha vir a ser um plenário explosivo.

Tuesday, September 05, 2006

It’s a good day for singing a song and it’s a good day for moving along

É muito provável que este seja o último "post" que escrevo neste teclado. Não sei o que pense disso. Mas pelo menos fico durante alguns instantes um pouco mais longe da tempestade. Pena é que já nem tenha dentro de mim aquela nostalgia que me levaria a cantarolar “this used to be my playground”...

Monday, September 04, 2006

E agora um tempo de antena de Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora José?
e agora, você?

Reflexão destinada a arruinar o apetite

Sempre que como uma refeição de micro-ondas que envolve embalagens destinadas a inserir no forno não posso deixar de lembrar-me de “A Mosca" de Cronenberg. Da mesma forma que a personagem de Jeff Goldblum e o pequeno insecto se fundiram, quem me garante que os medalhões de frango que de seguida irei comer não se encontram agora comungados com o plástico que os revestia?

Saturday, September 02, 2006

É o que dá ouvir conversas alheias

Percorria uma pacata rua situada nas traseiras da Avenida de Roma quando me cruzei com um grupo de cinquentões. Nos poucos segundos que demorei a manobrar o corpo (e os sacos que carregava nas mãos) de modo a não os abalroar, não pude evitar ouvir o seguinte fragmento de conversa:

— É de 1972. Deve ter 34 anos... — disse uma senhora com semblante de professora primária à beira da reforma.
— Mas está muito bem conservado — notou um dos cavalheiros que a acompanhavam.

Por um instante pensei que aqueles estranhos se referiam à minha pessoa. Mas segui caminho. Tal não podia ser por três simples motivos: eles não me conheciam, ainda não tenho 34 anos apesar de ter nascido em 1972 e, “last but the not least”, não estou assim tão bem conservado.

Friday, September 01, 2006

Mudam-se os tempos e a tradição mantém-se

Décadas depois do “cantinho de Morais”, Nani acaba de marcar golo de canto directo. Os dois futebolistas têm o Sporting em comum. É bom saber que certas coisas importantes nunca desaparecem.

Há dias em que é melhor não sair da cama

Ontem não só fiquei sem emprego como as autoridades norueguesas descobriram onde tinha guardado “O Grito” de Munch.

A princípio é simples, anda-se na rua devagarinho

Nada melhor do que um dia 1 para iniciar uma mudança de rumo.
d